terça-feira, 24 de agosto de 2010

OPOSIÇÃO DESISTE DE SERRA E VÊ SENADO COMO "PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO"

“Esboçada em todas as pesquisas de opinião, a perspectiva de vitória de Dilma Rousseff deslocou o foco da oposição. As cúpulas do PSDB e do DEM decidiram voltar suas atenções para a disputa travada nos estados pelas cadeiras do Senado.

A iniciativa da articulação partiu de Fernando Henrique Cardoso. Ele deflagrou o movimento na semana passada. Sem alarde, FHC dividiu suas apreensões com Jorge Bornhausen, presidente de honra do DEM, e Sérgio Guerra, presidente do PSDB. Segundo ele, confirmando-se o triunfo de Dilma, não restará à oposição senão erguer no Legislativo barricadas contra a “dominação” petista.

Dá-se de barato que a maioria da base aliada ao governo na Câmara, acachapante sob Lula, tende a ser ainda maior numa eventual gestão Dilma. Como “prêmio de consolação”, tenta-se reproduzir no Senado o quadro que permitiu à oposição impor ao Planalto derrotas como a rejeição da emenda que prorrogava a CPMF.

Excluído da campanha tucana de José Serra – que prefere exibir Lula no rádio e na TV —, FHC orientou líderes da oposição a usarem entrevistas e artigos de jornal para ostentar um discurso voltado à classe média. Em essência, vai-se esgrimir a tese segundo a qual o poder do Executivo precisa ser submetido ao contrapeso de um Congresso capaz de vigiá-lo.

Candidato ao Senado pelo DEM do Rio de Janeiro, o ex-prefeito Cesar Maia foi o primeiro a seguir a diretriz. Num vídeo que pendurou em sua página na internet, na última sexta (20), Cesar Maia fez referência ao Datafolha. Sem meias palavras, disse que a vantagem de 17 pontos percentuais atribuída a Dilma leva a um deslocamento do “foco para as eleições do Senado”.

“É uma questão da maior preocupação de todos nós, que somos amantes da democracia”, disse Cesar Maia, apostando no discurso do medo. “Queremos evitar que, no Brasil, aconteça o que aconteceu na Venezuela", acrescentou. Para ele, o “jogo” agora é “o controle do Senado”.

No centro das apreensões de tucanos e “demos” está um número mágico: 47. É esse o escore necessário à aprovação de uma emenda constitucional no Senado. Hoje, Lula dispõe da maioria dos votos dos 81 senadores. A supremacia é, porém, apenas nominal. Em articulação com dissidentes do governo, a oposição impôs derrotas ao governo até em votações de projetos que exigem a maioria simples de 41 votos.

Lula, por sua vez, empenha-se em prover para Dilma um cenário mais confortável. Em público, o presidente pede votos em comícios para sua presidenta e também para os candidatos ao Senado alinhados com o governo. Para recordar as plateias, Lula não se cansa de recordar que, ao derrubar a CPMF, a oposição o privou de injetar R$ 40 bilhões na saúde.

Entre quatro paredes, Lula afirma aos políticos que o cercam: “Um senador vale mais do que três governadores”. Nas eleições de 2010, estão em jogo 54 dos 81 assentos do Senado.

PROJEÇÃO

Deve-se ao DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) o estudo mais completo sobre prognósticos para a disputa ao Senado. O levantamento carece de atualizações — mas é, por ora, o que mais se aproxima da guerra travada nos estados e esboça um quadro pouco alvissareiro para a oposição.

Segundo o DIAP, o PMDB deve conservar nas urnas a condição de dono da maior bancada do Senado, enquanto o PT pode saltar da quarta para a segunda colocação em número de senadores.

O levantamento também vaticina a redução das bancadas oposicionistas. Hoje, PSDB e DEM operam com 14 senadores cada um, atrás do PMDB e à frente do PT. Tomados pelas previsões do DIAP, os tucanos correm o risco de ser deslocados para a terceira posição. E os “demos” para a quarta. Daí a preocupação de FHC & Cia...”

FONTE: portal “Vermelho”, com informações do "Blog do Josias".

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