domingo, 7 de março de 2010

O POVÃO TEM DIREITO À INTERNET

"Faz tempo que internet de banda larga já deixou de ser artigo de luxo. Com a internet, hoje, a gente pesquisa preços, faz compras, acessa serviços e informações, assiste videos, conversa com os amigos, de forma muito mais prática, simples e rápida.

Rápida?

Nem tanto, porque a internet só existe, pra valer, se é de banda larga, isto é, com grande capacidade de transmissão de dados. Se não for banda larga – quem usa, sabe – não tem velocidade para fazer nem a metade do que se pode fazer pela grande rede. Sem contar em quanto ela é indispensável hoje para o comércio, as escolas e os serviços públicos.

E banda larga no Brasil, infelizmente, é um desastre. É ruim, lenta e, sobretudo, é cara, muito cara.

Tirando aquelas promoções em que você paga mais barato três meses e depois o precinho vira preção e ainda te deixa preso aos prazos de fidelidade, não tem plano de internet banda larga que fique a menos de R$ 50. Dez por cento do salário-mínímo, isso quando o serviço chega nos bairros afastados. Some aí as outras necessidades de comunicação – telefone fixo e um celular de cartão, que seja – que você verá que estar conectado no mundo moderno não exige menos que um gasto mensal aí de uns R$ 150. No Brasil, em relação ao poder aquisitivo da população, a internet custa até nove vezes mais caro que nos Estados Unidos!

Outro dia falarei aqui do verdadeiro assalto que é o celular a cartão, que faz o pobre pagar quatro vezes mais para falar o mesmo minuto de quem tem dinheiro para fazer um plano “top”.

Hoje, nessa nossa primeira coluna, quero explicar a luta que estamos travando lá em Brasília para implementar a banda larga popular. Mas, para isso, é preciso contar uma história.

Foram instaladas fibras ópticas, aquelas que podem conduzir uma enorme quantidade de dados, aproveitando aquelas torres de alta tensão das empresas elétricas e dos sistemas usados pela Petrobras.

Só que Fernando Henrique privatizou essa rede, que tem mais de 16 mil quilômetros – metade de uma volta ao mundo, quase. E a empresa faliu.

Com essa rede, mais de 70 por cento da população brasileira pode ser conectada à internet, com alta qualidade. Por isso, o Governo está recuperando o controle das fibras óticas na Justiça e quer criar uma empresa pública para operar a rede, deixando que as empresas privadas – pequenas, médias ou grandes – façam a distribuição final a preços populares – a partir de R$ 15. Onde elas não fizerem, o próprio Governo fará.

E quem disse que as grandes empresas telefônicas querem isso? Querem é continuar com seu controle do mercado, cobrando caro e servindo mal à população. E pior, sabem que com internet de boa qualidade, vai se poder conversar – e até ver pela câmera – pelo computador, sem pagar nada. E aí o grande negócio delas foi pro brejo. Junto com ela, a grande imprensa também não quer a banda larga chegando ao povão, porque com internet eles não têm mais o controle da informação e não têm tanta facilidade em “fazer a cabeça” da população.

Vocês podem confiar que, com projeto que está sendo feito pelo Ministério do Planejamento e pela Casa Civil, com a Ministra Dilma, o presidente Lula vai poder anunciar o programa de banda larga popular ainda este mês.

E aí, meu irmão e minha irmã, nosso povo vai poder estar muito mais ligado na informação, nos serviços, no lazer. E vai poder ser mais dono do seu próprio nariz."

FONTE: escrito por Brizola Neto, publicado hoje (07/03) no jornal "Povo do Rio" e no seu blog "Tijolaço".

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