Nordeste bombando: Turismo garante expansão regional
"No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estrangeiros em 2008, o Nordeste emplacou três capitais. Salvador, Recife e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e o sétimo postos, respectivamente, na escolha dos visitantes internacionais.
À sua maneira, com sol, praias e características culturais diferenciadas, a região contribuiu para que o país se tornasse o sétimo maior destino mundial de turistas estrangeiros no ano passado – e o mais movimentado ponto de desembarque de visitantes com origem na América Latina, desbancando o México.
“O Nordeste tem muito a ver com essas conquistas, porque agrega valor ao Brasil com seu povo receptivo e cultura própria, além de todas as belezas naturais”, afirmou a presidente da Embratur, Jeanini Pires, uma das expositoras do evento Fóruns Estadão Regiões/Nordeste. “A procura dos estrangeiros não seria tão intensa se a região oferecesse apenas sol e praias”.
A multiplicação de voos regulares entre capitais como Salvador e Recife – no ano 2000 havia apenas uma linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos Estados Unidos contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turistas estrangeiros.
Os desembarques internacionais na região cresceram 11,9% em 2008 em relação ao ano anterior. O maior volume de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto na elevação das taxas de emprego no setor de turismo na região, com um aumento de 5,7% no mesmo período.
Hoje, um total de 2,2 milhões de pessoas no Nordeste têm suas atividades profissionais ligadas ao turismo. Em 2009, diante do decréscimo de 5% no fluxo turístico mundial, o mercado interno foi determinante para a região manter a atividade em alta. São Paulo se manteve como o principal estado emissor de turistas nacionais para o Nordeste, confirmando a primeira posição pelo décimo ano consecutivo.
“Estamos certos de que a Copa do Mundo de 2014 irá oferecer novas oportunidades para o crescimento do setor na região”, disse a presidente da Embratur. Ela lembrou que quatro cidades do Nordeste serão sedes de grupos na primeira fase da Copa – Salvador, Recife, Natal e Fortaleza. “As distâncias entre essas cidades, de uma hora e meia a duas horas de automóvel, aproximadamente, irá ajudar muito na montagem de roteiros combinados”, acrescentou.
Jeanini Pires garantiu que os investimentos de grupos estrangeiros na hotelaria da região, com destaque para companhias espanholas e portuguesas, não foram suspensos em razão da crise financeira global.“Ao contrário, pelos nossos indicadores os investidores estrangeiros tiveram aumentado o interesse no Brasil a partir da queda na atividade turística em seus países de origem”, assegurou.
Embora o Nordeste venha crescendo a taxas mais altas que o Sul e o Sudeste, a renda das famílias ainda é a menor do País. Esse fator é um dos grandes entraves para o crescimento do mercado consumidor e, em última análise, para o desenvolvimento da região. “Sem dúvida, a renda é um problema para o desenvolvimento do Nordeste”, avalia Ana Cláudia Fioratti, diretora-executiva da LatinPanel, empresa especializada em pesquisas de mercado. “Se pensarmos que dois terços da população ganham até quatro salários mínimos, o resultado é um grande gargalo.”
Pesquisas da Latin Panel mostram que no Nordeste a renda é 23% menor que a média nacional, ou R$ 1.200 per capita, embora tenha havido crescimento nominal de 9% entre 2005 e 2009. A maior parte desse valor, 57%, é gasto com despesas essenciais, ou permanentes, como habitação, alimentação, bebidas, e serviços como água e luz e transporte. Para higiene, lazer, vestuário e educação, sobram os 43% restantes. Os nordestinos gastam mais com alimentação (26%) do que o restante do País (20%). “Na região, ainda se opera com um nível básico de consumo, que ainda não é muito sofisticado nem diversificado.”
Para a especialista, o crédito na região ainda está para representar um estímulo para o crescimento do consumo das famílias no mesmo nível verificado em outras regiões do País. Fioratti diz que a menor disseminação do crédito na região tem mais a ver com a informalidade do que exatamente a escassez de recursos. “De uma forma geral, o crédito passou a ficar mais disponível em todas as regiões, mas no Nordeste a parcela de emprego informal é muito forte e é muito complicado o acesso às fontes de financiamento por uma família que não tem como comprovar renda.”
A boa notícia é que, com um terço da população brasileira, ou cerca de 70 milhões de pessoas, qualquer ganho de renda se reverte em aumento de consumo. “Paulatinamente, o nordestino está ganhando qualidade de vida”, observa Fioratti, chamando atenção para a ascensão da classe média local. Segundo a LatinPanel, entre 2005 e 2009, a classe C cresceu de 23% para 28% da população e a classe A/B subiu de 11% para 14%. Em 2009, 42% dos domicílios passaram a pertencer à classe ABC, ante 34% em 2005. Enquanto isso, as classes D e E caíram de 66% para 58%.
Essa ascensão fez com que nos últimos 12 meses o consumo das classes D e E fosse igual ao das A e B no Sul/Sudeste, ou R$ 8,8 bilhões. “Ainda é uma força de consumo pequena, mas extremamente importante.” Na avaliação de Fioratti, os setores com mais possibilidade de crescer na região são aqueles que oferecem produtos de menor valor agregado, como alimentação, higiene, limpeza, beleza, vestuário e eletrodomésticos."
FONTE: informações do jornal O Estado de S. Paulo publicadas hoje (10/12) no portal "Vermelho".
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