A 'grande' imprensa, de repente, tornou-se mais comedida, responsável. A "Folha de São Paulo", por exemplo, jornal notoriamente empenhado na volta da direita (PSDB, DEM, PPS) ao poder, hoje publica sua reportagem sobre a operação da Polícia Federal "CASTELO DE AREIA", que envolve em grande parte políticos tucanos, desde os tempos de FHC, com propinas da empreiteira Camargo Correa (caso já conhecido como "Mensalão do PSDB paulista").
Para a "Folha", que fala por meio de anônimos "advogados criminais", "o vazamento de nomes de investigados em ações da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça são "gravíssimos" e atentam contra a democracia".
É um grande, repentino e surpreendente avanço democrático por parte do jornal, pois há pouco tempo o jornal abusava de publicar inconsistentes e infames acusações contra integrantes do governo federal, sem nem haver investigação policial contra eles.
Vejamos o que diz a "Folha" de hoje (10/12):
Advogados criticam revelação da identidade de investigados
"O vazamento de nomes de investigados em ações da Polícia Federal, Ministério Público e Justiça são "gravíssimos" e atentam contra a democracia, segundo advogados criminais. Ainda mais preocupante é a falta de punição dos responsáveis pela divulgação entre servidores com acesso às informações.
Nos últimos dias, dados sobre a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, vazaram, indicando possível pagamento de propina pela construtora Camargo Corrêa a políticos.
Os advogados dos envolvidos afirmam que a divulgação dos nomes é "irresponsável". No caso da Castelo de Areia, ainda não há denúncia formal por parte do Ministério Público, apenas pedidos de mais investigações.
Segundo Roberto Soares Garcia, vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, os vazamentos são "gravíssimos" e ocorrem muitas vezes antes de a defesa ter acesso aos autos do processo. "Interessante que não haja busca de responsáveis", diz ele.
Garcia acredita que as informações circulam por poucos órgãos e descobrir sua origem não seria difícil. O vazamento, segundo ele, é quebra de dever funcional. "O cidadão vê que quem quebra a lei é quem deveria protegê-la. Passa a sensação de "eu posso tudo'", diz Garcia.
O criminalista Eduardo Muylaert afirma que vazamentos são crimes tão graves quanto corrupção. "Ainda há a cultura do vazamento impune no Brasil."
Como exemplo de um vazamento investigado "até o fim", citou a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa -episódio que levou à queda do ex-ministro da Fazenda Antônio Antonio Palocci, em 2006. O STF rejeitou a abertura de processo contra Palocci.
Os dois advogados afirmam que o erro está no vazamento, não na publicação dos dados. "O jornalista que publica não faz nada além de seu trabalho", diz Garcia."
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