sábado, 19 de março de 2011

O VOTO DO BRASIL CONTRÁRIO AOS EUA NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU

                  Reunião do Conselho de Segurança da ONU

“Há um grande erro nas análises das relações Brasil-EUA ao não enxergar que a política do Itamaraty continua a mesma que era no governo Lula.

O Brasil acabou de votar contra a posição dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, tomando a mesma atitude da China, Rússia, Índia e Alemanha de abster-se na votação da proposta de abrir as portas para bombardear a Líbia.

Segue a íntegra do voto brasileiro, apresentado pela representante do Brasil na ONU, a embaixadora Maria Luiza Viotti:

Senhor presidente [o embaixador da China Li Baodong]

O Brasil está profundamente preocupado com a deterioração da situação na Líbia. Apoiamos as fortes mensagens da Resolução 1970, adotada por consenso por este conselho. O governo do Brasil condenou publicamente o uso da violência pelas autoridades líbias contra manifestantes desarmados e exorta-as a respeitar e proteger a liberdade de expressão dos manifestantes e a procurar uma solução para a crise por meio de diálogo significativo.

Nosso voto [de quinta-feira,17] não deve de maneira alguma ser interpretado como endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitar os seus direitos.

O Brasil é solidário com todos os movimentos da região que expressam suas reivindicações legítimas por melhor governança, maior participação política, oportunidades econômicas e justiça social. Condenamos o desrespeito das autoridades líbias para com suas obrigações à luz do direito humanitário internacional e dos direitos humanos.

Levamos em conta também o chamado da Liga Árabe por medidas enérgicas que deem fim à violência, por meio de uma zona de exclusão aérea. Somos sensíveis a esse chamado, entendemos e compartilhamos suas preocupações.

Do nosso ponto de vista, o texto da resolução em apreço contempla medidas que vão muito além desse chamado. Não estamos convencidos de que o uso da força, como dispõe o Parágrafo Operativo 4 (OP4) da presente resolução, levará à realização do nosso objetivo comum –o fim imediato da violência e a proteção de civis.

Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos.

Muitos analistas ponderados notaram que importante aspecto dos movimentos populares no Norte da África e no Oriente Médio é a sua natureza espontânea e local. Estamos também preocupados com a possibilidade de que o emprego de força militar, conforme determinado pelo OP 4 desta resolução aprovada dia 17, possa alterar tal narrativa de maneira que poderão ter sérias repercussões para a situação na Líbia e além.

A proteção de civis, a garantia de uma solução duradoura e o atendimento das legítimas demandas do povo líbio exigem diplomacia e diálogo. Apoiamos os esforços em curso a esse respeito pelo enviado especial do secretário-geral e pela União Africana.

Nós também saudamos a inclusão, na presente resolução, de parágrafos operativos que exigem um imediato cessar-fogo, o fim à violência e a todos os ataques a civis e que sublinham a necessidade de intensificarem-se esforços que levem às reformas políticas necessárias para uma solução pacífica e sustentável. Esperamos que tais esforços continuem e tenham sucesso
"

FONTE: blog “Os amogos do Presidente Lula” (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2011/03/comicio-alienigena-de-obama-e-cancelado.html) [imagem do Google adicionada por este blog].

2 comentários:

Unknown disse...

o brasil não votou contra a posição dos eua no cs, ele se absteve de votar, o que e completamente diferente. a mensagem que passamos pros 2 lados envolvidos, libia e potencias ocidentais, foi a de 'resolvam entre voces mesmos, nos deixem fora disso'. o que fizemos foi tirar o corpo fora. se estivessemos na era amorim, provavelmente teriamos nos envolvido na briga, fazendo oposição aos eua. portanto, a pe do brasil mudou sim. agora é neutra.

Unknown disse...

Alexandre,
Também achei que o voto do Brasil poderia ser mais claramente contrário à ação de exclusão aérea sobre a Líbia. Parece-me que ele foi fruto de negociação e consenso entre os BRICs + Alemanha. Por isso, resultou muito diplomático para o meu gosto. Pelo menos, marcou posição como não-aprovação.
Maria Tereza