domingo, 22 de setembro de 2013

O BRASIL NÃO DEVE COMPRAR SEUS AVIÕES DE CAÇA NOS EUA


F/A-18 E/F Super Hornet, da Boeing 

A ESPIONAGEM AMERICANA MOSTROU PORQUE O BRASIL NÃO DEVE COMPRAR SEUS AVIÕES DE CAÇA NOS EUA

Por Percival Maricato [trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]

“A espionagem dos EUA sobre atividades dos brasileiros, sem perdoar sequer as particulares da Presidente e incluindo projetos, pesquisas e análises econômicas de interesse do Estado Brasileiro, deixam definitivamente claro porque o Brasil sequer pode pensar em comprar caças americanos.

Já é absurdo o gasto previsto nesses aviões, R$ 5 bilhões, que [não podendo ser fator dissuasor para as já concretas (como as cibernéticas) ameaças dos EUA, pois certamente os aviões viriam com fragilidades secretamente inseridas] só servirão para acentuar nossa superioridade sobre os vizinhos, com os quais convivemos harmoniosamente. Não se pode descartar a possibilidade de uma corrida armamentista e o aparecimento da desconfiança sobre as intenções uns dos outros, estimulando todos os países latino-americanos a buscar equilíbrio em armas em outro nível. Ficarão todos mais armados e mais pobres, como acontece em outras regiões do mundo. Por sua vez, continuaríamos em tremenda inferioridade com relação aos países que, fora do continente, já são superiores em armamentos [e que são ameaças mais prováveis]. É muito melhor
, até para a defesa nacional, investir, pois, em ciência, tecnologia, inovação e produtividade, termos uma população alfabetizada, educada, com consciência cívica, que impeça governos nossos submetidos a interesses de países estrangeiros ou golpes encomendados, como o de 1964  [mas isso não exclui a necessidade indispensável de termos capacidade de defesa com armamentos que inibam agressões armadas  e permitam reação a elas].

Mas se os caças devem mesmo ser comprados [pois, como numa casa em bairro com bons vizinhos, não se pode ser ingênuo e inconsequente de não despender em itens de defesa, como em portas, fechaduras, janelas, cercas. Inclusive, porque as ameaças podem vir de não-moradores do bairro], o último país que se pode pensar como fornecedor são os EUA. Certamente, viriam munidos de controles manipulados a partir do Pentágono. No mínimo, logo que descontentássemos os americanos, estes cessariam de enviar peças e armas de reposição [como já o fizeram com muitos países que haviam comprado armas norte-americanas e, em algum momento, não cederam às vontades e ganâncias dos EUA]. Por outro lado, sabe-se que o "irmão do norte" [sic] se recusa a transferir tecnologia a partir da qual o Brasil poderia incrementar sua indústria aeronáutica, ao contrário de suecos, russos e franceses.

Com relação aos sites de espionagem, o Brasil deveria homenagear e pagar os advogados de seus benfeitores, os servidores americanos que nos alertaram e, agora, irão apodrecer nas cadeias americanas. Outros que têm assassinado ou torturado iraquianos, afegãos e paquistaneses gratuitamente recebem penas dez vezes mais brandas do que os que revelam espionagem ilegal contra países amigos.

Ainda no plano internacional, agora parece ter chegado a vez da Síria. Os americanos dizem ter prova de uso de arma química pelo ditador sírio, mas se recusam a mostrá-las ao mundo. Como usaram bombas de napalm [e arma química “agente laranja”] no Vietnã, de fósforo no Paquistão, usam drones [assassinando inclusive, como 'normal efeito colateral', mulheres e crianças inocentes] em diversas regiões, fariam uma figura melhor se deixassem à ONU a apuração dos fatos no país árabe. Ou enviarão os mesmos agentes que constataram “existir armas de destruição em massa no Iraque”? Desta vez, o governo dos EUA tem contra si a própria população. Os americanos, pelo menos, antes apoiavam esse tipo de aventura, destinado a alimentar o ego e a cultura patriótica e agressiva, “dar lições” em determinado país, que também serviam para advertir os demais governantes do risco que corriam ao descontentar o Império. Os EUA parecem expostos a profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais. Quem sabe, finalmente, acabemos com a era dos impérios e dos países-polícias no mundo. A punição a ditadores sanguinários deve ser uma preocupação da comunidade das nações, organizada em torno da ONU. Esta sim tem moral e deve ter tribunais para punir delinquentes de nível internacional, cujos atos ultrapassem limites de tolerância e ferem direitos humanos. Deve, porém, punir delinquentes de qualquer origem e coturno, e não apenas os de pequenos países da África ou Ásia, inimigos do Império.”

FONTE: escrito por Percival Maricato no “Jornal GGN” (http://jornalggn.com.br/noticia/a-espionagem-americana-mostrou-porque-o-brasil-nao-deve-comprar-seus-avioes-de-caca).  [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]

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