domingo, 16 de outubro de 2011
PETRÓLEO: SE O ‘NEGÓCIO É DA CHINA’, PRIMEIRO É NOSSO
“Sexta-feira, o jornal “Brasil Econômico” publicou matéria onde o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli advertiu que se a “British Gas” tentar, de fato, vender perto da metade de sua participação no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, para os chineses da "Sinopec", a estatal brasileira exercerá seu direito de opção de compra e ficará com a parte ofertada.
Seriam, aproximadamente, 10%, mas 10% de um valor imenso –o campo tem reservas estimadas em oito bilhões de barris.
Claro que um campo de petróleo dessas dimensões produzirá, também, lucros imensos. Então, porque a BG pensa em se desfazer de parte dele?
Simples: porque é um pesado investimento para que todo esse campo passe a ser produtivo.
Serão necessários mais de 300 poços. Com o custo baixando para algo em torno de 100 milhões de dólares por poço, na média, isso significa investimento de US$ 30 bilhões. Mais os navios plataforma –pelo menos cinco, do tipo FPSO, entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões, cada– chegamos a perto de US$ 50 bilhões, só em equipamentos, afora a montagem da estrutura de operação.
Caro, mas é um grande negócio, tanto que os chineses estão loucos para comprar. E os ingleses, em tempo de retração da economia europeia, loucos para vender.
Ou seja, sem que a Petrobras exerça seu direito contratual, o maior campo de petróleo do Brasil e um dos maiores do mundo, hoje, tem seu destino totalmente alienado dos interesses nacionais. E lembremos que, junto com o petróleo, vai conhecimento geológico e de perfuração em águas ultraprofundas e através de camadas salinas. E nossa maior jazida vira um condomínio, cheio de multis, de todas as partes, tendo acesso a tudo.
Logo aparecerão os homens da calculadora, dizendo que isso vai representar investimento estrangeiro e que a Petrobras não devia exercer sua opção de compra para não comprometer mais seis ou sete bilhões de dólares de seu plano de investimentos.
Caso isso se confirme, será imenso desafio à Petrobras. Mas ela tem condições de fazê-lo. Mas o país, ao negociar os direitos de suas áreas promissoras em petróleo, fica advertido de que é preciso criar sanção financeira pesada para quem se candidata a eles e, depois, corre da raia.
Afinal, contratos de concessão não são simples contratos comerciais normais, pois geram direito de exploração do que pertence à coletividade.
Nossos horizontes em matéria de petróleo são os melhores possíveis, com perspectivas que exigem esforço imenso do país para se tornarem áreas produtivas. Quem se habilitou a participar disso não pode, simplesmente, recolher as tralhas, liquidar por um bom preço e ficar com o lucro de quem comprou e revendeu.”
FONTE: por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional” (http://blogprojetonacional.com.br/se-o-negocio-e-da-china-primeiro-e-nosso/).
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