Por Mário Augusto Jakobskind
“O Presidente Barak Obama, em seu discurso nas Nações Unidas demonstrou forte dose de hipocrisia. Ameaçou o Irã, como já fez outras vezes, possivelmente pressionado pelo lobby sionista, que pesa nos votos da eleição de novembro. Os belicistas do setor preferem o candidato republicano, porque Mitt Romney ameaça muito mais.
O premier Benyamin Netanyahu não fez por menos em termos de ameaças de bombardear o Irã. Apareceu, de forma ridícula e arrogante, com um gráfico ditando regras ao Irã e à comunidade internacional. Netanyahu silencia quando questionado sobre o poder nuclear de Israel.
Noam Chomsky, que não pode ser acusado de antissemita, como geralmente faz a direita israelense a quem critica a agressividade sionista, até porque é filho de rabino, alertou que Israel representa um perigo na região e não o Irã. O linguista explicou que os governantes de Teerã não são insanos e não vão querer atacar porque sabem que a retaliação por parte dos Estados Unidos seria em grande escala. Mas Netanyahu, diariamente, faz ameaças e, por ser insano, representa um perigo à paz mundial.
Outra indicação de cinismo de Barak Obama tem sido a menção aos acontecimentos na Síria. Ao mesmo tempo em que pede o fim do regime autoritário de Hafez Assad, o governo estadunidense apoia as forças insurgentes, onde se encontram salafistas em conluio com integrantes da Al Qaeda, procedentes de países como, Turquia, Líbia e emirados árabes do Golfo. Trata-se de estranha aliança que, no fundo, reforça a tese segundo a qual os atentados de 11 de setembro de 2011 tiveram o respaldo de setores da inteligência norte-americana.
Republicanos e democratas proclamam-se defensores dos direitos humanos em várias partes do planeta, em outra demonstração de cinismo e hipocrisia. O silêncio em relação às constantes violações dos direitos humanos cometidas pela monarquia da família Saud, os proprietários da Arábia Saudita, por exemplo, é prova concreta de que o objetivo da campanha promovida pelos EUA e outros governos ocidentais é apenas retórico e voltado para enganar a opinião pública, já anestesiada pelo esquema de manipulação da informação.
Notícias procedentes da capital Riad dão conta de que, recentemente, dezenas de manifestantes saíram às ruas para exigir a libertação de presos políticos, a maioria deles sem acusações formais, apenas pelo fato de não simpatizarem com a família elevada à proprietária pelo Ocidente quando mudaram a forma de dominação, optando por colocar no poder quem não oferecesse resistência à dominação das então sete irmãs petrolíferas, hoje um total de seis.
Pois bem, a polícia saudita, violenta por natureza, prende os manifestantes e os submete a torturas, segundo denúncias de fontes independentes. Mas a monarquia saudita, como é aliadíssima dos Estados Unidos, não é denunciada pelos que se dizem defensores dos direitos humanos.
Os opositores da monarquia denunciam a existência na Arábia Saudita de 30 mil presos políticos. Os manifestantes pedem a libertação de todos eles, a liberdade de expressão e de reunião, além do fim da discriminação generalizada contra os muçulmanos xiitas.
Os protestos se intensificaram a partir de novembro do ano passado, quando as forças repressivas da família Saud mataram cinco manifestantes. Recentemente, dois manifestantes foram assassinados pelas forças de segurança saudita. Um deles foi um adolescente de 16 anos. Os agentes policiais queriam prender o ativista xiita Khalde al Labbad, que, segundo informações, também foi assassinado na manifestação realizada em Qatif, na Província Oriental da Arábia Saudita.
Labbad estava incluído na lista de 23 pessoas mais procuradas pela família Saud, sob a acusação de organizar protestos contra o regime.
Mas o que mais impressiona é, realmente, o silêncio da mídia de mercado e do governo dos Estados Unidos, tão sequiosos quando se trata de denunciar violações dos direitos humanos em países que não rezam pela cartilha do Departamento de Estado norte-americano.
O regime saudita, além das violências internas, apoia e financia as forças de oposição ao regime de Hafez Assad. E também, cinicamente, da mesma forma que a monarquia de Catar, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França aparecem como defensores de valores democráticos no país conflagrado, em que vários balanços indicam total de 30 mil pessoas mortas em confrontos desde o ano passado.
Quando se fala sobre a matança na Síria, de um modo geral os meios de comunicação do Ocidente atribuem a culpa apenas ao governo Assad, quando o outro lado, as forças opositoras, também são responsáveis pelo banho de sangue.
Nesse sentido, a Presidenta Dilma Rousseff foi positiva em seu discurso nas Nações Unidas, ao reafirmar que a saída militar não é solução para a crise na Síria e só através de negociações é que se poderá chegar ao fim do estado de beligerância.
Na verdade, a negociação pregada por Dilma Rousseff fica cada vez mais difícil quando os apoiadores externos dos opositores de Hafez Assad não dão nenhum passo concreto no sentido de terminar com o envio de armamentos e apoio financeiro aos opositores do regime. A ideia de negociação continua na ordem do dia, até porque, antes tarde do que nunca se tentar.
O tempo vai passando e as perspectivas seguem sombrias. Alguns analistas já estão prevendo o prolongamento da guerra civil, desembocando numa luta sectária chegando à barbárie. Acusar apenas um dos lados é, realmente, demonstrar desinteresse em acabar com o banho de sangue.
Se o pós-Assad for como almejam os apoiadores externos das forças opositoras, dificilmente haverá paz na Síria. Pode ser até que o objetivo dos apoiadores seja mesmo esse.”
FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, correspondente no Brasil do semanário uruguaio “Brecha”. Foi colaborador do “Pasquim”, repórter da “Folha de São Paulo” e editor internacional da “Tribuna da Imprensa”. Integra o Conselho Editorial do seminário “Brasil de Fato”. É autor, entre outros livros, de “América que não está na mídia”, “Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/uma-familia-a-servico-do-ocidente).
“O Presidente Barak Obama, em seu discurso nas Nações Unidas demonstrou forte dose de hipocrisia. Ameaçou o Irã, como já fez outras vezes, possivelmente pressionado pelo lobby sionista, que pesa nos votos da eleição de novembro. Os belicistas do setor preferem o candidato republicano, porque Mitt Romney ameaça muito mais.
O premier Benyamin Netanyahu não fez por menos em termos de ameaças de bombardear o Irã. Apareceu, de forma ridícula e arrogante, com um gráfico ditando regras ao Irã e à comunidade internacional. Netanyahu silencia quando questionado sobre o poder nuclear de Israel.
Noam Chomsky, que não pode ser acusado de antissemita, como geralmente faz a direita israelense a quem critica a agressividade sionista, até porque é filho de rabino, alertou que Israel representa um perigo na região e não o Irã. O linguista explicou que os governantes de Teerã não são insanos e não vão querer atacar porque sabem que a retaliação por parte dos Estados Unidos seria em grande escala. Mas Netanyahu, diariamente, faz ameaças e, por ser insano, representa um perigo à paz mundial.
Outra indicação de cinismo de Barak Obama tem sido a menção aos acontecimentos na Síria. Ao mesmo tempo em que pede o fim do regime autoritário de Hafez Assad, o governo estadunidense apoia as forças insurgentes, onde se encontram salafistas em conluio com integrantes da Al Qaeda, procedentes de países como, Turquia, Líbia e emirados árabes do Golfo. Trata-se de estranha aliança que, no fundo, reforça a tese segundo a qual os atentados de 11 de setembro de 2011 tiveram o respaldo de setores da inteligência norte-americana.
Republicanos e democratas proclamam-se defensores dos direitos humanos em várias partes do planeta, em outra demonstração de cinismo e hipocrisia. O silêncio em relação às constantes violações dos direitos humanos cometidas pela monarquia da família Saud, os proprietários da Arábia Saudita, por exemplo, é prova concreta de que o objetivo da campanha promovida pelos EUA e outros governos ocidentais é apenas retórico e voltado para enganar a opinião pública, já anestesiada pelo esquema de manipulação da informação.
Notícias procedentes da capital Riad dão conta de que, recentemente, dezenas de manifestantes saíram às ruas para exigir a libertação de presos políticos, a maioria deles sem acusações formais, apenas pelo fato de não simpatizarem com a família elevada à proprietária pelo Ocidente quando mudaram a forma de dominação, optando por colocar no poder quem não oferecesse resistência à dominação das então sete irmãs petrolíferas, hoje um total de seis.
Pois bem, a polícia saudita, violenta por natureza, prende os manifestantes e os submete a torturas, segundo denúncias de fontes independentes. Mas a monarquia saudita, como é aliadíssima dos Estados Unidos, não é denunciada pelos que se dizem defensores dos direitos humanos.
Os opositores da monarquia denunciam a existência na Arábia Saudita de 30 mil presos políticos. Os manifestantes pedem a libertação de todos eles, a liberdade de expressão e de reunião, além do fim da discriminação generalizada contra os muçulmanos xiitas.
Os protestos se intensificaram a partir de novembro do ano passado, quando as forças repressivas da família Saud mataram cinco manifestantes. Recentemente, dois manifestantes foram assassinados pelas forças de segurança saudita. Um deles foi um adolescente de 16 anos. Os agentes policiais queriam prender o ativista xiita Khalde al Labbad, que, segundo informações, também foi assassinado na manifestação realizada em Qatif, na Província Oriental da Arábia Saudita.
Labbad estava incluído na lista de 23 pessoas mais procuradas pela família Saud, sob a acusação de organizar protestos contra o regime.
Mas o que mais impressiona é, realmente, o silêncio da mídia de mercado e do governo dos Estados Unidos, tão sequiosos quando se trata de denunciar violações dos direitos humanos em países que não rezam pela cartilha do Departamento de Estado norte-americano.
O regime saudita, além das violências internas, apoia e financia as forças de oposição ao regime de Hafez Assad. E também, cinicamente, da mesma forma que a monarquia de Catar, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França aparecem como defensores de valores democráticos no país conflagrado, em que vários balanços indicam total de 30 mil pessoas mortas em confrontos desde o ano passado.
Quando se fala sobre a matança na Síria, de um modo geral os meios de comunicação do Ocidente atribuem a culpa apenas ao governo Assad, quando o outro lado, as forças opositoras, também são responsáveis pelo banho de sangue.
Nesse sentido, a Presidenta Dilma Rousseff foi positiva em seu discurso nas Nações Unidas, ao reafirmar que a saída militar não é solução para a crise na Síria e só através de negociações é que se poderá chegar ao fim do estado de beligerância.
Na verdade, a negociação pregada por Dilma Rousseff fica cada vez mais difícil quando os apoiadores externos dos opositores de Hafez Assad não dão nenhum passo concreto no sentido de terminar com o envio de armamentos e apoio financeiro aos opositores do regime. A ideia de negociação continua na ordem do dia, até porque, antes tarde do que nunca se tentar.
O tempo vai passando e as perspectivas seguem sombrias. Alguns analistas já estão prevendo o prolongamento da guerra civil, desembocando numa luta sectária chegando à barbárie. Acusar apenas um dos lados é, realmente, demonstrar desinteresse em acabar com o banho de sangue.
Se o pós-Assad for como almejam os apoiadores externos das forças opositoras, dificilmente haverá paz na Síria. Pode ser até que o objetivo dos apoiadores seja mesmo esse.”
FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, correspondente no Brasil do semanário uruguaio “Brecha”. Foi colaborador do “Pasquim”, repórter da “Folha de São Paulo” e editor internacional da “Tribuna da Imprensa”. Integra o Conselho Editorial do seminário “Brasil de Fato”. É autor, entre outros livros, de “América que não está na mídia”, “Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/uma-familia-a-servico-do-ocidente).
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