sábado, 16 de agosto de 2014

MARINA PODE ATROPELAR OS TUCANOS?


Marina já tem experiência em ser auxiliar do PSDB


[OBS deste 'democracia&política': 

Repito o que aqui já externamos ontem: a direita do mercado está brincando com fogo. "Tocará o horror" para ela quando Marina aparecer no Datafolha e no Ibope em 2º lugar, desbancando o trôpego e vazio Aécio, que passará para 3º. A direita quer que ela sirva apenas para levar a eleição para o 2º turno, porém sem ameaçar Aécio, já comprometido e submisso ao "mercado" (aos megaespeculadores e banqueiros internacionais), como todo bom tucano. Foi assim na eleição de 2010, quando o papel de Marina, planejado e incentivado pela direita e sua mídia, foi somente levar José Serra para o 2º turno. Conseguiu, mas não adiantou nada. Serra perdeu para Dilma. 
Por fim, um detalhe. Tenho dúvidas se os cativantes lemas de Marina "A programática da sustentabilidade sustentável" e  "não às hidrelétricas e termoelétricas" empolgará o povo eleitor.
Vejamos a seguir o bom artigo de Rodrigo Vianna].

Marina pode atropelar os tucanos?

"O sonho dos tucanos (leia aqui) é que Marina Silva apareça forte na próxima pesquisa, mas que depois seja desidratada para abrir passagem a Aécio Neves. Falta combinar com os eleitores.

Por Rodrigo Vianna

Com o olhar compungido, Marina Silva surge numa sala apertada, para o primeiro pronunciamento depois da morte de Eduardo Campos. Não fala de temas eleitorais, oferece “apenas” conforto à família do candidato morto. Não tem pompa nem pose, não quer parecer uma “estadista”…

Assisto à cena na Redação. Uma colega, menos afeita aos temas da política, pergunta: “quando será que ela começa a campanha pra valer? Precisa esperar uns dias, né?”.

Outro jornalista, mais experiente, responde rápido: “a campanha dela já começou; isso aí que você tá assistindo é o primeiro pronunciamento de campanha”.

Poucas horas depois, converso com outro colega – raposa velha em coberturas eleitorais: “o que você achou da fala da Marina?”. E ele: “importa pouco o que ela disse; importa muito mais a maneira como aquilo foi dito”.

Marina Silva não precisa falar de política para fazer política. Essa é a grande força da candidatura dela. Não sei se Marina surgirá na faixa dos 15%, ou acima dos 20% na próxima pesquisa "DataFolha" (que será divulgada entre domingo e segunda-feira). Mas sei que ela tem uma boa chance de encampar o discurso da “não-política”. Um discurso que é – claro – tudo menos “não-político”.

Eduardo Campos enfrentava enorme dificuldade para conquistar esse eleitor desesperado por algo “novo”. Aécio, então, nem se diga…

Esse era o grande nó da campanha em 2014. Um terço dos eleitores está fechado com Dilma; outra parcela (bastante barulhenta, mas que reúne pouco menos de um terço do total) se dispõe a votar em qualquer um contra o PT; só que há ainda 30% dos eleitores que não querem PT mas também não topam PSDB. Esse é o eleitor desiludido “com tudo que está aí”.

Em 1960, esse clima de “mar de lama” terminou em Janio. Em 1989, a desilusão terminou em Collor.

Em 2014, Eduardo achou que poderia ser a terceira via, com um discurso moderado, a meio caminho entre PT e PSDB. Não entendeu, talvez, que esse terço “desiludido” dos eleitores não quer meio-termo, não quer meio do caminho. Quer alguém que seja (ou pareça) outro caminho.

Até duas semanas atrás, estava claro que a sorte de Dilma era ter uma oposição que não representava a “mudança”. Aécio é um político jovem, mas tem uma imagem precocemente “envelhecida”, até pelas companhias de palanque (Serra, FHC etc). Eduardo era uma liderança nova, mas também pesava contra ele a imagem de “político engravatado”.

Marina, não.

Comentaristas atucanados nem esperaram o corpo de Eduardo ser recolhido. Começaram a espalhar que Marina é a candidata perfeita “para garantir o segundo turno”. Acham que ela repetirá 2010, quando os votos marineiros levaram de fato Serra ao segundo turno.

Só que, no meio do caminho, houve junho de 2013. A sociedade, ali, pareceu pedir mudanças mais profundas no sistema político. Dilma fez a leitura correta: propôs a Reforma Política e a Constituinte; estratégia barrada pelo PMDB. O mal estar se aprofundou desde 2013…

A oposição (com seus comentaristas gagos nas rádios e seus acadêmicos de segunda linha) não compreende por que o eleitor que pede mudança não vota no Aécio. Ora, a maioria do Brasil não quer andar para trás… Um terço vai com Dilma. Outro terço quer mudança sem tucano, nem liberalismo velho dos anos 90.

Marina pode ocupar esse espaço.

O sonho dos tucanos é que ela apareça forte na próxima pesquisa, mas que depois seja desidratada para abrir passagem a Aécio Neves. Falta combinar com os eleitores.

O mais provável é que, se a opção Marina prosperar no PSB (e tudo indica que vai prosperar), a eleição se decida entre Dilma e a ex-ministra do Meio Ambiente.

O que pode barrar Marina? O veto do empresariado, dos ruralistas e das empreiteiras preocupados com o discurso “antidesenvolvimento” dela. Francamente, esse não é um obstáculo relevante do ponto de vista eleitoral…

Marina pode virar a candidata da “antipolítica” (mesmo com apoio da "Natura", "Itaú", e de economistas liberais – que teriam o papel, justamente, de chancelar os compromissos dela com o chamado “mercado”). Até porque, isso é inegável, Marina carrega – legitimamente – as bandeiras de um novo ambientalismo e de uma juventude que esperam mais do que acordos com o PMDB para mudar o Brasil.

Mais que isso: ela vai carregar a imagem de Eduardo Campos Brasil afora. O jovem que queria “mudar o Brasil”. O apelo é forte.

Marina pode ser uma espécie de Janio de 2014? Ela é mais que isso, certamente.

Evangélica, verde, messiânica. Será que é nesse “novo” que o Brasil vai apostar?

Do outro lado, há Lula e um projeto em parte desgastado. Há uma militância que defende Dilma (sem empolgação) contra os tucanos. Mas terá a mesma disposição para enfrentar Marina? Com qual discurso?

Minha impressão é de que a candidatura Marina Silva tem boas chances de prosperar, e de tirar os tucanos do segundo turno.

Marina – se for de fato confirmada como candidata – pode ganhar de Dilma? Sim. Tem chances mais que razoáveis. Mas gostaria de ouvir a opinião dos internautas. Porque nesse tema não há certezas…"


FONTE: escrito por Rodrigo Vianna no seu blog "Escrivinhador"  (http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/palavra-minha/marina-pode-atropelar-os-tucanos.html#more-32240). [Imagem do google, sua legenda e trecho inicial entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

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