Inflação em queda é o pior pesadelo dos tucanos
Por Fernando Brito
"Não é só com o aeroporto que a cúpula da campanha de Aécio Neves está preocupada.
A continuidade da tendência de queda dos índices de inflação, apesar do terrorismo diário dos jornais (a capa de "O Globo", quarta-feira, é um primor), vai eriçando as penas do tucanato.
A queda anunciada na quarta pela Fundação Getúlio Vargas - deflação de 0,61% – é o dobro [negativo] do que os -0,3% previstos pelo “mercado” no último Boletim Focus, uma publicação do Banco Central que se assemelha à cartinha do Santander.
Mais do que a queda, a terceira seguida – assusta o tucanato que tenha continuado a acontecer – o IGP do 2° decêndio, fechado 10 dias antes, tinha registrado queda de 0,51% – e, sobretudo, que siga firme a queda no índice de preços ao consumidor, que caiu à metade em relação ao mês passado.
É um “terror”, porque a continuidade é que gera a percepção pública de que a alta dos preços “sossegou”, o que é seu mais importante termômetro de avaliação da economia, num quadro de desemprego baixo como o que temos.
Semana que vem, o IBGE divulga o IPCA, que deve ficar em torno de 0,15% e só não vai praticamente “zerar” por conta do brutal reajuste das tarifas elétricas, “cortesia” da ANEEL que acredita na “petição de miséria” alardeada pelas geradoras, que choram os lucros que previam com estiagem.
Uma delas, a "Tratecbel", lucrou “apenas” R$ 73 milhões no segundo trimestre porque “guardou” energia para vender na segunda parte do ano, esperando preços mais altos. É, como se lembram os mais velhos como eu, aquela história do “boi no pasto”.
Boi elétrico, claro.
A essa hora, no alto comissariado tucano para a economia, todas as esperanças se concentram numa mulher.
E claro que não é a Dilma, mas Janet Yellen, chefona do "Federal Reserve" americano.
Torcem para ela voltar atrás e retirar de uma vez só os estímulos à liquidez (conhecidos como “quantitative easing”) da política monetária americana e provoquem uma corrida – improvável – dos capitais aplicados aqui.
O FMI, sempre porta-voz dos interesses do capital financeiro, voltou com a lenga-lenga dos “cinco frágeis”.
A reação do governo brasileiro à essa história se explica como um recado na base do “não vem que não tem” para o Fundo.
Até porque, agora, no campo financeiro, a aliança dos BRICS engrossou nossa voz."
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=19528)
COMPLEMENTAÇÃO
IGP-M cai fortemente e projeta inflação abaixo do esperado
"O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela FGV, apresentou nova queda no mês de julho, registrando deflação de 0,61%, após ter sofrido baixa de 0,74% no mês de junho.
Fachada da FGV
Esse resultado foi melhor do que o esperado pelos analistas de mercado que, em média, previam uma deflação de 0,50% no mês.
O resultado do IGP-M de julho confirmou a queda dos preços no atacado, com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA, que representa 60% do índice total) caindo 1,11%, puxado mais uma vez pela queda de 2,66% nos preços agrícolas.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC, que tem peso de 30% no índice total) desacelerou de alta de 0,34% em junho para apenas 0,15% no mês de julho. Com esses resultados, o IGP-M acumula alta de 1,83% no ano e 5,32% no acumulado de 12 meses.
As seguidas deflações registradas pelos índices com maior peso no atacado, como é o caso do IGP-M, revelam um cenário inflacionário benigno para os meses vindouros.
O repasse da queda dos preços no atacado para o varejo está sendo lenta, permitindo aos comerciantes recompor suas margens, mas está ocorrendo e deve prosseguir em julho.
Agosto, mês onde tipicamente há um crescimento da inflação em comparação com os meses de junho e julho, também pode apresentar taxas bastante baixas de inflação dadas essas quedas significativas dos preços no atacado.
Com isso, as expectativas de inflação devem prosseguir seu movimento de queda já iniciado no último Boletim Focus, provavelmente adentrando a casa dos 6,3% já na próxima pesquisa.
O pequeno crescimento da atividade, conjugado às boas safras do meio do ano e à estabilização no patamar da taxa de câmbio são os principais fatores por trás dessas taxas de inflação mais contidas, e devem permanecer ao menos até o fim do ano, quando estão programados aumentos em alguns preços administrados, como os combustíveis e a energia elétrica (que, na realidade, só deve sofrer um reajuste maior em 2015).
Sendo assim, a possibilidade de “estouro” da meta de inflação no ano de 2014 parece cada vez mais distante, com o governo e o Banco Central cumprindo seu compromisso de manter a inflação dentro das bandas estabelecidas no início do ano."
FONTE da complementação: "Fundação Perseu Abramo". Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/246685-2
Esse resultado foi melhor do que o esperado pelos analistas de mercado que, em média, previam uma deflação de 0,50% no mês.
O resultado do IGP-M de julho confirmou a queda dos preços no atacado, com o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA, que representa 60% do índice total) caindo 1,11%, puxado mais uma vez pela queda de 2,66% nos preços agrícolas.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC, que tem peso de 30% no índice total) desacelerou de alta de 0,34% em junho para apenas 0,15% no mês de julho. Com esses resultados, o IGP-M acumula alta de 1,83% no ano e 5,32% no acumulado de 12 meses.
As seguidas deflações registradas pelos índices com maior peso no atacado, como é o caso do IGP-M, revelam um cenário inflacionário benigno para os meses vindouros.
O repasse da queda dos preços no atacado para o varejo está sendo lenta, permitindo aos comerciantes recompor suas margens, mas está ocorrendo e deve prosseguir em julho.
Agosto, mês onde tipicamente há um crescimento da inflação em comparação com os meses de junho e julho, também pode apresentar taxas bastante baixas de inflação dadas essas quedas significativas dos preços no atacado.
Com isso, as expectativas de inflação devem prosseguir seu movimento de queda já iniciado no último Boletim Focus, provavelmente adentrando a casa dos 6,3% já na próxima pesquisa.
O pequeno crescimento da atividade, conjugado às boas safras do meio do ano e à estabilização no patamar da taxa de câmbio são os principais fatores por trás dessas taxas de inflação mais contidas, e devem permanecer ao menos até o fim do ano, quando estão programados aumentos em alguns preços administrados, como os combustíveis e a energia elétrica (que, na realidade, só deve sofrer um reajuste maior em 2015).
Sendo assim, a possibilidade de “estouro” da meta de inflação no ano de 2014 parece cada vez mais distante, com o governo e o Banco Central cumprindo seu compromisso de manter a inflação dentro das bandas estabelecidas no início do ano."
FONTE da complementação: "Fundação Perseu Abramo". Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/246685-2
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