segunda-feira, 11 de abril de 2011
OS DOIS GIGANTESCOS ATENTADOS TERRORISTAS
[INTRODUÇÃO deste blog “democracia&política”:
O MACROTERRORISMO ATÔMICO JUSTIFICADO E SUAVIZADO NA MÍDIA
É oportuno relembrar que os EUA inauguraram era de selvagem terror, em macroescala jamais vista desde o início da raça humana.
Em 1945, com a guerra na Europa já terminada há três meses, e com o Japão praticamente vencido --embora ainda não rendido formalmente por estar tratando detalhes apenas simbólicos da rendição (manutenção da família real)--, os norte-americanos, em 06/08/1945, subitamente, arrasaram a grande cidade japonesa de Hiroshima, matando de imediato, com apenas uma bomba, cento e vinte mil civis. A seguir, repetiram o morticínio na outra grande cidade de Nagasaki. Nas duas cidades, além de 200.000 pessoas mortas de imediato, outras tantas morreram posteriormente, após longos sofrimentos. Não menores foram a dor e as sequelas dos que sobreviveram.
O estarrecedor é que, naquelas cidades, não havia sequer um alvo militar.
Aquele massacre não foi, como repetido até hoje, “um último recurso de desespero norte-americano para derrotar o Japão”, pois este já havia sucumbido. Foi para aterrorizar o resto do mundo, especialmente para a União Soviética que chegara vencedora a Berlim primeiro que os EUA. Foi para submeter política e economicamente o mundo pós-guerra, pelo medo e pavor.
Quiseram demonstrar, clara e marcantemente, que tinham o monopólio da bomba atômica e a vontade política de utilizá-la até contra populações civis indefesas. Era a barbárie e o terrorismo diabolicamente multiplicados pelo desenvolvimento tecnológico.
Até hoje, o estadunidense foi o único povo, felizmente, com essa enorme “coragem” de, em segundos, matar tantos civis inocentes. É uma civilização avançada no campo científico, mas desmedidamente sanguinária e agressiva e que se julga puritana. A única autocrítica de autoridade dos EUA que já li confessa, simplesmente, que aqueles ataques atômicos foram apenas “desproporcionais”.
Um outro setor em que os EUA avançaram, indiscutivelmente, foi o de formação de opinião. O poder da mídia é muito bem manipulado, já desde a época daquele ataque atômico ao Japão. Aquele ato de megaterrorismo atômico foi passado para todos nós, sem contestação até hoje, como “um gesto necessário para apressar a paz, para salvar vidas”, justificado dentro dos mais puros, ingênuos e sublimes “padrões de conduta democrática e civilizada”.
Além de tudo, os EUA ainda conseguem passar uma imagem de ativos defensores da não-proliferação nuclear.
Mas a verdade é o contrário. Continuaram a desenvolver e produzir em série bombas atômicas e de hidrogênio milhares de vezes mais devastadoras do que aquelas lançadas sobre indefesas cidades japonesas. Não ratificam o “Tratado para a Proibição Completa de Testes Nucleares” (CTBT), nem qualquer outro que efetivamente os comprometa com a não-proliferação ou com o desarmamento nuclear, muito menos com a eliminação dos seus arsenais atômicos. Os norte-americanos continuam, em sigilo, a desenvolver novas armas nucleares, como a RNEP "Robust Nuclear Earth Penetrator", para atacar alvos profundos no solo.
Um detalhe para encerrar esta introdução: as instalações brasileiras com projetos nucleares, todos para fins exclusivamente pacíficos, são submetidas a rigorosas inspeções das organizações fiscalizadoras internacionais, como a AIEA, também integrada com técnicos norte-americanos. Porém, os EUA e as demais potências que têm capacidade bélica nuclear exigem e participam dessas fiscalizações no Brasil, mas não as permitem em seus territórios].
Essa introdução foi inserida por este blog motivada pela seguinte matéria que li no portal “Terra Magazine”:
“A HIERARQUIA DA MALIGNIDADE”
O livro sobre o horror da bomba atômica
Por João Carlos Teixeira Gomes
“Continuarei a responder às críticas que recebi de um leitor por ter condenado os ataques atômicos dos EUA ao Japão, em artigos inspirados pelo recente desastre nuclear. O "Senhor LCF", como o designei, justificou os bombardeios [norte-americanos] como recurso para evitar a invasão militar do Japão com grandes perdas.
Sustenta ele, reiteradamente, que não há diferença entre o uso das bombas comuns e das atômicas, contra o consenso geral. Eu afirmo que existe a hierarquia da malignidade. Que será isto? O grau diferenciado da perversão bélica nos bombardeios contra civis, seja com armas convencionais ou artefatos atômicos. O horror não pode ser nivelado, nem gera efeitos idênticos. Para destruir Dresden, os aliados desfecharam numerosos ataques, com a maior concentração de aviões de toda a guerra sobre uma cidade. Plantaram a morte instantânea, a morte da hora específica. As bombas sobre Hiroshima e Nagasaki foram as armas da megamorte, ou seja, a morte também continuada, a longo prazo, destruindo seres humanos na hora e por gerações sucessivas, através da radioatividade.
No livro que antes citei, "O último trem de Hiroshima", de 2010, o Ph.D. e cientista Charles R. Pellegrino pinta-nos o mais assombroso quadro de destruição já revelado no mundo. Quando a bomba explodiu, escancarou as portas do inferno aos olhos humanos, primeiro pelo fulgor de uma clarão nunca testemunhado, em seguida por um estrondo que parecia anunciar a fragmentação do planeta. Foi o que os japoneses chamaram de "pika-don". Aos poucos, ante a visão estarrecida dos que ainda estavam vivos e logo morreriam, formou-se o gigantesco cogumelo, símbolo do apocalipse atômico liberado.
Após a cidade ter sido varrida pela onda de choque semelhando um tsunami de vento e depois de fogo, que tragava edifícios, árvores e seres humanos, fenômenos estarrecedores começaram a ocorrer em série. Sob os efeitos do clarão-estrondo o chão estalava e tremia, faíscas invadiam os espaços, redemoinhos arremessavam as pessoas para o ar. Uma bola de fogo rolava sobre as cabeças, a cidade parecia iluminada pelo brilho de "mil sóis", o chamado "punho de urânio" sacrificava os desesperados, que mergulhavam no rio para suavizar as queimaduras e saciar a sede incontrolável.
Quem não atingia o rio, bebia a água da chuva negra, que despencava "como bagos de uva" dos céus escurecidos, ingerindo a radioatividade letal, fonte de doenças monstruosas. A pele descolava com a facilidade "das luvas que se descalçam". Radiações e choques térmicos desorientavam os sobreviventes, acossados por labaredas atômicas, raios-x e raios gama. A temperatura convertia "um corpo humano em névoa carbonizada e ossos em brasas". Mulheres que estavam sentadas nas portas de um banco evaporaram (sic!). Muitas outras pessoas sofreram "vaporização instantânea" e viraram fumaça, deixando nos locais os contornos dos corpos. Uma criança, atingida na bicicleta, ficou colada ao selim, endurecida como uma estátua de carvão. Cavalos corriam sem controle, relinchando e buscando socorro para as crinas em chamas.
Preparem-se para o pior. O autor narra o espanto de dois sobreviventes que, pouco após a explosão, ouviram um ruído estranho por perto e testemunharam a louca correria de um homem que, tendo tido os pés decepados pela bomba, batia no chão com os ossos expostos das tíbias descarnadas. Diz o autor, na página 26: "O único som que emitiu foi um clique ritmado na superfície da rua, como se estivesse dançando com sapatos de sola de metal. Mas ele não tinha sapatos. Seus pés haviam sumido e as pontas das suas tíbias, lascando-se e quebrando a cada passo contra o pavimento, eram a fonte de ruído", assinala o autor.
Para completar essa imagem macabra e surrealista, que nem Poe conceberia, Pellegrino informa ainda que o homem "batia os braços como se fosse um pássaro", tendo protagonizado "o sapateado no inferno de Dante".
Com essa imagem notável, vou findar por hoje, meu espaço acabou. Queria encerrar o assunto, mas há tanto a dizer sobre esse livro excepcional e a própria miséria atômica, que terei que voltar ao tema, pelo seu relevante significado. Como advertência e libelo.”
FONTE: introdução deste blog seguida de texto (publicado no portal Terra Magazine) escrito por João Carlos Teixeira Gomes, escritor, jornalista e membro da Academia de Letras da Bahia. É autor de "Gregório de Mattos, o Boca de Brasa", "Glauber Rocha, esse vulcão", "Memórias das Trevas" e "Assassinos da Liberdade".
(http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5059671-EI6580,00-A+hierarquia+da+malignidade.html).[imagem do Google adicionada por este blog].
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