sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

DERROTA DOS EUA NO AFEGANISTÃO


Antes de transcrever a notícia divulgada esta semana pela agência France Presse (AFP), este blog recomenda a leitura de nossa postagem de sexta-feira, 14 de janeiro de 2011, intitulada “Wikileaks: LULA RECUSOU O BRASIL AJUDAR NA INVASÃO DO AFEGANISTÃO”, especialmente de seu tópico “A TAL GUERRA DO AFEGANISTÃO QUE OS EUA QUERIAM O BRASIL ENVOLVIDO”.

Já era conjecturado pela imprensa, nos EUA e no exterior, muito antes do ataque terrorista de 11/09/2001 às torres gêmeas de Nova Iorque, que o Afeganistão seria invadido por tropas norte-americanas em futuro próximo.

Segundo a imprensa, vários grupos dos EUA (Chevron, Conoco, Texaco, Mobil Oil e Unocal) já estavam, na década de noventa, com negociações e investimentos adiantados no Afeganistão na exploração das reservas de petróleo e gás do Azerbaijão, Cazaquistão, Usbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Quirguistão.

O regime afegão Taleban, todavia, veio a se negar a autorizar a passagem pelo Afeganistão do oleoduto e do gasoduto que escoaria essas riquezas, os quais já estavam iniciados pela empresa norte-americana Unocal. Essa negação causou a interrupção da obra em 1998. Naquele ano, em 20/08/1998, de surpresa, à noite, sem qualquer declaração de guerra, os EUA (sob Clinton) atacaram com mísseis de cruzeiro e aviões uma região daquele país com o ridículo pretexto de “suspeita de abrigar possíveis terroristas”.

Desde então, volta e meia, surgiam artigos em jornais e revistas, em várias partes do mundo, abordando novo e iminente grande ataque militar dos EUA ao Afeganistão. Talvez, o posterior ato terrorista de 11/09/2001 em Nova Iorque tenha sido o valioso e oportuno pretexto para aquela esperada e planejada ação militar norte-americana (e de seus fiéis aliados) no Afeganistão, logo a seguir desencadeada, sem autorização da ONU.

Mal sabiam que nove anos depois, sem alcançar seus objetivos e após muitos caixões de soldados que retornaram para casa envoltos na bandeira norte-americana, a retirada tornou-se a única solução.


Vejamos a notícia da AFP desta semana:

OBAMA DIZ QUE EUA INICIAM SAÍDA DO AFEGANISTÃO EM JULHO

O presidente Barack Obama renovou terça-feira sua promessa de iniciar a retirada das tropas americanas do Afeganistão em julho, embora tenha alertado sobre a "dura luta pela frente" na guerra de nove anos.

Em seu discurso sobre o Estado da União, Obama disse que as forças americanas estavam deixando o Iraque, como o planejado, enquanto as tropas lideradas pelos EUA no Afeganistão pressionam os insurgentes talibãs.

"Graças aos nossos heróicos soldados e civis, poucos afegãos estão sob o controle da insurgência. Haverá duros combates pela frente, e o governo afegão precisará entregar uma melhor governação", disse o presidente, de acordo com o discurso divulgado pela Casa Branca antecipadamente.

"Neste ano, trabalharemos com cerca de 50 países para começar uma transição para uma liderança afegã (por segurança)", disse ele.
"E em julho deste ano vamos começar a trazer as nossas tropas para casa", explicou.”

FONTE: agência francesa de notícias France Presse (AFP). Transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/11_01/110126_08_afp_saida_afega.html).

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Por oportuno, este blog acrescenta, a seguir, artigo de Manuel Cambeses Júnior em seu livro “Reflexões de um ‘Velha Águia”. Foi escrito há alguns anos, mas permanece atual:


AFEGANISTÃO, IRAQUE E RESISTÊNCIA PATRIÓTICA

“Quando os Estados Unidos decidiram ocupar o Afeganistão -em represália [segundo oficialmente propalado] “aos atos perpetrados por terroristas talibãs do grupo Al-Qaeda, nas cidades de Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001”-, alguns generais russos, com vasta experiência na ocupação desse país, advertiram os norte-americanos para os perigos de uma empreitada daquela magnitude.

A ex-União Soviética chegou a colocar ali um contingente militar de aproximadamente cem mil soldados. Em fevereiro de 1989, ao cabo de dez anos de ocupação, retiraram-se do território afegão sem conseguir atingir os objetivos colimados.


O general Boris Gromov (foto) seguidamente advertiu que, por experiência própria, podia prognosticar que o desembarque de tropas terrestres no Afeganistão não traria bons resultados para a tropa ocupante e, certamente, ocorreriam significativas baixas que não poderiam ser evitadas, pois é muito complicado lutar nas montanhas afegãs, haja visto que o Exército dos EUA não está preparado para uma tarefa desse jaez, ademais da imensa dificuldade para controlar as vias de comunicação e transporte do país.

Também o general soviético Makhmud Gureyev, assim se expressou: "temo que os estadunidenses repetirão os nossos erros. É impossível conquistar o Afeganistão por via militar. Não conseguiram Alexandre Magno, nem o Exército britânico, nem nossas tropas em dez anos de guerra".

Mais recentemente, o célebre general Alexander Lebed, assegurou que todos os arsenais de bombas da Rússia e dos EUA são insuficientes para acabar com os contingentes afegãos entrincheirados nas montanhas.

Apesar de tudo, o Afeganistão foi ocupado e assim permanece.

Porém, o fenômeno da resistência está agora se expressando no Iraque, ocupado militarmente com inexpressivo sacrifício de vidas humanas entre os soldados da coalizão durante a fase de invasão, porém com maior número de vítimas no período de ocupação.

Com estupefação tomamos conhecimento, através da imprensa internacional, que membros da resistência iraquiana matam -quase que diariamente- de um a dois soldados (britânicos e/ou norte-americanos).

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os exércitos alemães realizaram uma marcha fulgurante e avassaladora conquistando vários países europeus, sendo que, em alguns casos, em poucos dias. Refeitos da surpresa, cidadãos dos países conquistados organizaram o que foi denominado de Resistência para combater os soldados ocupantes estrangeiros.

Com maior ênfase, distinguiram-se os patriotas franceses que tornaram a vida dos conquistadores nazistas um verdadeiro inferno. Os alemães possuíam um corpo especializado de torturadores identificados pela sigla de Gestapo, que não tinham limites para eliminar a resistência nos países ocupados. Os dirigentes nazistas chegaram a advertir que, por cada soldado alemão que fosse morto pela Resistência, seriam fuzilados, em represália, dez cidadãos franceses escolhidos aleatoriamente.

Porém, nem sequer a utilização dessas cruentas práticas terroristas detiveram a ação patriótica da Resistência Francesa.

Quando as forças militares alemãs invadiram a União Soviética, para conquistar uma importante cidade, tiveram de lutar de casa em casa e de cômodo em cômodo [perderam].

Se um ser humano está orientado por idéias -pátria e liberdade- não conhece o medo e não lhe importa a morte. Que significam, aos olhos do mundo, os atuais palestinos vestidos com carga explosiva que, numa tresloucada aventura, imolam-se despedaçados, mas, também, conduzem à morte dezenas de pessoas consideradas por eles inimigos de sua pátria?

Estados Unidos e Grã-Bretanha -que, com exacerbada arrogância, desprestigiaram e subestimaram a Organização das Nações Unidas-, hoje sentem na pele o preço dessa impensada e malfadada aventura e buscam, de forma açodada, que a Organização passe a cuidar do controle do Iraque, enquanto os chefes dos dois governos procuram, desesperadamente, encontrar argumentos de que no Iraque havia armas de destruição em massa, como forma de justificar ao mundo a agressão militar perpetrada contra àquele país.”

FONTE: livro “Reflexões de um a velha águia” de Manuel Cambeses Júnior (C:\Temp\installtemped\3CC06798B667CE40F234F619C1E40123D203250F6E8CBE689D578ED76DA18DBE69C0628EFD0428D80E220B9841E51FC1\pg32.html), no site (http://www.reservaer.com.br/) [imagem do Google adicionada por este blog].

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