Palestinos protestam em Sheikh Jarrah,um dos territórios que "seria concedido" a Israel [que já os invadiu militarmente e os ocupou com "colônias"]
[Por que a imprensa internacional, sempre “conservadora” e pró-judeus, escolheu esses documentos do Wikileaks para publicar? Hum... Estranho...Parece ser jogada para enfraquecer os líderes palestinos. Vejamos o texto do inglês “The Guardian”:]
“DOCUMENTOS VAZADOS RETRATAM NEGOCIADORES PALESTINOS ABRINDO MÃO DE IMPORTANTES TERRITÓRIOS DE JERUSALÉM ORIENTAL
PROPOSTA DE CEDER QUASE TODAS AS COLÔNIAS E PARTE DE DISTRITO ÁRABE PARA OS ISRAELENSES PREJUDICARIA FUTURA CAPITAL PALESTINA
Negociadores palestinos concordaram em segredo em permitir que Israel anexasse quase todos os assentamentos construídos na Jerusalém Oriental ocupada, em uma das concessões mais amplas já feitas em relação à cidade.
Os termos foram revelados em documentos do site WikiLeaks. Eles acabaram rejeitados pela então chanceler israelense, Tzipi Livni, que os julgou insuficientes.
Essas negociações, segundo os documentos, ocorreram em maio de 2008, meses antes do início da [violenta] megaofensiva [militar] de Israel a [desarmada] Gaza que acabaria em 2009.
Na ocasião, Ahmed Qureia, o principal negociador palestino, propôs que Israel anexasse todos os assentamentos judaicos em Jerusalém à exceção de Har Homa e fez questão de destacar o significado da concessão.
"É a primeira vez na história em que fazemos tal proposta", teria afirmado.
"Nós nos recusamos a fazê-la em Camp David", disse, aludindo ao diálogo em que os dois lados chegaram mais perto de selar um acordo de paz, em 2000.
Para os palestinos, é impensável concordar em abrir mão ou mesmo trocar partes importantes da cidade que esperam ter como capital.
Os assentamentos são considerados ilegais pela lei internacional, e a anexação de Jerusalém Oriental por Israel em 1967 nunca foi reconhecida, embora tenha o apoio da maioria dos judeus israelenses, incluindo muitos dos favoráveis a uma retirada da Cisjordânia.
Os textos revelam ao menos mais duas concessões de líderes da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Eles teriam discutido, reservadamente, a hipótese de desistir do bairro de Sheikh Jarrah e de criar um comitê conjunto para gerir locais sagrados de Haram al Sharif/ Monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém.
Foi o debate sobre a tutela desses pontos, somado aos direitos dos refugiados, que afundou as negociações de Camp David.
FONTE: reportagem de Ian Black e Seumas Milne, do "GUARDIAN", transcrita na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2401201101.htm)
[Ah!... Pelo texto a seguir começa a ficar clara a razão da divulgação da notícia acima...]
PROPOSTAS SUBMISSAS PODEM MINAR A AUTORIDADE PALESTINA
Jonathan Freedland, do "The Guardian"
“Quem será mais prejudicado por esse extraordinário lançar de luzes na realidade do processo de paz entre Israel e Palestina? Talvez a primeira baixa seja no orgulho nacional palestino: o senso coletivo de dignidade deve sair gravemente ferido.
Muitos manifestantes palestinos vão se recolher não só para entender as concessões feitas por seus representantes - a começar pela das partes ocupadas por israelenses na Jerusalém Oriental-, mas também a linguagem em que as concessões foram feitas.
O tom submisso das conversas ficará preso na garganta, tanto quanto as concessões de territórios ou a intimidade na cooperação com as forças de segurança de Israel, e a disposição dos negociadores em ceder na sensível questão do direito de retorno a refugiados.
Esse conjunto de papéis não é conclusivo e pode ter vindo a público de forma seletiva. Outros documentos podem dar uma impressão diversa.
Contudo, esses textos farão enorme estrago para a manutenção da ANP e para o partido que a comanda, o Fatah. O atual negociador chefe, Saeb Erekat, pode jamais recuperar sua credibilidade.
Algo ainda mais sério está em jogo: esses documentos podem gerar descrença entre os palestinos sobre as negociações com Israel e uma solução que envolva a coexistência de dois Estados.
E pode haver melhora inesperada para a causa palestina. A opinião internacional seguramente reconhecerá sua boa vontade na cessão de territórios.
Em Israel o efeito desses papéis será o oposto: causarão poucos problemas dentro do país, pois não expõem jogo duplo ou hipocrisia.
Entretanto, aos olhos da opinião pública, a coerência israelense parecerá muito menos admirável. Os papéis mostram que israelenses foram intransigentes no plano público e privado.
E os papéis destroem o argumento israelense de que não havia cooperação entre os palestinos. O refrão da diplomacia israelense é desfeito pelas transcrições.
Como fica o processo de paz? A visão pessimista é que o pouco de esperança que havia foi extirpado.”
FONTE: reportagem de Jonathan Freedland, do inglês "The Guardian", transcrita na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2401201103.htm) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog].
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