sexta-feira, 12 de junho de 2009

RECESSÃO: O PIOR JÁ PASSOU?

Terra Magazine

“O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta semana os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2009. O PIB caiu 0,8% no 1º trimestre de 2009, em relação ao 4º trimestre de 2008. O resultado caracterizou uma recessão já que foi o segundo trimestre consecutivo de retração, dado que a variação do PIB do quarto trimestre do ano passado foi negativa em 3,6%.

Apesar de ruins, estes resultados representam uma fotografia do passado, já que a economia brasileira deve estar crescendo neste segundo trimestre, tendo em vista o comportamento dos principais indicadores antecedentes. Mas, isso não será automático. Tudo vai depender do acerto das políticas econômicas domésticas.

Em relação ao primeiro trimestre de 2008, o PIB registrou queda de 1,8%. O valor adicionado a preços básicos reduziu-se 1,5%; e os impostos sobre produtos apresentaram retração de 3,3%. Na taxa acumulada nos quatro trimestres terminados em março, o crescimento do PIB foi de 3,1% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Apesar dos resultados negativos do PIB dos últimos trimestres, há elementos que devem impulsionar a recuperação da economia brasileira no segundo semestre de 2009. O primeiro deles é a recuperação mais acelerada observada no setor de serviços, que corresponde por 55% do PIB e que compreende setores intensivos em emprego e renda, que devem estimular o consumo do país no segundo semestre de 2009.

Por outro lado, para afastar o perigo de recessão para o ano de 2009, outros setores necessitam ser estimulados, como a indústria, que representa 24% do PIB, mas é o fator dinâmico da economia. O outro elemento importante é a demanda interna do país, que representa 85% do PIB, o que ameniza a queda das exportações.

Na comparação do primeiro trimestre de 2009 com o último de 2008, a maior redução ocorreu na indústria (-3,1%), que é o setor mais atingido pela crise, seguida pela agropecuária (-0,5%). O setor de serviços, em contrapartida apresentou um resultado positivo de 0,8%.

Em relação ao primeiro trimestre de 2008, o valor adicionado de serviços teve o melhor desempenho, com um crescimento de 1,7%. O impacto maior foi na indústria com uma queda de 9,3%, seguido do de agropecuária com redução de 1,6%

O desempenho da economia no ano está condicionado não apenas aos desdobramentos do cenário internacional, mas também das decisões de política econômica domésticas. Com a melhora esperada na economia internacional no segundo semestre do ano, tudo vai depender da administração das políticas econômicas domésticas. Vai ser fundamental acelerar o corte nos juros básicos, evitar a apreciação exagerada do Real e aumentar a agilidade na implementação dos investimentos por parte do Governo.

Considerando esta muito provável recuperação gradual do nível de atividade, apoiada fundamentalmente na demanda interna do país, o resultado mais provável é de uma estagnação em 2009, com uma margem de 0,5 p.p. para cima ou para baixo. Para 2010 conta-se com um crescimento do PIB de 2,5 a 3%.”

FONTE: site Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes, em 11/06/2009. Artigo de Antonio Corrêa de Lacerda. O autor é professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP e autor, entre outros livros, de "Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil" (Saraiva). Foi presidente do Conselho Federal de Economia - Cofecon e da SOBEET – Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica.

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