sábado, 22 de outubro de 2011

ALEGRIA MÓRBIDA

Por Brizola Neto

“Qualquer que seja a opinião sobre Muammar Khaddafi, ou sobre qualquer pessoa, é enojante ver uma pessoa ser covardemente assassinada, desarmada e ferida. O vídeo divulgado pelas tevês árabes o mostra vivo e cambaleante, sendo assassinado por um grupo armado. Não é um bom cartão de visitas para um movimento que se proclama “democrático” e “defensor dos direitos humanos” os quais afirmava que Khaddafi violava.

Essas cenas de barbárie mostram que o Brasil faz muito bem em aguardar a normalização da situação líbia, pois demonstra que, no mínimo, não há controle central sobre os grupos armados e faz supor que esteja acontecendo uma liquidação em massa de figuras ligadas ao antigo Governo, sem julgamento e através da simples execução sumária ou linchamentos.

Fez muito bem a presidenta Dilma Rousseff em dizer que um assassinato, seja de quem for, não deve ser comemorado.

Infelizmente, os líderes mundiais e boa parte da imprensa parecem ficar possuídos de mórbida alegria com esse tipo de atitude. Não é para menos, depois que os líderes do governo americano foram comemorar na televisão a execução sumária e o lançamento ao mar do corpo de Osama Bin Laden.

Se condenaram e até lançaram ataques aéreos contra o regime de Kaddhafi –a quem adularam durante anos para combater o extremismo islâmico, comprar petróleo e vender armas– por esse tipo de atrocidade, o que dizer dos que fazem o mesmo?

Da mesma forma, a resolução da ONU que autorizou o início da força para “proteger populações civis” contra os poderes do Governo foi, igualmente, um exercício de hipocrisia, tanto que os aviões da OTAN continuaram bombardeando sem cessar os redutos onde apenas tentavam sobreviver os remanescentes do regime. Estava claro que o objetivo jamais foi negociar uma normalização da vida no país e a plenitude “democrática”. Do início ao fim, o objetivo era criar novo governo sobre o cadáver de Khadafi.

Viva a civilização ocidental!”

FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço”  (http://www.tijolaco.com/alegria-morbida/).

4 comentários:

Probus disse...

Eu estou de luto, enojado pela barbárie. Que os céus te tenham Gaddafi.

Um assassinato brutal, covarde e cruel de um líder de uma nação livre e trucidada... Quem é o culpado deste horrendo Crime de Guerra?? Agora fica fácil culpar o FORJADO CNT... Quem homologou o CNT??????
Ban Ki-moon deveria ser EMPALADO em Praça Pública ao lado dos seus COMPARSAS da OTAN (Obama, Sarkozy, Cameron, Berlusconi, Merkel e Rasmussen).

Outra coisinha levantada no Vi o mundo que é muito aterrorizadora, a Caça a Muammar Gaddafi era a única coisa que unia os MILICIANOS JAGUNÇOS MERCENÁRIOS SANGUINÁRIOS GENOCIDAS do CNT, e agora??????

21 de outubro de 2011

Morte de Kadafi elimina fator que unificava rebeldes

A Líbia amanhece hoje com um problema a menos e também com outro que não tinha antes. E agora?

Ninguém pode perder a lucidez a ponto de pensar que a democracia é o próximo passo. Isso é impossível em um país sem a mínima cultura democrática e onde todos os protagonistas da revolta estão armados. Os antagonismos entre os membros do Conselho Nacional de Transição) são profundos. A morte de Kadafi tira o único motivo que unificava os “rebeldes”. O artigo é de Eduardo Febbro.

Por Eduardo Febbro, correspondente da Carta Maior em Paris

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/eduardo-febbro-morte-de-kadafi-elimina-fator-que-unificava-rebeldes.html

Probus disse...

27/08/2011: Fala Muammar Gaddafi

Anaori traduz as palavras do Lider Libio Gaddafi

Tradução do árabe por Anaori,
publicado no blog “Soa Brasil”

Fonte: LeonorenLibia

Enviado pelo pessoal da Vila Vudu

Aos meus compatriotas

Os assaltantes sionistas capitalistas que querem usurpar a terra de vocês, querem ver-me morto e já ofereceram um prêmio pela minha cabeça. Não sabem que minha cabeça, minha alma e o martírio pertencem a Alá, o grande Deus. Mostrei ao mundo onde está o ninho da maldade.

Pensam vocês meus irmãos, que o acontece ao meu país acontece por minha culpa? Não. Por isso lhes digo que defendam a liberdade de vocês. Ganhamos essa batalha e outras ganharemos. Deus é grande. Vocês têm casa, saúde e escola gratuitos.

Ajudei o Chifre da África e, aqui, nenhum imperialismo imperou. Mas não fiz o bastante. Agora, vocês sofrem. Lutei muito para que, agora, vocês percam tudo. Lutem, lutem, não descansem nem se acovardem.

Somos milhões no mundo que já vimos que as coisas são como eu sempre disse que eram: capitalismo=sionismo=escravidão.

Não nos submeteremos. Meu legado há de servir também a outras nações. Não estou morto, porque muitos ainda me querem vivo.

Estou com vocês nesses dias e nas noites escuras. Estamos com Alá.

Meus irmãos, levem a guerra a cada rincão da opulência, da vaidade, da vida lasciva. Não se deixem seduzir pelo dinheiro do sangue. Os líbios são seres luminosos. Tenham todos a certeza de que vocês estão do lado da grandeza. Deixem passar o tempo. Há forças no interior de vocês. Libertem-se dos demônios do mundo, vivam e deixem viver.

Todos sabem onde estou. Nos oásis mais belos de nosso país. Não destruam a Líbia. Já sobrevivemos a seis meses de martírio e dor. Mas essa é a terra de vocês. Não a vendam.

Minha alma está com vocês. Temos democracia participativa na Líbia. O povo, para o povo. E por que dizem que não? Porque eu estou aqui. Uma voz de revolução? Não. Nem pensam nisso. É tudo pelo petróleo.

O capitalismo está acabado. Irmãos da Revolução Verde, não caiam na mentira capitalista. Para que algum império sobreviva hoje, precisa de guerra eterna.

Vocês não veem que ainda estando eu vivo e combatendo essa batalha infernal, eles já brigam entre eles, disputando o butim da nossa Líbia amada?

Os dissidentes supõem que os colonialistas lhes darão o que eu lhes dei? Pois esperemos, para ver.

Minha família e eu estamos bem, lutando pela verdade. Sofro, apenas, por haver líbios matando líbios. Mas foi o que conseguiram os sediciosos. Eu nunca lutei luta que não fosse por meus princípios, ajudando o povo, o povo líbio e os povos africanos. E eles? O que têm a dizer? Nada! Todos os capitalistas racistas são iguais. São aves de rapina!

Eles e seus slogans de caridade: “Ajudem as crianças da África”. E que criança da África ganha deles alguma coisa? As doações vão para banqueiros e multinacionais e para as empresas que eles criam para lucro deles. Algum africano alguma vez foi beneficiado pelas empresas que eles criam? Não. O Chifre da África sofre o que sofre por causa do imperialismo.

Sou líder e tenho o poder nas mãos. Vivo porque meu povo vive. Por isso querem calar-me. Gaddafi aqui, hoje e sempre.

Povos do mundo levantem-se e façam fugir esses meios homens que querem escravizar vocês.

Agora estou em Sirte. Nasci aqui. Sou filho humilde desse deserto líbio que me viu nascer. Estou em Trípoli, em Benghazi e no mundo. E daqui, falo. E os ianques, onde estão? O que têm a dizer?

Acaso a civilização e a cultura ianque querem pendurar-me numa forca, como o líder do Iraque?

Pois se acontecer, que seja. O martírio honra quem mostra a verdade ao mundo.

Muammar El-Gaddafi

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/fala-muammar-gaddafi.html

Probus disse...

21/10/2011: A morte de Gaddafi e a sociedade do espetáculo

Por Melina Duarte

A violência na Líbia destoa da 'Primavera Árabe' em número de mortos

O corpo mutilado de Gaddafi vem sendo amplamente exibido pela mídia e sua morte celebrada como o símbolo do fim da tirania na Líbia. Segundo o analista egípcio e especialista em política do Oriente Médio, Mahan Abedin, em depoimento divulgado pela Folha de São Paulo (21/10/2011 – 5h26), o “fim” do ditador reforçará a adesão a levantes populares como forma de combater regimes autoritários. Abedin, assim como outros, compara positivamente a situação da Líbia com a deposição de ditadores vizinhos, o egípcio Hosni Murabak e o tunisiano Zine al-Abedine Ben Ali.

No entanto, há uma grande diferença entre estes movimentos populares que precisa ser seriamente considerada: o uso da violência. No Egito, assim como na Tunísia, as manifestações foram politizadas o suficiente para se pretenderem pacíficas. Obviamente isto não significa que ninguém morreu, que nenhum manifestante foi preso ou que não houve violência policial ou resistência por parte dos governos. Somente no Egito, segundo o relatório do ICG (International Crisis group), 9 mil manifestantes ficaram feridos e, pelo menos, 800 pessoas foram mortas. Na Tunísia o número de feridos divulgado pelo jornal Le Monde (5/2/2011 – p. 7) foi de mais de mil e a ONU contabilizou em torno de 300 mortos. Na Líbia, contudo, conforme números do próprio governo, 60 mil pessoas foram feridas, 4 mil estão desaparecidas e o número de mortos foi contabilizado entre 25 e 30 mil.

Um fator decisivo para tamanha diferença no número de mortos e feridos talvez tenha sido o envolvimento da OTAN no conflito na Líbia. Ou será que isso vai ser ignorado a fim de evitar um grave problema político? Não é por nada, mas o único conflito da longa primavera árabe em que a OTAN participou teve um percentual de mortos relativo à população aproximadamente 460 vezes maior do que no Egito e 180 vezes maior do que na Tunísia. Um número, sem dúvida, alarmante!

Por este e outros motivos, eu defendo que o evento na Líbia pode, sob uma determinada perspectiva, ser melhor comparado, por exemplo, com a morte brutal de Mussolini, de Saddam Hussein e até de bin Laden, mas não com os levantes democráticos árabes. Isso porque o que pareceu realmente importar não foi a justiça e a democracia, mas a exposição de corpos ensanguentados, maltratados e deformados pela sede de vingança como num julgamento medieval.

Tal tendência ao espetáculo me preocupa muito quando se pretende que ela esteja na base da democracia. Como pode o ódio, a ira, o assassinato brutal e a exposição do corpo como troféu combater a tirania e o terrorismo? Feliz ou infelizmente a democracia envolve muito mais do que a simples deposição de um tirano. Ela envolve maturidade política suficiente para se querer submetê-lo ao Tribunal. Mas, por querermos vingança é que a história não julgará Gaddafi, e o seu regime ficará conhecido como resultado de uma ação pessoal que se acabou assim que seu agente morreu a olhos vistos.

Melina Duarte é doutoranda em Filosofia Política na Universide de Tromsø, Noruega

http://correiodobrasil.com.br/a-morte-de-gaddafi-e-a-sociedade-do-espetaculo/316242/

Unknown disse...

Probus,
Obrigada pelos interessantes textos.
Não os conhecia
Maria Tereza