quarta-feira, 8 de junho de 2011

PARCERIA ENTRE BRASIL E VENEZUELA AUMENTOU O FLUXO COMERCIAL

A presidenta Dilma Rousseff e o presidente Hugo Chávez durante declaração à imprensa no Palácio do Planalto. Foto: Roberto Stukert Filho/PR

“A parceria entre Brasil e Venezuela foi destacada pela presidenta Dilma Rousseff, na segunda-feira (6/6), durante declaração à imprensa, no Palácio do Planalto. Na companhia do presidente venezuelano Hugo Chávez, a presidenta brasileira classificou como importante o diálogo entre os dois países. Dilma Rousseff iniciou o pronunciamento dando “muchas gracias” pelo fato de Chávez ter aceito o convite para visitar o Brasil.

Sua presença comprova a elevada estima e parceria estratégica que liga o Brasil e a Venezuela. Nosso diálogo sobre os pontos principais da agenda e todas as atividades e as cooperações que já realizamos juntos mostram como é produtivo e amplo o nosso interesse comum. E mostra também o tamanho do esforço que temos que fazer para explorará-los.”

A presidenta Dilma lembrou que os desafios ocorrem em todas as áreas, mas, sobretudo, no plano social. “Nós queremos promover a melhoria das condições de vida de nossos países”, contou. A presidenta diz ter certeza que a Venezuela, com sua política interna, e o Brasil, por tudo que desenvolveu até então e a partir de agora por meio do plano “Brasil sem Miséria”, podem incrementar o intercâmbio regional.

No discurso, a presidenta lembrou, também, o crescimento do comércio entre os dois países. Ela fez questão de assegurar a importância das importações brasileiras do mercado venezuelano. Isso permitiu um crescimento, em 2010, de 43%. A presidenta destacou que a relação comercial só tem importância quando “ambos ganham”, ou seja, o comércio somente tem força quando os países se beneficiam.

Dilma Rousseff lembrou, também, as parcerias entre a Petrobras e a PDVSA e que os acordos entre as duas companhias resultarão numa ampla integração. Segundo disse, a dimensão e a abrangência dos investimentos das empresas dos dois países reforçam a confiança nesses mercados. A presidenta lembrou que, durante séculos, o Brasil esteve voltado para outros mercados e que, atualmente, começa a mudar o rumo. Ela disse que tratou desse assunto no encontro com o presidente Chávez.

Em seguida, a presidenta explicou sobre a importância com que Brasil e Venezuela tratam o desenvolvimento nas regiões de fronteira nas áreas de energia elétrica, financeira e de tecnologia de informação. Ela frisou, também, que o Brasil aguarda com “grande expectativa” o processo de inclusão da Venezuela ao Mercosul.

Destacou, também, a atuação do presidente Hugo Chávez na volta do ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, ao seu país. Lembrou, também,da reunião de criação da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que acontecerá em 5 de julho, em Caracas.

Enquanto isso, Hugo Chávez destacou a importância do Brasil no contexto da América do Sul. Chávez explicou que a primeira vez que se encontrou com a presidenta Dilma “me roubou o coração”. Chávez contou que isso ocorreu em Caracas, quando a presidenta era ministra de Minas e Energia do governo do presidente Lula.

Após a declaração à imprensa, Dilma Rousseff e Hugo Chávez se deslocaram para o Palácio Itamaraty onde os convidados foram recebidos em almoço.

DECLARAÇÃO À IMPRENSA DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA, DILMA ROUSSEFF, EM CONJUNTO COM O PRESIDENTE DA VENEZUELA, HUGO CHÁVEZ

Palácio do Planalto, 06 de junho de 2011

[Saudações iniciais aos presentes aqui omitidas]

“Queria iniciar dizendo: muchas gracias, presidente Chávez, por aceitar meu convite para visitar o Brasil. Sua presença entre nós comprova a elevada estima e a parceria estratégica que liga o Brasil à Venezuela.

Nosso diálogo sobre os principais pontos da nossa agenda e todas as atividades e as cooperações que nós já realizamos juntos, mostram como é produtivo e como são amplos os nossos interesses comuns. E mostram, também, o tamanho do esforço que nós temos de fazer para explorá-los.

Os tempos que nós vivemos colocam para nós desafios fortes, desafios em todas as áreas: na área da economia, na área da política, na área da cooperação internacional, no desafio científico e tecnológico e, sobretudo, no plano social.

Nós queremos promover a melhoria das condições de vida nos nossos países. E eu tenho certeza de que a Venezuela, pela sua política interna, e o Brasil, por toda a política desenvolvida até aqui e, agora, pelo ‘Brasil sem Miséria’, vão ser capazes de evidenciar esse compromisso profundo com a questão social.

Nós sabemos que o nosso intercâmbio comercial vem crescendo sistematicamente. Nós chegamos a US$ 4,7 bilhões no ano passado. Já recuperamos todas as consequências da crise de 2008 que se abateu sobre o mundo.

Eu disse ao presidente Chávez da minha imensa satisfação pelo aumento das importações feitas pelo Brasil de produtos provenientes da Venezuela, que alcançaram US$ 830 milhões em 2010, um aumento de 43%. Nós temos certeza de que a relação comercial entre países é, necessariamente, relação em que ambos ganham.

Para seguir estimulando maior equilíbrio nas relações comerciais e bilaterais, vão ser fundamentais as negociações em curso entre os dois países para o fornecimento de diesel, coque, ureia e metanol venezuelanos ao mercado brasileiro.

A Venezuela e o Brasil, através da PDVSA e da Petrobras, têm tido uma série de acordos que visam, justamente, a aumentar a integração e a parceria entre essas empresas.

Além disso, a Venezuela quer fortalecer sua indústria e sua agricultura, quer fortalecer sua infraestrutura e agregar valor aos imensos recursos naturais de que dispõe.

O Brasil pode e deve contribuir para esse esforço. As empresas brasileiras continuarão empenhadas em garantir a continuidade dos projetos em execução, que incluem hidrelétricas, estradas, metrôs, siderurgia, petroquímica, construção naval e indústria de processamento de alimentos. A dimensão e a abrangência desses investimentos demonstram a confiança do setor privado brasileiro na economia venezuelana.

Senhores jornalistas, senhoras jornalistas,
Senhores ministros, senhoras ministras,
Brasileiros e venezuelanos presentes a esta cerimônia,

Durante séculos, o nosso olhar esteve voltado para centros distantes da nossa realidade. Nossos portos e nossas cidades litorâneas cresceram, enquanto o interior da América do Sul permaneceu adormecido. Nós sabemos das gigantescas riquezas naturais da Amazônia e de sua diversidade.

Conversei com o presidente Chávez: como continuar explorando as complementaridades entre a Venezuela e o Brasil? Queremos reproduzir as exitosas experiências de Boa Vista e Manaus, que já se beneficiam da extensão da rede de fibra ótica venezuelana, o que tem permitido acesso a conexões de alta velocidade em Roraima e no Amazonas.

Decidimos, por isso, realizar o segundo ‘Seminário de Integração Amazônia-Orinoco’, em Puerto Ordaz, com vistas à formulação de plano de desenvolvimento integrado para articular as cadeias produtivas nesses setores: metal-mecânico, agroindustrial, produção de vidros e outros.

No setor de energia, nós já temos uma linha de transmissão que sai da hidrelétrica de Guri e fornece 90% da eletricidade consumida em Roraima.

Nossa região fronteiriça deve e merece uma política e várias iniciativas de interconexão de nossos sistemas, sejam eles elétricos, de telecomunicação, rodoviários, e sejam também sistemas de integração de cadeias produtivas.

Abrimos agência da Caixa Econômica Federal e do Banco da Venezuela em Pacaraima e Santa Elena de Uairén, e vamos fortalecer todos os projetos de financiamento dessa fronteira.

Vimos, com satisfação, outra iniciativa muito importante, que é a existência de um projeto de parte a parte, da Venezuela e do Brasil, que visa a pensar o desenvolvimento dessas regiões, tanto da faixa petrolífera do Orinoco, quanto da área gasífera do estado de Sucre, bem como da nossa região ali de Roraima e, enfim, o norte da Amazônia.

Nossa integração sempre foi e irá além dos projetos de infraestrutura. Nós queremos realizar todo o potencial de integração, promovendo a cidadania, o bem-estar e a dignidade dos nossos povos.

Coloquei neste encontro com o presidente Chávez nosso governo à disposição para compartilhar nossas bem-sucedidas experiências em habitação, através do ‘Programa Minha Casa, Minha Vida 1 e 2’ e da inclusão bancária, e aumentar a troca de experiência entre os nossos governos nas áreas de proteção social, do trabalho, da saúde, dos direitos humanos, da educação, de políticas para as mulheres, e também na área agrícola, em que a similaridade entre biomas brasileiros e venezuelanos permite que nós possamos transferir tecnologia e experiências das nossas áreas de cerrado para as áreas venezuelanas de cerrado.

Meu querido presidente Chávez,

Nossos países estão ligados não só pela geografia e pela convivência harmoniosa e pacífica. Também nos une a determinação de fazer do espaço sul-americano zona de paz, de democracia, cooperação e crescimento econômico, com inclusão social e respeito aos direitos humanos.

É com grande expectativa que aguardamos a conclusão do processo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL.

Vejo como muito promissora a coordenação entre a Venezuela e a Colômbia para equacionar temas de grande importância para a região. Ambos países merecem as nossas congratulações por compartilharem o exercício do mandato da Secretaria-Geral da UNASUL e atuarem exitosamente no retorno do presidente Zelaya a Honduras.

Quero, ainda, cumprimentá-lo pela condução do processo que levará, em 5 de julho próximo, em Caracas, à consolidação da ‘Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos’, a CELAC. Esse novo fórum oferecerá marco mais amplo para funcionamento e articulação dos vários mecanismos de integração. A realização desses objetivos é a essência do ideário latino-americano e caribenho.

A Venezuela pode estar certa de que o Brasil estará ao seu lado nessa luta, que é de todos nós, países latino-americanos, pela integração e a aproximação dos nossos países; [pela] criação, aqui nesta parte do mundo, de harmoniosa cooperação, de um mundo democrático, respeitador dos direitos humanos e, sobretudo, de um mundo que passa por grandes transformações, na medida em que seus povos passam a ter condições de repartir as riquezas produzidas nesta região.

Eu queria destacar que o Brasil e a Venezuela têm papel fundamental nessa caminhada de integração na nossa região. E dizer que acredito que houve grande avanço, nessa década que passou, no sentido da criação de ambiente de cooperação e harmonia.

É com esse espírito de otimismo e confiança quanto ao futuro da relação bilateral entre o Brasil e a Venezuela que nós conduzimos este encontro e conduziremos os próximos.

Queria agradecer ao presidente Chávez, a toda a sua equipe, e assegurar que nós olhamos com muita esperança o futuro da nossa região, tendo a certeza que contribuiremos para construir, de forma sólida, países desenvolvidos e países democráticos. É isso que é a nossa ambição. Creio que compartilho com o senhor, presidente Chávez.

Muito obrigado.”

FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/parceria-entre-brasil-e-venezuela-aumentou-o-fluxo-comercial/).

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