quarta-feira, 6 de julho de 2011

BNDES, A JÓIA DA COROA

Sede do BNDES (ao centro, na foto) no RJ

Por Brizola Neto

“Peço licença ao Miguel do Rosário para reproduzir o lúcido e consistente post no qual analisa este caso Pão de Açúcar-Carrefour-Bndespar. E, ao mesmo tempo, aplaudo a insanamente democrática postura do blogueiro de responder, nos comentários, ao máximo, às dúvidas e questionamentos dos leitores. Aqui, a gente sabe o quanto isso dá trabalho e consome tempo. E o quanto é necessário, se queremos, de fato, ser democráticos e esclarecer as pessoas, não apenas “surfar na onda”.

Leia o texto de Rosário:


“Acho que é extremamente saudável que o BNDES tenha virado alvo de ataques da mídia, porque só assim para esse importante órgão do governo decidir-se, como fez a Petrobrás, a adotar uma estratégia de comunicação ousada, compatível com a importância que ele tem para a economia brasileira.

Também resulta numa excelente oportunidade para que a sociedade examine com uma lupa as contas do banco. Entretanto, infelizmente, a maioria das pessoas o fará usando as lentes que a mídia lhe empresta. Cumpre a este blog (prometo nunca mais falar em “blogosfera”, porque só posso responder, naturalmente, por mim mesmo) dar outra versão.

Eis que, pela enésima vez nos últimos anos, deparamo-nos com uma campanha de confusão deliberada.

Os 4 bilhões de reais que o BNDES aplicou na fusão do Pão de Açúcar com o grupo Carrefour vieram do BNDESPar, um braço da instituição que vem se dedicando justamente a esse tipo de operação, sobretudo a partir da gestão de Luciano Coutinho. Desde que Coutinho assumiu a presidência do BNDES, em 2007, o banco já investiu 42,6 bilhões de reais em compra de participações societárias em empresas das áreas de petróleo, telefonia, energia, mineração, celulose e frigoríficos.

Ou seja, o banco não deu dinheiro para o Abílio Diniz comprar o Carrefour. O banco comprou um naco da nova empresa que nasceu da fusão. E vai lucrar com isso. O gráfico acima mostra que esse tipo de operação vem gerando lucros extraordinários ao banco.

Você, contribuinte, portanto, não está perdendo dinheiro. Ao contrário, o BNDES, e particularmente o BNDESPar, tem proporcionado gordos lucros para o contribuinte, para o Estado e para o desenvolvimento nacional. Em 2010, último ano do governo Lula, o lucro líquido do banco foi de R$ 9,9 bilhões, contra R$ 550 milhões de reais em 2002, último ano do agora tão festejado presidente Fernando Henrique Cardoso; deixo para o leitor calcular o percentual de crescimento. O BNDESPar foi responsável por boa parte desse lucro.

As manifestações que tenho lido na imprensa, de que ao banco faltaria o uso do S de social, também não se coadunam com a realidade. O BNDES tem aumentado fortemente o investimento em micros e pequenas empresas.

Este é um tema perfeito para ilustramos como, às vezes, são tolos esses dilemas sobre a conveniência moral e política de defender ou não o governo. Temos que checar os dados. Se esses mostrassem que o banco tem reduzido os investimentos em infraestrutura (que é o lado mais social do banco) e restringido o crédito aos pequenos, aí sim, teríamos toda a razão de atacar a falta de sentido social da instituição. Não é o que ocorre.”

FONTE: blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/miguel-do-rosario-bndes-a-joia-da-coroa/).

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