Obama, Sarkozy e administração sueca reforçam lobby na reta final da concorrência da FAB, diz ministro, que espera definição até fim do ano
"O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reconheceu ontem que há pressão dos governos dos Estados Unidos, da França e da Suécia na disputa pela venda de 36 caças à Força Aérea Brasileira (FAB), transação comercial de R$ 12 bilhões. Ele espera concluir "ainda este ano" a escolha entre a americana Boeing, a francesa Dassault e a sueca Saab. A concorrência está na fase de análise técnica pela FAB. A avaliação seguinte será do Alto Comando da Aeronáutica e do Ministério da Defesa.
"Estão todos empenhados", disse. Questionado de onde partiam as pressões, o ministro afirmou: "Dos três. Do presidente Sarkozy, do presidente Obama e da administração sueca. É um interesse de Estado, é normal. Também nós temos interesse de privilegiar os negócios das nossas empresas nacionais."
O ministro citou os quatro pontos que serão levados em conta para a escolha da proposta vencedora: o aspecto operacional, a transferência de tecnologia, as compensações industriais e o preço. Entre as compensações industriais, está, segundo Jobim, a geração de empregos. Cada um dos critérios terá um peso na decisão final.
"Vai depender da análise do conjunto. Tenho elencados quais são os elementos, vamos ver as diferenças. Na capacitação industrial, uma coisa é construir no Brasil o pneu, que o Brasil já constrói. Outra coisa é construir o radar. É complexo de examinar", afirmou.
OBAMA
Na edição de anteontem, o Estado revelou que o presidente americano, Barack Obama, elevou a pressão em favor da proposta da Boeing, que disputa com os F-18. A subsecretária de Estado para Controle de Armas e Segurança Internacional dos Estados Unidos, Ellen Tauscher, disse que ele está pessoalmente empenhado na vitória da Boeing, o que "aproximaria" os governos americano e brasileiro.
Já a Saab, fabricante dos caças Gripen, afirmou ao Estado ter certeza de que será a escolhida pelo Comando da Aeronáutica. A Dassault concorre com o jato Rafale.
Em setembro, durante visita de Nicolas Sarkozy ao Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as negociações com a empresa francesa estavam avançadas. As concorrentes reagiram e o governo respondeu que todas as propostas continuavam em análise.
Jobim encontrou-se ontem no Rio com o ministro da Defesa francês, Hervé Morin. Eles sobrevoaram helicóptero a área onde será construído o casco do primeiro submarino nuclear do País. O governo brasileiro vai comprar cinco submarinos da estatal francesa DCNS, no valor de 3,66 bilhões, ou R$ 9,3 bilhões."
FONTE: reportagem de Luciana Nunes Leal publicada no "O Estado de São Paulo" de hoje (04/11)
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