Aperto de mão histórico de Rabin e Arafat era símbolo da esperança, mas acabou em frustração
“Apesar do fracasso, analistas ainda veem o acordo como exemplo de que caminho da negociação é possível
Por Diogo Bercito, de Jerusalém, para a "Folha de São Paulo"
Há 20 anos, quando o ‘Acordo de Oslo’ foi assinado, o mundo enxergou na fotografia do aperto de mão entre o premiê israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat um indício de que a paz estava próxima.
Duas décadas depois, a persistência da ocupação israelense [nas terras roubadas à força dos indefesos palestinos, proibidos de terem Forças Armadas para se defenderem do invasor], o crescimento do grupo radical Hamas na faixa de Gaza e a crescente desconfiança entre as partes fazem com que as propostas de Oslo sejam vistas pelo prisma do fracasso histórico.
O texto assinado em 13 de setembro de 1993, sob mediação do presidente americano, Bill Clinton, tinha por objetivo criar uma solução temporária para o conflito.
As autoridades palestinas eram reconhecidas por Israel e obtinham a gestão de um governo interino. Um acordo definitivo seria assinado em cinco anos.
Mas Rabin foi assassinado em 1995 por um extremista israelense.
Em 2000, a intensificação dos conflitos resultou na “Segunda Intifada”, uma revolta nos territórios palestinos [com a população em maioria civil palestina, mulheres e crianças, massacrada pelas Forças Armadas Israelenses, inclusive com armas químicas (fósforo branco), armadas pelos EUA] que levou a mais de 4.000 mortos, entre civis e militares.
"Oslo não chegou ao seu destino", disse à “Folha” Husam Zomlot, comissário executivo do órgão palestino para os assuntos externos. "Houve perda de vidas, de território e de unidade", diz.
Para Zomlot, o “Acordo de Oslo” garantiu um "processo duradouro", em vez da "paz duradoura" --ou seja, um constante estado de negociação enquanto, na prática, uma solução se torna cada vez mais complicada [Enquanto isso, Israel continua impunemente invadindo e se apropriando à força de territórios palestinos].
[O mapa expressa a evolução das invasões até 2000. O 2º mapa da esquerda para a direita indica as fronteiras estabelecidas pela ONU. Israel nunca respeitou essa e outras resoluções da ONU. Após 2000, nestes últimos 13 anos, o roubo de terras palestinas (em verde) aumentou ainda mais. O poder judeu econômico e financeiro (e, em decorrência, poder político e militar) é tão grande nas grandes potências que essas violações continuam toleradas e impunes]
A “Autoridade Nacional Palestina”, afirma, participa dessa estratégia enquanto se responsabiliza por garantir os serviços no território da Cisjordânia, como educação e saúde. "É uma ocupação a custo zero para Israel", diz.
O estabelecimento de áreas sob administração palestina --mas sem soberania sobre elas-- é o ponto central do acordo.
PERIFERIA
Especialistas apontam um rol de falhas no que foi acordado em Oslo, há 20 anos. Por exemplo, a ideia de um acordo provisório, em vez de definitivo. Além disso, temas centrais foram deixados na periferia das decisões, como as fronteiras dos Estados e uma divisão de Jerusalém.
"Aprendemos, depois de Oslo, que é necessário tomar decisões e forçar a implementação", afirma Mossi Raz, da organização “Peace Now”.
"Tudo o que as autoridades israelenses têm feito nos últimos anos é ’consertar’ os problemas criados por esse acordo" [Para os judeus israelenses, o “conserto” significa se apropriar livremente da inteira área palestina, formando "o Grande Israel"], afirma Tzipi Hotovely, vice-ministra de Transportes e membro do partido governista Likud, de direita.
A política [Tzipi Hotovely] discursou durante um debate do qual a “Folha” participou. Do outro lado, Hilik Bar, do opositor partido Trabalhista, concordava.
Por outro lado, Bar afirma que as negociações de Oslo tiveram o papel histórico de provar que havia, em ambos os lados, "uma liderança capaz de conversar sobre a questão".
FONTE: reportagem de Diogo Bercito, de Jerusalém, publicada na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/128837-acordo-de-oslo-faz-20-anos-sem-obter-paz-entre-israel-e-palestinos.shtml). [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
COMPLEMENTAÇÃO
IDEIA ERA QUE EM 5 ANOS HOUVESSE ESTADO PALESTINO
“O ‘Acordo’ de Oslo estabeleceu a ‘Autoridade Nacional Palestina’ como governo interino dos territórios da Cisjordânia e da faixa de Gaza. À época, a negociação foi recebida como a esperança de levar à paz de fato.
Uma série de obstáculos, porém, fez com que o caráter temporário do Acordo tenha excedido os cinco anos previstos.
A “Autoridade Nacional Palestina”, por exemplo, mantém o controle da Cisjordânia, apesar de ter sido estipulado que essa seria apenas uma "prerrogativa interina" [Assim como Israel estaria também na região somente como prerrogativa interina, e dentro das fronteiras estabelecidas pela ONU em 1947].
Em 1995, o premiê israelense Yitzhak Rabin, que havia assinado o Acordo, foi assassinado pelo radical israelense Yigal Amir.”
FONTE (da complementação): “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/128839-ideia-era-que-em-5-anos-houvesse-estado-palestino.shtml) [Trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Um comentário:
Por que a mídia, sempre coloca os israelenses como criminosos, essas terras pertencem ao povo de Deus(ISRAEL),curioso é como muitos não percebem que a mídia e a ONU são pró muçulmanos e contra Israel. Situação semelhante ao que percebo neste artigo.
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