Mauricio Funes
“O Brasil demonstrou que o combate à pobreza é o modo mais eficiente de política que combina crescimento econômico com justiça social
A grande crise econômica e financeira que começou em 2008 nos EUA evidenciou o esgotamento de um modelo nascido dos Consensos de Washington.
Em termos gerais, esse modelo resultou em um empobrecimento maior dos países periféricos e no aumento da dependência dos altos e baixos dos mercados mundiais.
A história registra muitas experiências de encerramento de um ciclo sem que se enxerguem as linhas básicas do novo rumo em formação. Não é esse o caso atual. Países como Brasil e Índia revelam as diretrizes essenciais de um novo modelo, superador do anterior e de correntes ideológicas e políticas historicamente opostas. Para dizê-lo de modo muito sintético: o Brasil -nosso paradigma latino-americano- demonstrou que o combate à pobreza é a ferramenta mais eficiente de uma política que combina crescimento econômico com justiça social.
Ademais, o governo do presidente Lula demonstrou a falsidade neoliberal da contradição entre o equilíbrio das políticas macroeconômicas e o aprofundamento e ampliação das políticas sociais de equidade e inclusão.
Para a América Latina, a liderança crescente do Brasil constitui uma luz no fim do túnel. De fato, em nossa região, tensionada por ideologismos anacrônicos, destituídos de imaginação ou rumo, o Brasil do presidente Lula erigiu-se em um equilíbrio imprescindível.
O Brasil mantém um crescimento alto no terreno econômico e, no campo social, constituiu-se na vanguarda da luta pela vigência plena dos direitos humanos e sociais. É lógico, portanto, que, para países e lideranças democráticos, o modelo brasileiro seja uma referência clara, sobretudo na América Central, caracterizada por atraso, fragilidade econômica, pobreza e alto grau de vulnerabilidade.
Desde junho de 2009, El Salvador iniciou um processo de alternância política. Nessa etapa, fortalecemos as instituições da democracia, a segurança jurídica e o Estado de Direito, ao mesmo tempo em que, em um feito histórico, pedimos perdão às vítimas das violações dos direitos humanos durante o conflito armado dos anos 1980.
Concomitantemente, começou-se a gerar uma abertura nítida na política externa, no passado fortemente ideologizada; foram consolidados e ampliados os laços de amizade com os EUA, abrimos relações diplomáticas com Cuba e geramos aproximação franca com o Brasil.
Assim, em março de 2009 -como presidente eleito- e em setembro -já em visita oficial-, estive no Brasil. No final de março deste ano, recebemos a visita do presidente Lula, para fechar acordos bilaterais e programas de apoio do Brasil ao meu país.
Encontros bilaterais em diversas áreas avançaram em ações concretas, que representam uma grande contribuição para El Salvador, que se mostrou praça estratégica para o investidor brasileiro, em virtude de sua posição geográfica e de suas relações comerciais vantajosas com os grandes mercados dos EUA, México, América Central, Caribe e União Europeia.
A Semana de El Salvador na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é prova da relação estreita que vem sendo forjada entre nossos governos e empresários e oportunidade para investidores, em particular nos setores têxtil, agroindustrial, turismo, infraestrutura, energia, aeronáutica, manufatura leve, serviços médicos, química, farmacêutica, serviços empresariais à distância, desenvolvimento de softwares e bancário.”
FONTE: escrito por Mauricio Funes, presidente de El Salvador, e publicado na Folha de São Paulo (tradução de Clara Allain).
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