A agência espanhola de notícias EFE divulgou ontem, a partir da sede das Nações Unidas (li no UOL):
“A Assembléia Geral da ONU aprovou hoje uma resolução que pede o fim do embargo econômico e comercial declarado há quase meio século pelos Estados Unidos contra Cuba.
Dos 192 países que integram a ONU, 185 países votaram a favor, três (Estados Unidos, Israel e Palau) foram contra, dois se abstiveram (Ilhas Marshall e Micronésia) e dois países não votaram (El Salvador e Iraque)”.
Esta é a 17ª vez consecutiva que Cuba apresenta à Assembléia Geral uma resolução que critica os efeitos negativos destas sanções unilaterais dos Estados Unidos e pede sua revogação.
A resolução apresentada ao plenário pelo chanceler cubano, Felipe Pérez Roque, recebeu, nesta ocasião, um apoio superior ao do ano passado, quando foi respaldada por 184 países e rejeitada por quatro.
"Vocês estão sozinhos, completamente isolados", disse pouco antes da votação Pérez Roque, dirigindo-se à delegação americana.
Em seu discurso, o chanceler cubano disse que "sete em cada dez cubanos passaram a vida sob esta política irracional e inútil".
"O bloqueio é mais velho que o senhor Barack Obama (o candidato democrata à Presidência dos EUA) e que toda minha geração", disse.
Pérez Roque destacou que o debate na ONU sobre o embargo dos EUA será realizado este ano com o cenário das eleições presidenciais americanas e a passagem, em agosto e setembro, de dois furacões pela ilha.
O chanceler disse que os Estados Unidos responderam aos furacões "com seu habitual cinismo e hipocrisia", e criticou que Washington não tenha concordado com o pedido de permitir a compra, por parte de Cuba, de produtos americanos através de créditos privados.
O ministro cubano justificou sua rejeição aos US$ 5 milhões em ajuda direta oferecida pelo Governo americano destacando que as autoridades de Cuba não podem "aceitar uma suposta ajuda daqueles que intensificaram o bloqueio, as sanções e a hostilidade" contra o povo cubano.
Pérez Roque disse ainda que os Estados Unidos aumentaram, no último ano, a perseguição a empresas cubanas em outros países, criaram obstáculos às transações internacionais da nação e bloquearam sites com vínculos a Cuba.
Por sua parte, o representante americano, Ronald Goddard, acusou o regime cubano de colocar seus interesses políticos à frente do bem-estar do povo americano, ao rejeitar, em quatro ocasiões, as "ofertas incondicionais" de ajuda de Washington após a passagem dos furacões.
Goddard afirmou que o Governo dos EUA considera que o embargo a Cuba é um assunto que não diz respeito à Assembléia Geral, porque faz parte da política comercial soberana do país.
Assim mesmo, ressaltou que o embargo foi "cuidadosamente elaborado" para permitir o acesso do povo cubano a alimentos e produtos humanitários.
Nesse sentido, lembrou que os Estados Unidos são o maior parceiro comercial de Cuba na venda de produtos agrícolas, que foram enviados US$ 40 milhões em remédios à ilha em 2007 e US$ 240 milhões em "assistência humanitária privada".
EMBARGO
O embargo econômico à ilha caribenha foi instituído pelos Estados Unidos em 1962, três anos após a queda do governo do ditador Fulgêncio Batista e tomada de poder pela Junta Militar Revolucionária cubana.
Antes, porém, o governo norte-americano já havia levado a cabo uma série de medidas retaliatórias às reformas e estatizações promovidas por Fidel Castro.
Em 1960, reduziram a cota de importação do açúcar cubano em 700 mil toneladas. Os EUA eram o principal comprador do produto.
Em 1961, a potência cortou as relações diplomáticas com Cuba e, segundo historiadores, financiou a fracassada tentativa de invasão da Baía dos Porcos.
A aliança de Cuba com a União Sovietica foi firmada a partir do embargo, que deixara a ilha isolada no comércio internacional e detentora de uma produção econômica majoritariamente agrícola. Ao aceitar o auxílio soviético, a ilha entrava também na área de influência política da potência comunista.
Este processo culminou na Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962. O episódio é até hoje lembrado como um dos poucos momentos da segundo metade do século 20 em que o temor de ver a Guerra Fria transformar-se em uma grande guerra nuclear foi verossímil”.
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