“O Brasil não foi o único país na América Latina a despertar o interesse dos Estados Unidos e de sua indústria de espionagem. A ‘Agência Nacional de Segurança’ dos Estados Unidos também realizou o monitoramento de dados em outros países da região. Assim como no caso da Petrobras, as razões econômicas levaram a inteligência estadunidense a voltar suas estruturas para a Venezuela e o México.
Por Patrícia Benvenuti, no “Brasil de Fato”
Enquanto a atração sobre os venezuelanos recai sobre o petróleo, no caso do México o alvo é o setor de energia.
O coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Giorgio Romano, lembra que, apesar da exploração de xisto, iniciada há alguns anos, os Estados Unidos continuam dependentes da importação de petróleo.
“Os Estados Unidos não só consideram o acesso à fonte de energia estratégica para seu próprio uso, mas também para garantir o abastecimento para a economia capitalista global, dominada por ele”, afirma.
Se, no caso específico do Brasil, o interesse está nas reservas do pré-sal, em nível mais amplo os Estados Unidos buscam, com a espionagem, levantar informações sobre a dimensão das reservas de petróleo e mapear a situação das reservas para determinar os preços no mercado. A análise é do consultor em cooperação e relações internacionais Kjeld Jakobsen.
“Essas informações são importantes para beneficiar a participação de empresas americanas nos leilões brasileiros e nos processos de extração de petróleo no México e na Venezuela”, diz o especialista, que já atuou como ex-secretário Municipal de Relações Internacionais de São Paulo e da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
FRAGILIDADES
O caso mostrou, ainda, na avaliação de Giorgio Romano, as fragilidades o Estado brasileiro em se defender contra tentativas de espionagem. Ele recorda que a estrutura de informática brasileira é dependente da rede tecnológica montada e controlada por empresas estadunidenses, como a Microsoft, que seguem a legislação dos Estados Unidos e fornecem todas as informações requisitadas pelo serviço de inteligência.
“A espionagem dos Estados Unidos não se dá por meio de uma estrutura por fora, mas usa o controle de mercados das corporações norte-americanas”, diz o professor.
A opinião é compartilhada por Kjeld Jakobsen. Para ele, as falhas [brasileiras] são uma herança da ditadura civil-militar (1964- 1984), cuja estratégia se baseava nas ações do “Serviço Nacional de Informação” (SNI) e em sua lógica de combate ao “inimigo interno”. O episódio é uma prova, para o especialista, da necessidade de se investir em um serviço de contraespionagem eficiente e na obtenção de servidores de internet nacionais.
Os Estados Unidos se defendem das acusações alegando “questões de segurança e combate ao terrorismo”. As alegações não convenceram o governo brasileiro [Não responderam: por que espionar a Presidente Dilma? A Petrobras?], que tem exigido explicações e estuda aumentar a segurança dos dados no país.
Uma das apostas, agora, é o projeto do “Marco Civil da Internet”, cujo texto estava emperrado na Câmara dos Deputados desde o final do ano passado. O projeto conterá disposição que obriga as empresas de internet instaladas no país, sob as leis brasileiras e com faturamento local, a ter as bases de dados de usuários brasileiros instalada no país em ‘data centers’ próprios ou de terceiros.”
FONTE: escrito por Patrícia Benvenuti, jornalista, no “Brasil de Fato”. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=224681&id_secao=7=). [Imagem do google e trecho entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
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