terça-feira, 10 de agosto de 2010

SOCORRO GOMES: "MOBILIZAR FORÇAS CONTRA A GUERRA NUCLEAR"


“Encerraram-se domingo em Nagasaki os atos e solenidades alusivos ao 65° aniversário da explosão das armas nucleares o Japão. A brasileira Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, organização social brasileira integrante do movimento mundial pela paz, participou durante dez dias de seminários, reuniões, conferências em Hiroshima e Nagasaki. Antes de embarcar volta para o Brasil, Socorro Gomes concedeu por telefone uma entrevista ao Vermelho.

Vermelho: Que lições você tira da sua visita ao Japão?

Socorro Gomes:
Uma visita como esta reforça as nossas convicções de que mais do que nunca é preciso elevar a consciência da humanidade e mobilizar forças para evitar a guerra nuclear. O ataque nuclear dos EUA ao Japão resultou num genocídio e deixou marcas indeléveis. O contato com as populações e autoridades dessas cidades e a visita a museus e outros marcos históricos alusivos aos bombardeios servem até hoje como sinal de alerta de que crimes como este não podem ficar impunes e da necessidade de tudo fazer para impedir sua repetição.

Vermelho: Como os movimentos sociais e especialmente os movimentos pela paz devem agir nessa direção?

SG:
O Conselho Mundial da Paz e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), entidades com atuação internacionalista, estão engajadas neste clamor e nesta luta. Empreendemos intensa atividade pelo desarmamento, em defesa da paz mundial, da soberania e autodeterminação dos povos em todos os quadrantes do planeta. Adotamos iniciativas e nos associamos a outras, voltadas para a consumação dessas metas.

Nosso propósito, ao promover atividades em conjunto com organizações nacionais e internacionais que se voltam para a não-proliferação e para o desarmamento, consiste em ampliar a discussão sobre o assunto com a sociedade e conquistá-la para as atuais e futuras batalhas.

O Conselho Mundial da Paz nasceu sob o signo da luta contra as armas nucleares. Vive em nossa memória o Apelo de Estocolmo, lançado pelo Conselho Mundial da Paz há 60 anos, quando ocorreu uma expressiva mobilização do movimento pacifista e alcançou-se 600 milhões de assinaturas, das quais quatro milhões no Brasil.

Vermelho: Qual a posição do Conselho Mundial da Paz sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear e a última conferência revisora?

SG:
Consideramos que é impossível a não-proliferação sem o desarmamento. A visão unilateral sobre a não-proliferação, inclusive com as potências nucleares tentando impor aos países integrantes do Tratado de Não-Proliferação um protocolo adicional, tem servido para intimidar os países que buscam desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos.

Vermelho: Como se posiciona em termos práticos o Conselho Mundial da Paz no atual cenário mundial?

SG:
Devemos intensificar a nossa luta contra a política de guerra do imperialismo norte-americano, que nos últimos anos vitimou o Iraque e o Afeganistão e nos opor à política de sanções e ameças, que hoje se volta contra a Coreia do Norte e o Irã. É carregado de riscos para a humanidade um cenário em que se pretende combater o terrorismo com o terrorismo de Estado e com a violação das soberanias nacionais e os direitos dos povos. O ambiente em que vivemos hoje esclarece nitidamente que as potências nucleares não se voltam para a proteção da humanidade, mas para a defesa dos seus interesses próprios. E são crescentes as evidências de que os tratados acerca das armas nucleares alcançam tão somente um desequilíbrio destinado a preservar a posição dos possuidores de poderosos arsenais, à frente os EUA, capazes de destruir a humanidade, tornando a vida mais vulnerável e o mundo mais perigoso e inseguro. Mas, por outro lado, temos também motivos de otimismo histórico. Em todas as partes os povos resistem e lutam, conquistam importantes vitórias e avançam nos esforços por um mundo de progresso social, justiça e paz.”

FONTE: portal “Vermelho”.

Nenhum comentário: