sábado, 14 de setembro de 2013

“ACORDO DE OSLO” FAZ 20 ANOS SEM OBTER PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINOS


Aperto de mão histórico de Rabin e Arafat era símbolo da esperança, mas acabou em frustração

Apesar do fracasso, analistas ainda veem o acordo como exemplo de que caminho da negociação é possível

Por Diogo Bercito, de Jerusalém, para a "Folha de São Paulo"

Há 20 anos, quando o ‘Acordo de Oslo’ foi assinado, o mundo enxergou na fotografia do aperto de mão entre o premiê israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat um indício de que a paz estava próxima.

Duas décadas depois, a persistência da ocupação israelense [nas terras roubadas à força dos indefesos palestinos, proibidos de terem Forças Armadas para se defenderem do invasor], o crescimento do grupo radical Hamas na faixa de Gaza e a crescente desconfiança entre as partes fazem com que as propostas de Oslo sejam vistas pelo prisma do fracasso histórico.

O texto assinado em 13 de setembro de 1993, sob mediação do presidente americano, Bill Clinton, tinha por objetivo criar uma solução temporária para o conflito.

As autoridades palestinas eram reconhecidas por Israel e obtinham a gestão de um governo interino. Um acordo definitivo seria assinado em cinco anos.

Mas Rabin foi assassinado em 1995 por um extremista israelense.

Em 2000, a intensificação dos conflitos resultou na “Segunda Intifada”, uma revolta nos territórios palestinos [com a população em maioria civil palestina, mulheres e crianças,  massacrada pelas Forças Armadas Israelenses, inclusive com armas químicas (fósforo branco), armadas pelos EUA] que levou a mais de 4.000 mortos, entre civis e militares.

"Oslo não chegou ao seu destino", disse à “Folha” Husam Zomlot, comissário executivo do órgão palestino para os assuntos externos. "Houve perda de vidas, de território e de unidade", diz.

Para Zomlot, o “Acordo de Oslo” garantiu um "processo duradouro", em vez da "paz duradoura" --ou seja, um constante estado de negociação enquanto, na prática, uma solução se torna cada vez mais complicada [Enquanto isso, Israel continua impunemente invadindo e se apropriando à força de territórios palestinos].


[O mapa expressa a evolução das invasões até 2000. O 2º mapa da esquerda para a direita indica as fronteiras estabelecidas pela ONU. Israel nunca respeitou essa e outras resoluções da ONU. Após 2000, nestes últimos 13 anos, o roubo de terras palestinas (em verde) aumentou ainda mais. O poder judeu econômico e financeiro (e, em decorrência, poder político e militar) é tão grande nas grandes potências que essas violações continuam toleradas e impunes]

As constantes retomadas de diálogo, como aquela recentemente reaberta pelo governo Obama, são vistas pelas autoridades palestinas como uma maneira de manter um "status quo negativo", diz Zomlot, enquanto os assentamentos judaicos se espalham e a paz se torna inviável na prática.

A “Autoridade Nacional Palestina”, afirma, participa dessa estratégia enquanto se responsabiliza por garantir os serviços no território da Cisjordânia, como educação e saúde. "É uma ocupação a custo zero para Israel", diz.

O estabelecimento de áreas sob administração palestina --mas sem soberania sobre elas-- é o ponto central do acordo.

PERIFERIA

Especialistas apontam um rol de falhas no que foi acordado em Oslo, há 20 anos. Por exemplo, a ideia de um acordo provisório, em vez de definitivo. Além disso, temas centrais foram deixados na periferia das decisões, como as fronteiras dos Estados e uma divisão de Jerusalém.

"Aprendemos, depois de Oslo, que é necessário tomar decisões e forçar a implementação", afirma Mossi Raz, da organização “Peace Now”.

"Tudo o que as autoridades israelenses têm feito nos últimos anos é ’consertar’ os problemas criados por esse acordo" [Para os judeus israelenses, o “conserto” significa se apropriar livremente da inteira área palestina, formando "o Grande Israel"], afirma Tzipi Hotovely, vice-ministra de Transportes e membro do partido governista Likud, de direita.

A política [Tzipi Hotovely] discursou durante um debate do qual a “Folha” participou. Do outro lado, Hilik Bar, do opositor partido Trabalhista, concordava.

Por outro lado, Bar afirma que as negociações de Oslo tiveram o papel histórico de provar que havia, em ambos os lados, "uma liderança capaz de conversar sobre a questão".

FONTE: reportagem de Diogo Bercito, de Jerusalém, publicada na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/128837-acordo-de-oslo-faz-20-anos-sem-obter-paz-entre-israel-e-palestinos.shtml). [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO

IDEIA ERA QUE EM 5 ANOS HOUVESSE ESTADO PALESTINO


“O ‘Acordo’ de Oslo estabeleceu a ‘Autoridade Nacional Palestina’ como governo interino dos territórios da Cisjordânia e da faixa de Gaza. À época, a negociação foi recebida como a esperança de levar à paz de fato.

Uma série de obstáculos, porém, fez com que o caráter temporário do Acordo tenha excedido os cinco anos previstos.

A “Autoridade Nacional Palestina”, por exemplo, mantém o controle da Cisjordânia, apesar de ter sido estipulado que essa seria apenas uma "prerrogativa interina" [Assim como Israel estaria também na região somente como prerrogativa interina, e dentro das fronteiras estabelecidas pela ONU em 1947].

Em 1995, o premiê israelense Yitzhak Rabin, que havia assinado o Acordo, foi assassinado pelo radical israelense Yigal Amir.”

FONTE (da complementação): “Folha de São Paulo”  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/128839-ideia-era-que-em-5-anos-houvesse-estado-palestino.shtml) [Trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

Um comentário:

Ide libertar disse...

Por que a mídia, sempre coloca os israelenses como criminosos, essas terras pertencem ao povo de Deus(ISRAEL),curioso é como muitos não percebem que a mídia e a ONU são pró muçulmanos e contra Israel. Situação semelhante ao que percebo neste artigo.