quarta-feira, 7 de março de 2012

O “MERCADO” NÃO “ASSESSORA”; O MERCADO GANHA DINHEIRO


Por Fernando Brito

“O dia de ontem deveria trazer lições para aqueles que não entendem que a única lógica do mercado é o lucro.

De manhã, o Banco Central divulgou o "boletim Focus", que traz as previsões do mercado sobre inflação e juros.

E o noticiário repercutiu a “aposta” das principais instituições financeiras numa “estabilização” da inflação em 5,24% e com a mesma expectativa de corte de 0,5% na taxa SELIC.

Mas como, se a semana passada foi repleta de indicadores de baixa muito forte da inflação e, ontem, o “Índice de Preços ao Consumidor da FIPE” registrou – como antes o IGP-M, até deflação em fevereiro?

Lógico que ninguém está esperando um IPCA – índice oficial de inflação - negativo, por conta da diferença de abrangência e ponderação desse indexador. Mas o que faria com que as “previsões de mercado” estimassem nada além de queda modesta nos aumentos de preço.

Vejam: na previsão divulgada ontem, e entregue sexta-feira ao BC, o IPC-Fipe – este que veio em menos 0,07% era “estimado” em 0,45% para fevereiro. Será que os principais bancos do país não sabiam que iria cair fortemente?

Sabiam.

Vejam o que diz matéria da “Agência Estado”:

O resultado apurado pela “Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas” (FIPE) ficou no piso das estimativas de 21 analistas consultados pelo AE Projeções, que oscilavam entre -0,07% e +0,09%, com mediana de 0%.

Nernhuma criança poderia acreditar que, se 21 analistas econômicos previam, no máximo, 0,09%, a média das instituições financeiras esperasse 0,45% [5 vezes maior!].

Da mesma maneira, os previsores não crêem numa taxa de juros abaixo dos 10% que já “consagraram” como “aceitável” para a próxima reunião do COPOM, que começou ontem, terça-feira.

É a chamada “profecia autorrealizável”, porque ela baliza o que a autoridade monetária pode fazer sem despertar reações adversas. Ou, na prática, a entrega da condução da política de juros a uma espécie “consenso” entre o apontado pela conjuntura econômica e o “desejo” dos financistas.

Mas, por via das dúvidas, continuaram apostando em algo ligeiramente acima disso em matéria de corte, porque já aprenderam, no ano passado, que o Banco Central não é mais tão dócil aos seus desejos quanto era antes, inclusive na gestão de Henrique Meirelles.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional”  (http://blogprojetonacional.com.br/o-mercado-nao-assessora-o-mercado-ganha-dinheiro/).

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