terça-feira, 9 de novembro de 2010

POR QUE O PIG ODEIA O ENEM


O Estadão de ontem (8/11) dedicou a capa e duas páginas – A15 e A16 a desmoralizar o Enem. Uma desmoralização arrasadora.

É porque 0,04% dos alunos, VOLUNTARIAMENTE inscritos na prova, talvez venham a refazê-la, por causa de uma troca do cabeçalho de alguns cartões de resposta. 0,04%! Que horror!

Por Paulo Henrique Amorim, no blog “Conversa Afiada”

Foram 4,6 milhões estudantes inscritos e talvez 2 mil tenham a possibilidade de refazer a prova. Ontem, o UOL e a Folha online bradaram o dia inteiro contra a “inépcia” do Enem. A Folha, se entende. Ano passado, as provas vazaram da gráfica da Folha, que foi devidamente afastada da concorrência deste ano [muito estranhamente, as provas furtadas na gráfica da Folha de São Paulo foram direto para publicação no "Estadão", desencadeando centenas de horas nas TVs e milhares de páginas nos jornalões e VEJAs, com pesadas críticas contra o ENEM, o Ministro Haddad e o governo Lula ].

O Estadão se acha na obrigação, todo ano, de desmoralizar o Enem. Como fez no ano passado, com a divulgação do vazamento. Por que o Estadão, a Folha e o Serra são contra o Enem?

Ano passado, com o vazamento na gráfica da Folha, o Serra, célere, tirou as universidades de São Paulo do Enem – para acentuar o “fracasso” do governo Lula. Qual é o problema deles com o Enem?

O governo Fernando Henrique instituiu o Enem para copiar o SAT americano: o vestibular único em todo o país, para facilitar o acesso às universidades federais e o deslocamento de estudantes pelo país afora. O que tem a vantagem de baratear dramaticamente o sistema. Antes – como em São Paulo, hoje – cada “coronel” faz o seu vestibular e estimula a iniciativa privada – com os serviços do vestibular e os cursinhos o Di Gênio.

De Fernando Henrique para cá, o Enem cresceu 30 vezes! 30 vezes, amigo navegante. Saiu de 157 mil inscritos em 98 para 4,6 milhões de hoje. É sempre assim. O Bolsa Família da D. Ruth atendia quatro famílias. O do Lula, que virou “Bolsa Esmola”, segundo Mônica Serra, a grande estadista chileno-paulista, atende 40 milhões.

O que é o Enem? É o passaporte do pobre à universidade pública. É por isso que a Folha, o Estado e o Serra odeiam o Enem. Porque esse negócio de pobre estudar é um problema. Fica com mania de grandeza, de autonomia. Pensa que pode mandar no seu destino. E não acredita mais na fita adesiva do “perito” Molina. Isso é um perigo. Pobre é para ficar na senzala.

50 universidades públicas federais aderiram ao Enem. Isso significa que 47 mil vagas em universidades federais dependem do resultado do Enem. Em 2004, um milhão de estudantes se inscreveram no Enem. Aí, o Lula e o Ministro Haddad resolveram estabelecer o Enem como critério para entrar no ProUni (para a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – não dizer que o ProUni é a “faculdade de pobre burro”).

Sabe o que aconteceu, amigo navegante? O Enem passou de um ano para o outro de 1 milhão para 2,9 milhões de inscritos. Quanto pobre! Para o ano que vem, o ministro Haddad estabeleceu que o Enem também será critério para receber financiamento do Fies. Vai ser outro horror! Mais pobre inscrito no Enem para pagar a faculdade com financiamento público. Um horror! Tudo público. Enem, faculdade, financiamento… “Público” quer dizer “de todos”.

Amigo navegante, sabe qual foi o contingente nacional que mais cresceu entre os inscritos no Enem? Agora é que a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – vai se estrebuchar. Foi o Nordeste! Que horror!

Já imaginou, amigo navegante? Nordestino pobre com diploma de engenheiro? Nordestina pobre com diploma de médica? Vai faltar pedreiro. Empregada doméstica. Aí é que a elite branca – e separatista, no caso de São Paulo – vai se estrebuchar mesmo.”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, publicado em seu portal “Conversa Afiada” e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=141057&id_secao=6)[trecho entre colchetes adicionado por este blog].

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