quinta-feira, 22 de abril de 2010
BELO MONTE: GRAÇAS A DEUS SERRA NÃO PODE MAIS!
"Serra, o privatista do apagão
José Serra lamentou hoje, no SBT, que a usina de Belo Monte vá ser construída pelo Governo.
E disse que ”é uma coisa muito cara para você fazer de maneira atropelada”. Aí está porque Dilma Rousseff, que tem todas as condições de fazer esta análise, por ter passado três anos como ministra das Minas e Energia, disse que o tucano não fez, no ministério de Fernando Henrique Cardoso, senão “planejar” o apagão que o Brasil viveu no início da década.
O ex-governador de São Paulo poderia ter até criticado ou lamentado que fôssemos obrigados a interferir numa área amazônica, ou mudar a vida de moradores ribeirinhos. Mas dizer que é atropelado um projeto que tem mais de 20 anos de idas e vindas? O Governo do qual fez parte decidiu pela construção da usina na sua configuração atual – portanto já lhe falta autoridade moral para criticar sua construção – em outubro de 1999 e aprovou um plano que previa a entrada em operação da primeira turbina exatamente no dia 31 de março de 2008. Está lá, em documentos oficiais.
E porque não fez, logo ele, que 'pode mais'?
Pela simples razão que o projeto não é exequível com a idéia de “mercado” que tem o sr. José Serra. A iniciativa privada não vai investir uma montanha de capital para construir a terceira maior usina hidroelétrica do mundo e cobrar uma tarifa módica pela energia gerada. Aliás, esta foi a proncipal crítica da mídia ao preço fixado como base para o leilão de Belo Monte: mesmo com o financiamento de grande parte da obra pelo BNDES, o preço de R$ 83 por megawatt-hora não era considerado “atraente” pelos grupos privados. Quem duvidar, leia a insuspeita matéria publicada hoje no insuspeito O Globo ['insuspeita' por ser o jornal fortemente engajado na campanha pró-Serra].
O Governo tinha, então, dois caminhos: ou aumentava o preço da energia ou assumia o projeto, majoritariamente. Escolheu o segundo, ficando com 49% do capital do consórcio e mais 30% que serão assumidos pela Eletronorte. Ou seja, a usina só vai sair porque o Estado vai assumir a tarefa de fazê-la.
Belo Monte pode ser discutida sob muitas óticas. Há muitas e respeitáveis preocupações ambientais e sociais envolvidas nele. Mas não é essa a razão da crítica de Serra.
A crítica é por ser estatal. O homem que, nas plavras do próprio FHC, foi o maior incentivador da privatização da Vale, quer o Estado fora da economia. Mesmo que isso signifique o Brasil não ter energia para crescer, e acabar às escuras.
Mas isso, graças a Deus, Serra não pode mais."
FONTE: publicado hoje (22/04) no blog "Tijolaço", de Brizola Neto [título e entre colchetes colocados por este blog].
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