Joaquim Silvério dos Reis (*) daria um bom presidente da 'Vale', na visão do 'Estadão'
Por Brizola Neto
“O 'Estadão', ontem, teve um daqueles momentos de sinceridade antológicos.
É o editorial intitulado “A 'Vale' ainda não entrou na produção de aço, felizmente“.
Depois de algumas lágrimas por Roger Agnelli, o jornalão começa a entregar o seu pensamento colonial.
Por ele, o Brasil ainda seria um pequeno país atrasado, que nem mesmo produziria aço.
Comemora o fato de não aparecer um sócio capaz de colocar dinheiro no projeto da Cia. Siderúrgica de Ubu (CSU) que a Vale pretende instalar no Espírito Santo.
Como se sabe, somente há dinheiro de capitalistas para investir em especulação com dólar, uma coisa extremamente mais útil ao país do que produzir aço [segundo o Estadão].
Produzir aço, no Brasil, é algo supérfluo e antieconômico.
Pelo 'Estadão', o Brasil somente exportaria minério de ferro.
Aquela tal de Companhia Siderúrgica Nacional –esqueça os livros de história que dizem que ela foi fundamental para a industrialização do país– não deve ter passado de um 'arroubo populista' de Vargas.
Afinal, diz o porta-voz de nossas oligarquias, nossas jazidas são “praticamente inesgotáveis”.
E desfaz da óbvia vantagem de podermos fazer aço perto das “jazidas praticamente inesgotáveis” porque, com “o uso de navios gigantescos, se tem reduzido muito nos últimos anos (o custo de se transportar milhões e milhões de toneladas de minério bruto), especialmente quando esses navios podem retornar transportando petróleo”.
Viram que beleza? Exportamos mais ferro e importamos mais petróleo. Só falta sugerir que deixemos para lá esse “petróleo antieconômico” do pré-sal.
Evidente, ninguém quer que o Brasil deixe de exportar minério. Mas o que temos é de resolver os problemas estruturais que nos impedem de avançarmos, como poderíamos, na [agregação de valor aos nossos produtos e] competividade em matéria de siderurgia.
Mas, [para o Estadão] para que resolver problemas, se podemos vender nosso minério, fresquinho, arrancado do chão? O buraco que eles deixam, a riqueza que se vai, nada disso é importante. Importante são os lucros rápidos e de baixo investimento que fazem adorável a nossa elite colonial.
É o modo Joaquim Silvério dos Reis de pensar o Brasil.”
[(*) OBS deste 'democracia&politica': relembrando, Joaquim Silvério dos Reis Montenegro Leiria Grutes (1756-1819), para favorecer estrangeiros, no caso portugueses, foi um dos delatores dos inconfidentes mineiros].
FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/dependesse-do-estadao-o-brasil-nem-faria-aco/) [trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&politica']
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