Aviões P-47 do Primeiro Grupo de Caça da FAB decolam para missão na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial
“No dia 22 de abril de 1945, pilotos brasileiros escreveram um dos mais importantes capítulos brasileiros na luta contra o nazismo na Itália; militares voaram mais de uma missão de guerra nesse dia.
"Em muitas ocasiões, como comandante do 350th Fighter Group, eu fui obrigado a mantê-los no chão quando insistiam em continuar voando, porque eu acreditava que eles já haviam ultrapassado os limites de sua resistência física.”
As palavras são do Major General Nielsen, ex-comandante da unidade americana à qual os pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) estavam subordinados na Itália. O comentário fez parte do pedido para que o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) recebesse a Citação Presidencial Americana –apenas três unidades estrangeiras possuem a comenda.
Os brasileiros entraram em combate no final de 1944 e participaram, no início do ano seguinte, da ofensiva de primavera –um grande esforço aliado para acabar com o conflito na Europa.
Ao mesmo tempo em que conquistavam resultados expressivos, o Grupo de Caça perdia em média três pilotos por mês –média igual à da Força Aérea Americana (USAF), incluindo pilotos abatidos e mortos, desaparecidos e capturados.
Às vésperas do dia 22 de abril, em muitas ocasiões, os pilotos brasileiros tiveram de tomar importante decisão diante das sucessivas baixas: o 1º Grupo de Caça deixaria de existir, com seus pilotos e mecânicos distribuídos nos demais esquadrões aliados, ou continuariam lutando, com número maior de voos por dia, arriscando mais a vida, mas como uma unidade brasileira.
“Só quem esteve em combate sabe o que é voar mais de uma missão no mesmo dia”, recorda o Major-Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima, veterano do Grupo de Caça e autor do livro “Senta a Púa!”. Decidiram lutar mais.
No dia 22 de abril de 1945, num único dia, os pilotos da FAB realizaram 11 missões, na data que simboliza a Aviação de Caça Brasileira. Voaram duas, até três vezes, em intervalos de poucas horas, sob fogo inimigo e enfrentando grande desgaste físico –um piloto perdia dois quilos em uma missão de duas horas de duração.
Engana-se quem pensa que o esforço acabou ali. Por mais três dias, os pilotos brasileiros voaram dez missões diárias. O 22 de abril é, até hoje, o Dia da Aviação de Caça.
O QUE SIGNIFICA JAMBOCK?
Ao chegar na Itália, o 1º Grupo de Caça recebeu dos americanos o nome de código-rádio “Jambock”, ou “Chicote”, segundo explicaram à época. Passados 25 anos, o Major-Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima, piloto veterano da unidade, pesquisou sobre a palavra e descobriu uma grande ironia.
Ela teve origem na Indonésia: era uma vara de madeira usada para castigar escravos, chamada de “Sambok”.
Na África do Sul, mais tarde, virou “Sjambok”, um chicote feito de couro de rinoceronte, utilizado como instrumento de tortura contra escravos. “Por ironia dos fatos, o chicote utilizado pelos brancos contra os escravos africanos, indonésios e malaios passou a ser usado contra os arianos puros de Adolf Hitler, manejados por brasileiros livres que foram à Itália defender a liberdade e a democracia”, escreveu o Brigadeiro emseu livro “Senta a Pua!”.
Até hoje, os pilotos da 1º Esquadrão do 1º Grupo de Caça [Base Aérea de Santa Cruz, RJ] identificam-se na ‘fonia’ como ‘Jambock’.”
Nome "Jambock" e logotipo do "Senta a Púa" estilizados na fuselagem do Embraer 195 da Azul Linhas Aéreas (fotos do site BRASILTURIS JORNAL, transcrito no portal da FAB)
FONTE: site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/685/O-mais-longo-dos-dias-da-FAB-na-Segunda-Guerra-Mundial).
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