sábado, 17 de julho de 2010

“REPÚBLICA SINDICALISTA” DE SERRA FOI UMA FRAUDE DO LACERDA


Na foto, Serra denuncia a “Carta Brandi” e a “república sindicalista” (*)

Zé Pedágio fez grave acusação às centrais sindicais.

Artur Henrique respondeu: vai esperar para ver como o Serra administra o [próprio] seguro desemprego a partir de outubro.

Zé Pedágio foi para a extrema direita – se é que não esteve sempre lá.

Passou a adotar o jargão dos golpistas que derrubaram Jango em 1964.

A velha UDN golpista de sempre reincorporada no PSDB de São Paulo.

A UDN acusava o Jango de montar uma “república sindicalista”.

O Leandro Fortes já tratou disso com precisão.

O Vitor Nuzzi, do ‘Brasil Atual’, segue a mesma trilha e vai mais atrás: à origem fraudulenta da “república sindicalista”.

É uma carta falsa manipulada pelo Carlos Lacerda – o pai de todos os golpistas – e redigida por Luiz Fernando Mercadante, que trabalhava como repórter na Tribuna da Imprensa.

Mercadante me contou que foi ele quem escreveu a Carta Brandi, quando eu e ele trabalhávamos na revista Realidade.

No artigo do Vitor, o Newton Carlos mostra que Lacerda sabia que a carta era falsa.

Como diz o Ciro Gomes: o Serra não tem escrúpulos; se for preciso, passa com um trator por cima da mãe.

Vamos ao Vitor:

LACERDA ORIGINOU “REPÚBLICA SINDICALISTA” BASEADO EM ASSINATURA FALS
A

Por: Vitor Nuzzi, Rede ‘Brasil Atual’

Publicado em 15/07/2010

"Líder da UDN divulgou documento forjado que acusava João Goulart em 1955. Termo agora usado por Serra era, em 1964, um dos preferidos dos golpistas.

João Goulart foi acusado de ser parte de trama falsa de venda de armas a forças de sindicalistas. Tese virou munição golpista.

O presidenciável José Serra não resistiu à tentação, ele também, de usar a expressão “república sindicalista” para rebater críticas de dirigentes sobre supostas iniciativas parlamentares do tucano na criação do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O termo aparece com alguma regularidade na história política brasileira, curiosamente sempre usado por vozes conservadoras. Convém lembrar que tal expressão surgiu de uma operação farsesca ainda nos anos 1950 e ganhou força no avanço golpista dos 1960.

Em 1955, o jornalista Carlos Lacerda divulgou uma carta atribuída ao deputado argentino Antonio Brandi, peronista, que teria enviado ao ministro do Trabalho, João Goulart. Fazia referência a compra de armas e à organização de uma república sindicalista no Brasil. Tudo falso. E quem descobriu foi um jovem repórter da própria Tribuna de Imprensa, jornal de Lacerda. Quem contou, em 2002, para o projeto “Memória da Imprensa Carioca” foi o repórter e hoje comentarista internacional Newton Carlos.

“Vamos recordar um episódio conhecido como Carta Brandi. Foi divulgado o texto de uma carta que um peronista de nome Brandi teria mandado ao Jango propondo a criação de uma república sindicalista na América Latina, a partir de um eixo Brasil-Argentina. O petardo partiu da Tribuna mas logo surgiram desconfianças de que a assinatura da carta era falsa. Nesse meio tempo, o Perón caiu. O Lacerda foi à Argentina e eu o acompanhei com a missão de levantar a ‘autenticidade’ da carta. Descobri que a assinatura era de fato falsa. Avisei ao Lacerda. Ele disse: ‘você não tinha nada que descobrir. O Jango que descobrisse’”.

Na articulação para derrubar o presidente João Goulart, um dos argumentos preferidos foi o de que se instalada no Brasil uma temível… “república sindicalista”. Na época, havia sido criado (em 1962) o Comando Geral dos Trabalhadores, que apoiava Jango, mas ao que se sabe até hoje não tinha nenhum arsenal escondido para defendê-lo após o golpe.

Volta e meia, alguém surge com a velha expressão, talvez desconhecendo sua origem. Em fevereiro de 2008, a cientista política Lúcia Hippolito recorria ao termo para criticar a “excessiva influência” dos sindicalistas no governo. Em julho de 2009, o jornal O Globo apontava “a república sindicalista”, sempre ela, “instalada na Petrobras”. A revista Época, do mesmo grupo, também “denunciou” este ano a tal potência sindical atuante na gestão Lula. Desnecessário dizer que a Veja também lançou mão do surrado termo para uma de suas tonitruantes matérias.

E isso porque tudo surgiu de um fato falso. Que o patrão da época não quis publicar, mas os trabalhadores descobriram faz tempo. Os discursos de hoje podiam, pelo menos, ser mais originais."


(*)
Mal comparando, pois o Serra não tem 1/10 do talento do Lacerda. A inclinação golpista é a mesma, mas no interior do cérebro a diferença é abissal.

FONTE:
publicado no portal “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim.

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