sábado, 2 de julho de 2011
ITAMAR: “SORTE OU COMPETÊNCIA”?
Por Lustosa da Costa
“Costuma-se dizer que a sorte persegue Itamar Franco. Tenho a impressão de que não se trata apenas de político não bafejado pela fortuna, como de alguém que, paciente e diligentemente, constrói o seu caminho de êxitos. Claro que a sorte ajuda. Lembro a anedota daquele marinheiro, primeiro lugar em todo o curso que, ao tomar posse no comando do primeiro navio, defrontou-se com tempestade no Mar do Norte, na qual saiu perdendo. Respondeu ao Conselho de Guerra e foi absolvido por não ter culpa.
DE NOVO
Deram-lhe outro comando e ele se deu mal, sem receber penalidades. Quando se cogitou de comissioná-lo comandante de outro barco, o Lord Maior do Almirantado, que muito o admirava, negou-se a lhe confiar novas e altas responsabilidades, alegando: "Ele é bom, sério, competente, mas não tem sorte". Já o mesmo não se poderia dizer do político mineiro.
SENADOR
Itamar se elegeu senador por Minas Gerais contra a expectativa das maiores forças políticas das Alterosas. E ainda conquistou outro mandato. Foi, então, indicado companheiro de chapa de Fernando Collor, apesar da má vontade da imprensa. O certo é que Itamar não se misturou demais com a turma de Collor, podendo, assim, assumir a Presidência da República, onde sempre foi malhado pela imprensa, a quem não sabia agradar. Pois bem. A ele o País deve a elaboração e o comando do Plano Real, de cuja autoria se apoderou FHC. Este, à sombra de Itamar, se fez candidato à Presidência da República e se elegeu, contrariando a tradição de derrotas dos candidatos apoiados por ocupante do primeiro posto da República. FHC se beneficiou, ainda, da popularidade de Itamar, que saiu do governo querido (menos da mídia), respeitado pela correção com que se houve no poder.
DESMASCAROU
ACM andou espalhando que havia corrupção em seu governo e ele tinha documentos que o comprovariam. Era nada. Queria apenas um naco do governo. Itamar ouviu suas aleivosias sem protestar, até o dia em que anunciou que receberia, em Palácio, o líder baiano, com toda a documentação que mostraria a corrupção governamental. ACM avisou os jornalistas amigos que ia dar mais um show e tomou o caminho do Palácio. Ao chegar, foi recebido no gabinete presidencial por Itamar Franco, rodeado de todos os jornalistas que ali trabalhavam. Como não dispunha de prova nenhuma contra o governo, ACM botou o rabo entre as pernas e foi amargurar a frustração da chantagem malsucedida. Ele viria se dar bem no governo seguinte, quando a filha do sócio do presidente FHC, Sérgio Mota, fugiu para Salvador com namorado de quem o pai não gostava e com preciosa documentação que caiu nas mãos de ACM, que em pouco tempo seria donatário de dois ministérios, em troca de seu silêncio.”
FONTE: escrito por Lustosa da Costa em sua coluna no Diário do Nordeste (http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1004471&coluna=1). [Observação a seguir adicionada por este blog ‘democracia&politica’].
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OBS deste blog ‘democracia&política':
Em se tratando de Plano Real, acrescento:
Ontem, sobre a nossa postagem intitulada "Jobim e satélite brasileiro: correção de irrespondabilidade antinacional de FHC/PSDB/DEM", recebi o seguinte comentário de leitor que muito contribui com suas pertinentes observações sobre nossas postagens:
”Iurikorolev disse:
Penso que não foi entreguismo do FHC não.
Foi uma mistura de falta de visão estratégica (burrice) com complexo de vira-latas (achar que o Brasil não tem um grande futuro).
Mas devemos a ele uma coisa importantíssima: a estabilização da economia.”
Este blog procurou responder a esse comentário do leitor com o seguinte texto:
“Não creio em burrice dele [FHC] como causa. Ele mesmo alardeia, com frequência, sua extrema inteligência e seu ‘poliglotismo’. Toda a grande imprensa da direita o bajula como extraordinariamente inteligente. Se ele foi entreguista, antinacional, por complexo de vira-latas, por vaidade de ser afagado pelo interesseiro do Clinton, ou por maquiavelismo político egoísta, não sei.
Quanto à "estabilização da economia", há muita falácia, apropriação indébita e vaidade dele nisso.
Houve simultânea enorme redução da inflação na América Latina e no mundo na mesma época. Além disso, o ex-presidente Sarney, na Folha de São Paulo de hoje (01/07), afirma que o Plano Real já estava idealizado pelo ministro do Planejamento do seu governo, João Sayad. O presidente FHC contou para ele, Sarney, que quando reuniu os economistas para construir um novo plano, eles disseram: "Já está pronto (o do Sayad), é só implantá-lo". Quem implantou o plano Real foi o presidente Itamar Franco (PMDB). A ele o País deve a iniciativa e o comando do Plano Real, de cuja autoria indevidamente se apoderou FHC. Este, à sombra do sucesso do plano de Itamar, se fez candidato à Presidência da República e se elegeu.
FHC passou em 2002 o governo para Lula em condições caóticas e apontando para o precipício. A inflação estava exponencialmente crescente: 6% em 2000, 7,7% em 2001 e 12,5% em 2002. A taxa Selic também era muito elevada e crescente: 20% em 2001 e 25% em 2002. O PIB sempre muito baixo (2,8% em 2002). O desemprego a 12% (2002). As reservas internacionais ele as reduziu a valores baixíssimos (US$ 31 bilhões em 2002, contando com o empréstimo do FMI). A dívida do setor público foi duplicada (de 28% do PIB em 1995 para 51,3% em 2002). E isso tudo depois de torrar quase toda a herança do bilionário patrimônio público construído por muitas gerações de brasileiros!”
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P.S. deste blog democracia&politica:
“EX-PRESIDENTE ITAMAR FRANCO MORRE HOJE, AOS 81 ANOS, EM SÃO PAULO
Com dados e texto parcial da ‘Folha.com” (11h28, de 02/07) (http://www1.folha.uol.com.br/poder/938086-ex-presidente-itamar-franco-morre-aos-81-anos-em-sao-paulo.shtml):
“O senador e ex-presidente Itamar Franco, 81, morreu, neste sábado, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 21 de maio, quando foi diagnosticado com leucemia.
Segundo os médicos, vinha respondendo bem às sessões de quimioterapia. Porém, no dia 27 de junho, boletim médico mostrou que o senador havia contraído [no hospital] pneumonia grave e foi transferido para a UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) do hospital.
PERFIL
O engenheiro Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930 a bordo de um navio. Foi registrado em Salvador (BA). Sua carreira política teve início no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), legenda pela qual foi eleito prefeito de Juiz de Fora em duas gestões, entre 1967 e 1971 e entre 1973 e 1974.
Também representando o MDB, Itamar chegou a Brasília para seu primeiro mandato como senador, em 1974. Reelegeu-se em 1982, já como militante do PMDB.
Quatro anos depois, Itamar migrou para o PL, após divergências com o diretório mineiro do PMDB.
Em 1989, Itamar foi eleito vice-presidente do Brasil pelo PRN, na chapa de Fernando Collor de Melo.
PRESIDÊNCIA
Itamar Franco assumiu a Presidência da República em 2 de outubro de 1992, depois da renúncia de Collor e do processo que levou ao seu impeachment. Permaneceu no cargo de comandante em chefe da nação durante dois anos, três meses e 29 dias.
Entre os feitos de Itamar como presidente está a aprovação do IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) que, em 1996, passou a se chamar CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Ainda durante a gestão de Itamar, em 1993, o Brasil adotou o Cruzeiro Real, e foi lançado o Plano de Estabilização Econômica “Plano Real”, que preparava o país para a introdução de nova moeda. Em julho de 1994, o real começou a circular.
A estabilidade econômica do seu Plano Real garantiu a Itamar eleger seu indicado, o ex-ministro da Fazenda FHC.
VIDA PÚBLICA APÓS A PRESIDÊNCIA
Desde que passou a faixa de presidente a FHC, em 1º de janeiro de 1995, Itamar seguiu na vida pública. Foi nomeado embaixador do Brasil em Portugal entre 1995 e 1996 e, depois, representou o país na OEA (Organização dos Estados Americanos) de 1996 a 1998.
Nesse ano, Itamar venceu as eleições para o governo de Minas Gerais, cargo que chefiou de 1999 a 2003.
Em 2009, Itamar filiou-se ao PPS [partido já auxiliar do PSDB] e, no ano seguinte, foi eleito senador por Minas com 5.125.455 votos. Seu primeiro suplente é José Perrela de Oliveira Costa.“
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