quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

FALTA MUITO, MAS ESTAMOS CAMINHANDO


Por Fernando Brito

“Terça-feira (10), escrevi para o blog ‘Projeto Nacional’ um post mostrando como, apesar de toda a histeria da mídia, os níveis de inflação no Brasil eram muitíssimo inferiores aos dos demais países da América do Sul. E como a evolução do nosso salário-mínimo, apesar de ser ainda absolutamente insuficiente para que se possa dizer que ele chegou a níveis adequados, começa a nos trazer para [níveis] um pouco menos distantes de outros países, daqui e da Europa.

Uma observação necessária, porque é tolice a posição ufanista de dizer que somos o máximo, como é tolice a posição de apenas ficar repetindo que ainda estamos muito mal – como estamos, é inegável – em matéria de elevar a renda do trabalhador para patamares dignos e capazes de fazer com que o Brasil desenvolva todo o seu potencial de produção, consumo e elevação da qualidade de vida.

E ontem, o jornal “Brasil Econômico” publicou matéria exatamente nesse sentido.

Porque a evolução econômica brasileira tem de ser considerada dentro do quadro de dificuldades. É fácil prosperar na abundância; difícil é continuarmos a fazer isso num mundo que, há quase quatro anos, – em graus diversos – convive com a crise e a estagnação.

Diz a reportagem que, há 10 anos, os americanos ganhavam 12 vezes mais que os brasileiros e que, hoje, a diferença é de quatro vezes.

O texto de Gustavo Machado deve ser lido exatamente assim: ainda é muito, era muito mais.

“A crise internacional que atingiu as principais economias do mundo, em especial a dos Estados Unidos, está reduzindo a diferença entre o rendimento de brasileiros e americanos.

Levantamento feito pelo jornal “Brasil Econômico” mostra que, em 2002, por exemplo, a renda dos americanos era 13 vezes maior que a dos brasileiros.

No ano passado, essa diferença caiu para quatro vezes.

Claro que a desvalorização do dólar nos últimos anos tem peso importante nessa base de comparação, mas ela sozinha não justifica a mudança. Entre os motivos – além do câmbio – estão a desvalorização patrimonial (com os preços dos imóveis e das ações em queda), o desemprego elevado e a inflação ascendente nos Estados Unidos.

No Brasil, acontece efeito inverso. A renda está em expansão, o desemprego é um dos menores da história e a inflação, apesar de ter fechado 2011 no teto da meta do governo (6,5%), ainda é baixa se comparada como histórico recente do país.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a renda brasileira por habitante em 2002 era de US$ 5.797. Em 2011, ela deverá avançar US$ 12.916, alta de 122,8%. E isso acontece apesar da carga tributária elevada, que no Brasil corrói o ganho dos trabalhadores em peso muito maior que o de outras nações.

Já a renda dos americanos subiu 37,6% - três vezes menos que a do brasileiro – e passou de US$ 34.995 em 2002 a US$ 48.147 no ano passado.”

Portanto, cuidado com as críticas – e muitas delas justíssimas – feitas à política econômica brasileira. Temos, ainda, o imenso desafio – talvez o mais difícil de todos – de baixar os juros, que nos consomem quinze vezes mais recursos que o Bolsa-Família. São 5% do nosso PIB, valor comparável à Educação ou à Saúde.

2012 pode ser o ano em que começaremos a reverter essa situação monstruosa. E não esperemos que o “mercado” e seus porta-vozes assistirão silenciosos à redução dessa imensa [desigualdade e a] transferência de recursos da população de que são beneficiários. Tudo, rigorosamente tudo, será motivo para [o “mercado” e seus porta-vozes] evitá-las. E, frequentemente, dourarão essa pílula amarga com os argumentos da mais generosa doçura.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Tijolaço”  (http://www.tijolaco.com/falta-muito-mas-estamos-caminhando/). [Pequenos trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

Um comentário:

Probus disse...

Oi Maria Tereza, vou postar o link aqui... depois, dê uma olhadinha na foto supra, fazia tempo que eu não via uma foto dessa.

http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/mundo/fidel-esta-sao-salvo-diz-ahmadinejad-apos-visita-havana-3655749