sexta-feira, 5 de junho de 2009

O MISTÉRIO DA QUEDA DO AIRBUS

ESPECIALISTAS ANALISAM O QUE PODERIA TER PROVOCADO O MISTERIOSO ACIDENTE DO AIRBUS

“Com os restos do avião no mar e sua caixa negra afundada, o acidente do Airbus da Air France acumula muitas perguntas. A primeira hipótese, a de que um raio tenha fulminado o avião em pleno voo, é demasiada frágil, segundo muitos especialistas. Mas há várias outras perguntas sem resposta. Estas são algumas:

MAPA DAS BUSCAS

Mapa divulgado pelo ministério da Defesa mostra os locais de busca no ocenao Atlântico. Segundo Nelson Jobim, os destroços estão espalhados e o rastro com as partes formam uma linha de aproximadamente 230 km, considerando as partes que estão mais distantes

UM RAIO PODERIA CAUSAR O ACIDENTE?

Os especialistas em segurança aérea e os pilotos que nestes dias desfilaram pela mídia francesa concordam que é "muito raro" que um raio possa provocar um acidente. Todos lembram que os aviões são equipados para repelir descargas elétricas. Além disso, não é nada incomum que isto aconteça.

Na verdade, segundo o Departamento Nacional de Pesquisas Aeroespaciais, "cada avião é atingido por um raio a cada mil horas de voo". "É muito pouco provável que um raio tenha causado isto", declarou na terça-feira o diretor-geral da aviação civil da França, Patrick Gandil, a uma rádio francesa. "No entanto, os raios são acompanhados de outros fenômenos atmosféricos, como turbulências, tormentas, granizo... Mas é cedo para saber se essa foi a causa do acidente."

O ACIDENTE PODE TER SIDO CAUSADO PELO MAU TEMPO?

A área que o avião atravessava se caracteriza por esconder tempestades violentas e inevitáveis. Podem-se encontrar nuvens de tormenta a 15 km de altura (que nenhum avião de passageiros consegue passar por cima) e com dezenas de quilômetros de diâmetro. Também se registram ventos capazes de desestabilizar o aparelho ou prejudicar elementos do avião. Em geral os pilotos tentam evitá-las fazendo uma volta. François Grangier, piloto de aviões comerciais e um dos especialistas do Tribunal de Cassação francês, afirmou terça-feira ao jornal "Le Parisien": "As tempestades nessa região não são brincadeira". Depois aventurou uma hipótese: "Se o avião foi fulminado por um raio, os pilotos poderiam perder o rádio e as antenas dos radares meteorológicos. Dessa forma, poderiam ter navegado às cegas para a tempestade".

POR QUE NÃO FOI LANÇADA UMA MENSAGEM DE SOCORRO?

Esta é uma das perguntas que mais atormentam os especialistas que tentam explicar o acidente. A tripulação saiu do Rio de Janeiro com um sistema que continha três maneiras diferentes de entrar em contato com a torre de controle para lhe enviar um pedido de ajuda. Nenhuma foi utilizada. As chamadas do avião se limitaram a um comentário do piloto no qual informava que entravam em uma zona de turbulência e a dezena de mensagens automáticas de avaria no sistema elétrico enviada para a central da Air France em Paris. Alguns indicam que os pilotos poderiam estar ocupados demais tentando dominar um aparelho em queda livre para falar por rádio. Ou que, em caso de despressurização explosiva da cabine, a temperatura gélida do exterior (70 graus abaixo de zero) os teria paralisado instantaneamente. Também não funcionaram as três balizas automáticas preparadas para ser ativadas caso o avião mudasse de trajetória. Isso indicaria que o que aconteceu, seja o que for, se desenrolou de forma tão rápida quanto brutal.

PODERIA SER UM ATENTADO?

Horas depois de se divulgar o acidente, a polícia francesa inspecionou a lista de passageiros em busca de possíveis nomes de suspeitos e terroristas. Em vão. O ministro dos Transportes, Jean Louis Borloo, declarou na terça-feira que isso é uma questão "de rotina" e que se faz sempre nesses casos. O voo não é considerado especialmente perigoso. E nenhum grupo terrorista reivindicou um hipotético atentado. De todo modo, e embora nos primeiros momentos a Air France tenha descartado um ato terrorista, a falta de dados e de certezas levou os responsáveis políticos a não descartar nenhuma hipótese. De qualquer forma, um policial relacionado à investigação revelou na terça-feira ao "Le Parisien" que está totalmente excluído "um sequestro fracassado".

O SISTEMA ELETRÔNICO DO AVIÃO FALHOU?

O Airbus 330 é equipado com um mecanismo que envia sinais da cabine do piloto para diferentes partes do avião, como os ailerons, através de um cabeamento eletrônico conectado a computadores, e não através de um sistema mecânico de cabos ou tubos hidráulicos, como outros aviões. Esse sistema aciona de forma automática as manobras necessárias para evitar acidentes iminentes, mas alguns Airbus não permitem que o piloto anule o sistema de proteção. Hans Weber, diretor da consultoria Tecop em San Diego, Califórnia, afirmou na terça-feira ao jornal "The New York Times" que o sistema poderia ter falhado.”

FONTE: reportagem de A. Jiménez Barca, em Paris (França), publicada no jornal espanhol El País, em 04/06/09, reproduzida no portal UOL em tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

OBS DESTE BLOG: complemento este assunto com as seguintes duas notas do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica CECOMSAER (www.fab.mil.br) e com a Nota MB Nº 3, do Centro de Comunicação Social da Marinha, todas divulgadas em 04/06/09:

NOTA 10

RELATÓRIO DAS BUSCAS DO VOO 447 DA AIR FRANCE


“O Comando da Aeronáutica informa que durante as buscas realizadas na madrugada de hoje (04/06), a aeronave R-99 da Força Aérea Brasileira (FAB) identificou novos pontos de destroços à sudoeste dos penedos de São Pedro e São Paulo.

Ainda durante a madrugada, outras cinco aeronaves militares decolaram de Natal-RN com destino à área de buscas, sendo 03 (três) C-130 Hércules da FAB, 01 P-3 Orion da Força Aérea dos Estados Unidos e 01 Falcon 50 francês.

Pela primeira vez durante a operação, o helicóptero H-60 Black Hawk, baseado em Fernando de Noronha (PE), participa das missões de busca a 110km a nordeste desse arquipélago.

Além do esclarecimento visual dos novos pontos detectados, os aviões engajados nas buscas irão coordenar o direcionamento dos dois navios da Marinha do Brasil, que se encontram na área, para garantir a aproximação e possível coleta de destroços.

No total, onze aeronaves estão mobilizadas na Base Aérea de Natal e em Fernando de Noronha para o trabalho de busca.”

NOTA 12 - 20H40

“O Comando da Aeronáutica informa que, no dia de hoje, aviões militares engajados nas missões de busca completaram a cobertura de 185.349 km², uma área equivalente ao território do Estado do Acre.

Ao longo do dia, aeronaves continuaram avistando vestígios isolados nas áreas de busca, tais como manchas de óleo e bóias. Tudo o que foi localizado na superfície do oceano mereceu atenção por parte das aeronaves.

As buscas seguirão a mesma conduta adotada nos dias anteriores, sendo que três navios da Marinha do Brasil estão na área das buscas em condições de resgatar eventuais destroços localizados.

A análise do material coletado pela Fragata Constituição, na manhã de hoje, demonstrou que o suporte utilizado para acomodação de cargas (pallet) não pertencia ao vôo AF 447.

Com o intuito de procurar atender aos familiares das vítimas, todos foram convidados a conhecer detalhes das operações de busca na sede do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo (CINDACTA III), em Recife, onde está instalado o comando das operações.”

NOTA MB Nº 3

“A Marinha do Brasil informa que, atualmente, três de seus navios operam no local indicado da queda da aeronave da Air France (voo AF 447) - o Navio-Patrulha (NPa) “Grajaú”, a Corveta (Cv) “Caboclo” e a Fragata (F) “Constituição”.

O Comandante da F “Constituição” assumiu o Comando da Cena de Ação (CCA) marítima e a coordenação das buscas no mar. A área circular com raio de 120 milhas náuticas, centrada na posição onde foi avistada, pela aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), no último dia 2, uma esteira de 5 km de destroços, foi dividida em três setores, sendo um para cada navio da Marinha do Brasil. Com isso, a área de busca de cada navio fica reduzida.

Dessa forma, caso algum objeto ou mancha de óleo seja avistado por aeronave da FAB, o Comandante da Cena de Ação direcionará o navio da Marinha mais próximo da área indicada para investigar. Se for o caso, a F “Constituição” empregará sua aeronave orgânica AH-11A Lynx para sobrevoar objeto avistado e auxiliar direcionamento do navio. Até o presente momento, não houve identificação positiva de qualquer destroço.

Além do NPa “Grajaú”, da Cv “Caboclo” e da F “Constituição”, a Marinha emprega outros dois navios nas buscas, com as seguintes previsões de chegada ao local:

- Fragata “Bosísio” – dia 6, às 12h; e
- Navio-Tanque “Gastão Motta” – dia 7, às 21h.
Devido a problemas logísticos, os três Navios Mercantes deixaram, ontem, 3 de junho, a área de busca e retomaram suas rotas.
Condições meteorológicas na área de busca:

- céu encoberto;
- vento Nordeste com intensidade de 5 nós;
- visibilidade boa (8 a 10 milhas náuticas);
- temperatura do ar: 28° C;
- estado do mar: 1 (ondas 0 a 0,1 metros);
- temperatura da água do mar: 30° C; e
- corrente Nordeste com 1 nó.”

2 comentários:

Unknown disse...

acredito que tem alguém escondendo algo muito sério e importante, algo que não pode ser revelado agora. Temos tantas tecnologias, tantos aviões e navios, porque ainda não encontraram nada?????

Unknown disse...

Prezada Alessandra,
Quando você menciona "Temos tantas tecnologias, tantos aviões e navios,..." certamente se refere ao mundo em geral, aos norte-americanos, franceses, ingleses,...Os pobres brasileiros, com seus parcos meios, estão no limite do esforço, das suas possibilidades. Dependendo do tipo de acidente, pode não aparecer nenhum indício naquele imenso oceano com profundidades abissais.
Maria Tereza