sexta-feira, 11 de setembro de 2009

NOVELA DA VIDA REAL

"Imaginei que se juntasse alguns assuntos que tenho lido nos jornais nos últimos dias, daria uma novela imbatível em termos de audiência. Se não, vejamos.

Começaria com o primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, no papel de vilão. Ele reconhecidamente mulherengo é desmascarado quando suas histórias de orgias regadas a drogas e sexo grupal com prostitutas vêm à tona. O super vilão nunca teve escrúpulos em misturar direita e esquerda, situação ou oposição, parlamentares de todos os lados eram convidados para as festas e prontamente aceitavam, deixando de lado suas convicções políticas em prol de uma aproximação com o czar das orgias. Na novela, eles são expulsos de seus partidos, Berlusconi acaba perdendo o cargo e vai pra cadeia.

Um personagem coadjuvante seria o Governador de São Paulo, José Serra, que, ao ser entrevistado sobre as enchentes que estão causando inundações, desabamentos, mortos e feridos no estado, diz que tudo isso está acontecendo por culpa da natureza que está se rebelando. E conclama a todos para rezar pedindo que novas tragédias não aconteçam mais. Na novela, Serra acaba abrindo mão de sua candidatura à presidência no ano que vem e torna-se um ativista do Greenpeace para lutar verdadeiramente pela preservação do meio ambiente, cansado da política e de ser politico, pois prometeu sempre o que nunca cumpriu.

A história acontece em meio a um clima de violência que cresce sem controle. Num dos muitos episódios, há o do médico atacado ao chegar em casa por assaltantes que atiram nele à queima roupa só porque tentou proteger a moto que acabara de comprar. Na novela, o cirurgião sobrevive aos tiros e os criminosos, arrependidos, lhe devolvem a moto e dizem que atiraram num momento de revolta, pois só queriam tirar dele o que achavam que também tinham o direito de ter. Diante da confissão e do arrependimento, o desembargador que joga xadrez durante as sessões do tribunal da Bahia julga o caso e absolve os ladrões, citados como como exemplo típico de injustiça social.

Na nossa novela não existem mais reality shows ou programas populares que foram substituídos por debates com a sociedade que encontra espaço e voz para discutir seus problemas e cobrar soluções verdadeiras, não as anunciadas nas campanhas eleitorais. Os entrevistadores são experientes e bem informados, não trocam nomes, nem falam errado, podem ser chamados de verdadeiros formadores de opinião que informam com responsabilidade e isenção.

Quase no final da novela tem a eleição do novo presidente. Os politicos que se candidataram são pessoas de bem, honestas e dedicadas ao trabalho em prol da sociedade. O eleito vai poder contar com um parlamento onde senadores e deputados trabalham de segunda a sexta, na elaboração de leis de grande alcance social.

Todos, presidente, deputados e senadores, fazem o juramento solene de servir ao povo que os elegeu e de abrir mão de seus mandatos se um dia se servirem do povo para atitudes menos nobres.

A novela se encerra com a cantora Vanusa cantando o Hino Nacional na Praça dos Três Poderes, diante de uma multidão que grita em coro: 'povo unido jamais será vencido'."

FONTE: texto da jornalista Leila Cordeiro publicado esta semana no seu blog "Direto da Redação".

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