Li ontem no blog de Luis Favre o seguinte texto de Conrado Corsalette e Ranier Bragon, do jornal “O Estado de São Paulo”, sobre entrevista com o deputado estadual Rui Falcão (PT):
“RUI FALCÃO MINIMIZA REJEIÇÃO A EX-PREFEITA E AFIRMA QUE FORÇAS POLÍTICAS SE UNIRAM “TENTANDO PROVOCAR REFLEXOS NACIONAIS’
Coordenador critica mídia e o uso da máquina municipal e diz que campanha petista valorizou suas propostas a ponto de Kassab copiá-las.
O deputado estadual Rui Falcão (PT), 64, diz que Marta Suplicy foi derrotada no domingo não pela rejeição que enfrenta, mas pela “união de forças políticas” com vistas às eleições de 2010. Vice na chapa reeleitoral de Marta e secretário de Governo de sua gestão (2001-2004), Falcão foi um dos coordenadores desta campanha, mas diz fazer uma avaliação pessoal. Para ele, o uso da máquina, a mídia e a Justiça Eleitoral também contribuíram para a derrota.
FOLHA - POR QUE MARTA PERDEU?
RUI FALCÃO - Duas grandes lideranças foram derrubadas nesta eleição: Marta e Geraldo Alckmin. O governador José Serra também, pois apoiou Alckmin.
FOLHA - SÓ FORMALMENTE.
FALCÃO - Ele gravou na TV, disse que apoiava o candidato do seu partido, o PSDB, então nós temos de acreditar na palavra dele. O aspecto principal é que houve, nacionalmente, a tendência de continuidade administrativa. A política econômica do governo Lula fez parte dos municípios reconduzirem seus prefeitos ao poder.
FOLHA - O MARKETING DA CAMPANHA DE MARTA ERROU?
FALCÃO - Não. Foi uma campanha competente, que valorizou propostas do PT. Elas foram explicitadas com clareza a tal ponto de Kassab copiá-las.
FOLHA - ENTÃO POR QUE MARTA PERDEU VOTOS EM RELAÇÃO A 2004?
FALCÃO - Se pegarmos a votação do primeiro turno, ganhamos em quase todos os lugares que tínhamos ganho na eleição passada. O que ocorreu agora é que se somaram as duas principais forças do outro lado, com votos de Maluf, contra Marta.
FOLHA - O PT TEM UMA REFLEXÃO SOBRE A REJEIÇÃO AO PARTIDO E A MARTA?
FALCÃO - O problema não é a rejeição. O que houve foi uma união de forças políticas para nos derrotar na cidade mais importante do país tentando provocar reflexos nacionais.
Acho que precisamos analisar o resultado, ver a própria inserção do PT na cidade. Falta uma compreensão maior da complexidade do eleitor paulistano.
FOLHA - PELA LÓGICA QUE O SR. APRESENTA, A DERROTA ERA INEVITÁVEL?
FALCÃO - Não. O que disse aqui foi que as forças poderosas se uniram contra nós, foram duas máquinas poderosas.
FOLHA - E A MÁQUINA FEDERAL?
FALCÃO - Não teve uso da máquina do governo federal em São Paulo. Teve uso da máquina municipal, que foi apontado várias vezes, nos episódios dos e-mails, na ação das subprefeituras, teve o peso do Estado com ações administrativas.
FOLHA - HÁ PREOCUPAÇÃO COM A PERDA DO ELEITORADO DA PERIFERIA?
FALCÃO - É preciso analisar todo o movimento eleitoral. Houve uma grande aliança para derrotar o PT. E houve um movimento de mídia, que foi favorável a Kassab. Isso, no caso da Folha, foi reconhecido pelo ombudsman do jornal. Houve diferença de tratamento da Justiça Eleitoral. São fatos reais e não interpretativos.
FOLHA - ATÉ AGORA O SR. NÃO CITOU UM ERRO DA CAMPANHA DE MARTA.
FALCÃO - [Longa pausa] Talvez ter subestimado a ação dos subprefeitos na eleição. Eles usaram bastante a máquina.
FOLHA - KASSAB FOI SUBESTIMADO?
FALCÃO - Nossas pesquisas indicavam que ele tinha potencial. O que não houve foi um esgarçamento tão grande da briga do Kassab com o Alckmin. Os projetos futuros fizeram as feridas se cicatrizarem rápido".
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