domingo, 15 de junho de 2014

OS MALUCOS DA COPA




A Copa e seus malucos.

Do portal Terra Magazine (por "Zagueiro")



"Estimados leitores, é aquilo. Malucos têm essa capacidade de ver e ouvir coisas. Os atuais malucos acham que vão reverter a realidade [isto é, voltar com Aécio aos saudosos (para eles), anos FHC/PSDB-DEM, maravilhosos para "o mercado" estrangeiro] na base da pancadaria, e assim, não vai ter o que já está tendo.



Os atuais delirantes resolveram que a Copa é a fonte de todo o mal, e seguem berrando enquanto as caravanas passam. É do jeito deles, e a gente tem que entender, mesmo que não tenha absolutamente que aguentar. Quem quer se manifestar verbalmente contra o que for, pode, óbvio. Quem quer botar pra quebrar, não pode.

Eles acham, porque deliram, que 2013 continua. Não continua, e mesmo 2013 durou umas poucas semanas, enquanto eles se confundiam com as pessoas normais, que estavam ali protestando contra a violência da polícia, contra os gastos absurdos, contra a falta de responsabilidade dos políticos e elites em geral. Ah, e os transportes.


Logo, logo, eles acharam que ali começava a revolução, e ali acabou a aliança entre o mundo e eles, porque eles continuaram a na sua agenda delirante, enquanto os demais se recusaram a legitimar o delírio.

E assim chegamos a 2014.

Uma insatisfação geral "contra tudo isso que está aí", um "governo que entregou menos do que deveria" [acham que com Aécio vão entregar mais ao "mercado" estrangeiro como fez FHC/PSDB?], e que também é responsabilizado por "uma economia em resfriamento", uma narrativa inexata, mas na qual a Copa se transforma no exu caveira, tornou essa primeira parte do ano em algo tão mal humorado quando uma convenção do PSTU.

Mas, caros "black blocs", uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

No dia 12, São Paulo, por exemplo, acordou completamente apaixonada pela Copa. Por onde se fosse, era um mar de pessoas de camisa da Seleção e bandeira brasileira andando por aí, se divertindo com os croatas e seus hinos incompreensíveis. Vi gente ajudando os estrangeiros por toda a parte, e um clima de camaradagem que eu imagino que seja exatamente o lado bom de uma Copa do Mundo. Andei pela cidade para ver, para absorver essa atmosfera, e, caros leitores, foi ótimo.

Zagueiro sem futebol é um ser tão sem sentido quando um Maluf privado do seu esporte predileto. E assim, ver abrir ontem o maior evento do planeta aqui mesmo, aqui ao ladinho, em Itaquera, foi uma forte emoção. Os trens funcionaram, as pessoas foram e voltaram, o estádio ficou uma beleza, mesmo que muitas coisas tenham provavelmente ficado longe do que seria o desejado. No macro, parece que tudo funcionou a contento.


Mas, e isso é trágico, lá no estádio, "os bacanas" viraram "black blocs".

Uma vaia para a presidente do país até pode ficar dentro da tradição brasileira de iconoclastia. Governante brasileiro toma vaia, e essa é uma parte da descrição do emprego.

Mas, caros leitores, esse zagueiro que vos atormenta ficou profundamente envergonhado com as ofensas dirigidas a uma mulher que estava ali por dever do emprego e que, pessoalmente ou no cargo, nunca se comportou de maneira indigna, ao contrário.



[Flagrante da Tribuna VIP do Itaquerão: burguesia paulista mandando a Presidente "tomar no ..."]


Aquela gente ali, pimpona, de camiseta autêntica e ingresso comprado a peso de ouro se comportou de maneira desprezível. Como cidadão, me senti humilhado, a indignação tomando conta à medida em que você se dava conta de quem ofendia eram os que mais se beneficiaram dos últimos anos e das benesses do sistema. Um bando de playboys [da tribuna VIP, muitos já maduros e até políticos e artistas globais] tratando uma governante de forma tão abusiva é simplesmente o lado inverso da mesma barbárie "black bloc", e nos ofende a todos.

Podemos protestar, temos o direito de manifestar o que pensamos. Ofender é a arma dos arrogantes e dos covardes, e ela foi utilizada com desprezo pelo mínimo respeito que a democracia nos impõe a todos. "Black blocs" são assim. Para eles, não há o que respeitar.

Foi um mau momento, assim como foi estúpido por parte da FIFA, Globo, quem seja, ter reduzido a nada um momento que era transformador.

O cientista Miguel Nicolelis tinha preparado a cena em que uma tecnologia brasileira faria um paraplégico dar um pontapé inicial, comandando com o cérebro uma roupa especial, e promovendo assim uma transformação radical e para melhor no mundo inteiro. Se paraplégicos puderem andar, o que mais poderão fazer?

Pois esse momento sublime foi sabotado por quem não dá bola para nada que não sejam verbas publicitárias. Outra vergonha, e diante do nosso nariz, e ela sim, merecedora de protestos.

Eu estava neutro em relação à Copa, e desde ontem sou um convertido à causa. Da mesma forma, estava neutro em relação à eleição, observando, mais do que sentindo. Desde ontem, isso mudou, e quero, mais do que tudo, mostrar a esses péssimos seres humanos que eles erraram, e erraram em cheio. A presidente não merecia, nós não merecíamos, e agora é partida de campeonato gaúcho da décima terceira divisão. Me aguardem.

No resto, o Brasil jogou, as pessoas curtiram intensamente o momento, vencemos, com alguma ajuda do nosso estimado árbitro, e vamos em frente, aprendendo onde estamos, pelo que vai acontecer durante esses próximos 30 dias.

Copa é aprendizado, me parece. Já fomos muito mal em algumas disciplinas, e vamos ver como nos comportamos diante dos muitos desafios que vêm pela frente.

Copa é a gente olhando para a gente, sem desculpas para o que deixamos de fazer, mas com muitos méritos também. Daqui a um mês saberemos mais sobre nós mesmos. Mas desde ontem já sabemos o que precisamos saber sobre os nossos laterais e as nossas "elites" mal-educadas. Pensemos nisso, enquanto a Copa avança.

Fica a dica."


FONTE: do portal Terra Magazine (por "Zagueiro")  (http://terramagazine.terra.com.br/zagueiro/blog/2014/06/13/a-copa-e-seus-malucos/).[Título, imagens e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&políica']

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