quinta-feira, 14 de abril de 2011

GRANDE DEMAIS PARA UM RESGATE, ITÁLIA PREOCUPA EUROPA

                               Veneza-Itália

Por Gideon Rachman, no jornal britânico "Financial Times"

Em Las Vegas, os grandes apostadores são conhecidos como "baleias".

"Para a UE (União Europeia), a baleia é a Itália, cuja economia e dívida são tão grandes que a moeda única adotada pelo bloco depende de seu destino.

Na semana passada, Portugal se tornou a mais recente vítima da crise da dívida, mas é economia relativamente pequena. Um resgate à Espanha, caso venha a se tornar necessário, seria muito maior, embora a UE provavelmente tenha a capacidade requerida para realizá-lo. Mas a Itália é grande demais para um resgate.

Enquanto Portugal solicitava seus empréstimos de emergência, a Itália estava preocupada com o julgamento do primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, acusado de fazer sexo com uma prostituta menor de idade.

A suposição de que Berlusconi uma vez mais conseguirá evitar essa enrascada jurídica parece ter sido confirmada pela decisão imediata de adiar o julgamento.

Alguns italianos se divertem com a insensatez de Berlusconi, e outros se indignam. Há os que se preocupam por estar distraindo o país dos desafios políticos e econômicos reais que terá de enfrentar cedo ou tarde.

Nos círculos financeiros e empresariais, muitos se preocupam com a inevitabilidade de crise na Itália. A dívida do país é superior às de Grécia, Irlanda e Portugal.

Por enquanto, a Itália não vem encontrando problemas para financiar e manter em dia a dívida. Mas a situação do país só é sustentável em ambiente de taxas de juros baixíssimas.

E, na semana passada, o ciclo da política monetária se reverteu quando o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros em 0,25%.

Existe grande diferença, porém: o destino de Berlusconi está nas mãos dos eleitores e juízes italianos.

O da economia italiana pode depender de credores estrangeiros e dos dirigentes de bancos. E eles podem se provar menos lenientes que o sistema judicial italiano.”

FONTE: escrito por Gideon Rachman, no britânico "Financial Times". Publicado na Folha de São Paulo com tradução de Paulo Migliacci (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1304201103.htm) [imagem do Google adicionada por este blog].

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