terça-feira, 26 de julho de 2011

O ASTRAL DE DILMA


Por Fernando Rodrigues, na tucana ‘Folha’

“A conversa estava marcada para as 11h30. Às 11h34, Dilma Rousseff começou o encontro (sexta-feira) com cinco jornalistas numa sala do terceiro andar do Palácio do Planalto. Eis aí uma característica rara nos políticos, a pontualidade.

Ela surgiu calma, usando um terninho preto e aparentando estar mais magra. E a saúde? Respondeu de maneira telegráfica a essa pergunta: "Está muito bem".

A presidente parece sorver com prazer o seu atual momento. Demonstrou segurança ao falar da razia que protagonizou no Ministério dos Transportes. Queria dar informação pontual. Encaixou o dado na parte final da entrevista: vai mandar embora todos os diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da VALEC, a estatal federal do setor de ferrovias

[OBS deste 'democracia&política': Para a mídia e a oposição (mesma coisa), é ótimo que já haja demissão de dezenas, centenas de membros do governo por suposição de envolvimento em irregularidades, pois isso servirá como matéria-prima para outras milhares de reportagens e entrevistas com demotucanos nas TVs, até as próximas eleições. Certamente, dentro da atual tecla da "corrupção no governo", esquecendo que ela foi bem maior no governo FHC/PSDB/DEM, bilionária na reeleição e nas privatizações. A diferença é que ela sofria autocensura da imprensa direitista, não vinha à tona. Por isso, maquiavelicamente, agora fingem elogiar essas ações corretas preventivas duras da presidente Dilma, estimulando novas demissões.] .

Dilma parece satisfeita com esse primeiro round da disputa entre o Planalto e uma parte da fisiologia mais abjeta da micropolítica nacional. Não está claro qual será o resultado final do embate, mas certamente ela hoje está em vantagem sobre a turma da rapinagem.

A presidente falaria por 30 minutos. A conversa durou uma hora e meia [faltou pontualidade para terminar no prazo?]. Não se permitiu gravar o áudio nem fazer fotografias.

Houve poucas menções ao trabalho da mídia. Uma delas: "Tem coisas que saem no jornal que não correspondem à realidade. Eu entendo que dá manchete ter crise". Era uma referência às relações conturbadas entre o Planalto e o Congresso [e a "grande" mídia] -que correspondem à realidade [da luta da oposição e da mídia tucana pelo poder], como se sabe.

A partir desta semana, a presidente deve ficar mais fora de Brasília. Participa em Arapiraca, em Alagoas, de uma cerimônia do ‘Brasil sem Miséria’. No meio da semana, estará no Peru, na posse de Ollanta Humala. E, no sábado, vai ao Rio para o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo. Dilma está mais solta. As demissões fizeram bem ao astral do Planalto. Quanto vai durar isso, ninguém sabe.”

FONTE: escrito pelo colunista Fernando Rodrigues, na tucana Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2307201104.htm) [imagem do Google e pequenos entre colchetes adicionados por este blog].

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