domingo, 8 de setembro de 2013

DILMA RELATA CONVERSA COM OBAMA E DÁ SINAIS DE QUE NÃO VAI AOS EUA


"A presidenta Dilma Rousseff concedeu, na manhã de [sexta-feira (6)], (às 8 horas em Brasília, 14 horas em S. Petersburgo) entrevista em que relatou parte da conversa mantida com o presidente Barack Obama. A declaração mais importante foi a de que Obama "assumiu responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem". Segundo Dilma, "Obama se comprometeu a responder ao governo brasileiro até quarta-feira (11) o que ocorreu".

A presidenta deixou clara sua posição: "A minha viagem a Washington depende das condições políticas a serem criadas pelo presidente Obama".
Embora a conversa tenha sido reservada, Dilma dá sinais claros de que a situação se inverteu. A viagem que era certa, agora depende das respostas a serem dadas. Obama, pelo que foi relatado pela imprensa norte-americana na quinta-feira (5), apenas repetiu a versão oficial sobre o caso que já foi dada por ele mesmo, pelo vice-presidente, Joe Biden, pelo secretário de Estado, John Kerry, e pelo embaixador no Brasil, Thomas Shannon. [que só espionam “fluxos de informação” e supostos terroristas que ameacem a Segurança Nacional dos EUA. Por que, então, espionaram a presidente Dilma? A Petrobras?]

Documentos mostrados por Glenn Greenwald, tendo como fonte o ex "soldado digital", Edward Snowden, comprovam que todos mentiram: as agências do serviço de espionagem dos EUA monitoram não apenas os fluxos de informação, mas os conteúdos [inclusive abrem e copiam os criptografados, como as transações bancárias, segundo Snowden]. Hoje, em todos os jornais, são reproduzidas novas provas de que as agências quebraram os códigos de criptografia das mensagens de internet. Na prática, como dizem fontes do Itamaraty, eles transformaram os e-mails em cartão postal. Isso deixa Obama a um passo de ter praticado, ao contrário do que declarou, abuso de poder.

VIAGEM AOS ESTADOS UNIDOS SUBIU NO TELHADO

Sobre a viagem prevista inicialmente para outubro, aos Estados Unidos, de fato, ninguém sabe dizer exatamente se Dilma vai ou não aos Estados Unidos. Nem Obama e nem mesmo a própria Dilma. Mas os sinais de que a viagem "subiu no telhado" já estão dados. Isso ficou claro quando Dilma mandou cancelar a ida da equipe que iria preparar a viagem. Essa equipe é tradicionalmente chamada de "precursora".

Se não surgir nada de novo na explicação a ser dada por Obama, não haverá motivo para que Dilma esteja nos Estados Unidos apertando a mão e sorrindo ao lado de Obama no dia 23 de outubro. A expressão "condições políticas" deixou isso muito claro. Assessores próximos à presidenta entendem que a frase pode ser entendida também como algo que envolve a situação da Síria. Até outubro, Obama terá lançado um ou mais ataques à Síria, a depender das consequências de uma escalada de violência provocadas por uma ingerência militar direta dos Estados Unidos no conflito.

Dilma avisou sexta-feira que "o Brasil não reconhece uma ação militar na Síria sem a aprovação da ONU".

BRASIL ESPERA POR DOIS PEDIDOS DE DESCULPAS

A posição do governo brasileiro é a de esperar dois pedidos de desculpas de Obama: um, pessoal e reservado, à própria presidenta, e outro ao Brasil, de forma pública. Ontem, não veio nem uma coisa, nem outra. Por escrito, se considera improvável que venha, tais as implicações políticas de Obama admitir a espionagem sobre o conteúdo de mensagens de um chefe de Estado.

A ideia do vice-presidente, Joe Biden, de trocar o pedido de desculpas por agrados ao Brasil já é encarada como ofensa por autoridades brasileiras. A sinalização de que os Estados Unidos, no dia 23 de outubro, anunciariam um apoio à presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU é vista como conversa para boi dormir. Seria uma declaração bem vista, mas não avança na discussão e desmoralizaria a presidenta, que deixou clara sua irritação com a violação da soberania do país.

DIA D É O 24 DE SETEMBRO

A presidenta deve fazer um discurso duro no dia 24 de setembro, quando falará à Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Esse momento tem sido visto como o definitivo ("deadline") para uma decisão sobre o assunto da viagem de outubro.

Conforme “Carta Maior” antecipou (leia a matéria de 16 de agosto), o Brasil vai propor normas internacionais de regulação da internet para garantir a liberdade de expressão e o direito à privacidade. A presidenta oficializou, em sua entrevista em S. Petersburgo: "Irei à ONU propor uma nova governança contra invasão de privacidade". 


FONTE: site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22648). [Imagem do Google e trechos entre colchetes em azul acrescentados por este blog ‘democracia&política’].

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