quarta-feira, 19 de outubro de 2011

DONO DA ‘VEJA’ AVISOU QUE QUER DERRUBAR O GOVERNO DILMA

Roberto Civita (dono da "Veja"; judeu nascido em Milão-Itália em 1936, fez todos os seus estudos nos EUA. O governo FHC/PSDB/DEM concedeu-lhe, em 2002, a mais elevada honraria, a de “Grande Oficial da Ordem do Rio Branco”, provavelmente pelos imensos serviços prestados à direita e ao governo demotucano)


Ator José de Abreu: “CIVITA (Veja) AVISOU AO PT QUE DERRUBARÁ DILMA

Por Eduardo Guimarães

“No último domingo, o ator José de Abreu, esse simpaticíssimo sessentão paulista de Santa Rita do Passa Quatro, soltou uma nota no Twitter que, desde então, vem sendo objeto de curiosidade e de intensos debates na internet devido ao teor explosivo que encerra. Abaixo, a reprodução da nota do ator. Foi capturada em seu perfil naquela rede social.

Diante da enormidade que é haver dado concreto sobre uma premissa que todos os que se interessam por política já intuíam diante do comportamento da revista ‘Veja’ nos últimos tempos, sobretudo após o caso escabroso em que um repórter desse veículo tentou invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu em um hotel de Brasília, decidi entrevistar o autor de tão interessante informação.

Conversei com Abreu por telefone durante cerca de 40 minutos. Foi mais um bate-papo informal. Girou, basicamente, em torno da informação que o ator obteve, mas enveredou por sua visão sobre como e por que um empresário do setor de comunicação ousa mandar ao governo do país um recado dessa magnitude, em termos de arrogância.

Segundo Abreu, a informação lhe foi passada por um petista graúdo que procurou a direção da ‘Veja’ logo após a tentativa de invasão do apartamento de Dirceu. O emissário não teria procurado a revista em nome do governo, mas, sim, em nome do PT. Ainda segundo o entrevistado, essas conversas de petistas e até do governo com a mídia ocorrem institucionalmente e com frequência.

A tal “raposa felpuda” do PT teria ponderado com a direção da ‘Veja’ que precisaria haver limites, que a revista estaria passando da conta. Enfim, teria sido a tentativa de pacto de convivência mínimo. Aliás, a informação relevante do entrevistado foi a de que esse pacto até já existe e é por isso que Dilma vem sendo poupada pela mídia, apesar dos ataques ao seu governo.

A resposta veio de cima, do próprio Roberto Civita [criador e editor-chefe da ‘Veja’ e presidente do Grupo Abril; judeu ítalo-israelense-americano-brasileiro], e foi a de que não haveria acordo: a ‘Veja’ pretende derrubar o governo Dilma. As razões para isso não foram explicadas, apesar de que o interlocutor de Abreu diz que o dono da ‘Veja’ está enfurecido com os sucessivos governos do PT que, nos últimos 9 anos, tiraram da grande mídia montanhas de dinheiro público.

Sempre segundo o entrevistado, apesar de muitos acharem que o governo “dá dinheiro” à mídia (via publicidade oficial) apesar de ser fustigado por ela, nos últimos nove anos a publicidade do governo federal, a compra de livros didáticos da Abril, enfim, tudo que o governo gasta com comunicação passou a pingar nos cofres midiáticos em proporção infinitamente menor do que jorrava até 2002.

De fato, de 2003 para cá, esse bilhão de reais que o governo gasta oficialmente em comunicação, que até aquele ano era dividido entre 500 veículos, hoje irriga cerca de oito mil veículos, muitos deles com linha editorial totalmente inversa à dos grandes meios de comunicação que até o advento da eleição de Lula, em 2002, mamavam tranquilamente. E sozinhos.

Abreu também diz que essa coexistência de bastidores entre adversários políticos (imprensa tucana, de um lado, e PT e governos petistas de outro) se deve a um fato inegável: os políticos precisam da mídia e isso fica claro quando a gente se surpreende ao ver petistas, os mais alvejados por esses veículos, concedendo cordiais entrevistas aos seus algozes.

Particularmente, este blog não se surpreendeu com as revelações de José de Abreu. As ‘marchas contra a corrupção’, o objetivo claro de impedir o funcionamento do governo lançando matérias incessantes só contra o governo federal enquanto escândalos enormes como o das emendas dos deputados estaduais paulistas recebem espaço quase zero, mostram que a mídia pretende inviabilizar o governo Dilma Rousseff.

Mais uma vez, digo a quem não acredita: se o cavalo do golpe passar selado, a mídia monta sem pensar. E, agora, tenho até evidências concretas para fundamentar meu ponto de vista. Será, então, que o PT e o governo Dilma vão ficar sentados esperando o golpe? Querem a minha opinião? Acho que vão. Eles ainda acreditam que podem se entender com a imprensa golpista.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania.com”  (http://www.blogcidadania.com.br/2011/10/jose-de-abreu-%e2%80%9ccivita-avisou-ao-pt-que-derrubara-dilma%e2%80%9d/) [título, figuras iniciais (obtidas no Google) e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

12 comentários:

Anônimo disse...

bom,talves agora a dilma acorde e saia de sua "zona de conforto".

Probus disse...

Serra e o PiG brincam com fogo.
O tapetão pode se manchar de sangue

Publicado em 02/09/2010

O Conversa Afiada publica uma seleção dos comentários de amigos navegantes sobre o Golpe do Gilmar, Serra e FHC: o Golpe de Estado da Direita:

Odin disse: Se impugnarem a candidatura da Dilma, sairemos na rua!

Eliana / MG disse: Que armação mais ridícula! Temos que ir às ruas protestar contra o golpe.

Charles disse: PHA,só existe uma coisa a ser dita na sua grande intervenção:que todos saibam que não estamos mais em 64.É só pagarem pra ver.Abraços. DILMA 2010. Para o BRASIL seguir mudando.

Bastos disse: Ñ acho q exista clima p/ um golpe como o de 64. Mas eh bom acreditar q vontade de atacar a democracia ñ falta a indivíduos como Gilmar e Serra…
Por isso eh bom o governo tomar muito cuidado. As vésperas d golpe de 64, muita gente ñ acreditava na possibilidade do Golpe, Jango inclusive pagou (caro) p/ ver.´
Creio q está na hora de começar uma reação contrária, popular e incontestável.

Andrade disse: Estou cada vez mais profundamente preocupado, esse caras não estão aceitando a derrota e não a aceitarão, esse fel está muito amargo para engolir. Perigo a vista. Esse filme esteve em cartaz na década de 60, mais precisamente em 1964. Todo cuidado é pouco. Não haverá descanso tão cedo.

Domingos Sávio disse: O povo nas ruas é duro de controlar, no tapetão não dá.

Marcos Caetano disse: É um absurdo a manobra que está em curso! Vamos para as ruas protestar contra essa tentativa de Golpe! Eleição se ganha nas urnas, não no tapetão! Mobilização Já!

José Roque da Silva Neto disse: PHA, tô estarrecido! Nem na efeverscência da ditadura vimos coisas parecidas. Querem dá um golpe! Bando de emplumados canalhas, golpista, lambedores de botas, covardes. Leonel Brizola tinha toda razão quando dizia se eleito Presidente do Brasil fecharia a globo. Cadê o Ciro Gomes com sua bocona pra dizer no programa da Dilma quem é zé ladeira abaixo. Tenho certeza que terei dificuldades para dormir, até quando...

Emmanuel Vieira disse: PHA, O desespero está tomando conta da direitona. Eles não vão deixar esta eleição sair barata, pode esperar que vem mais baixaria pela frente. Os canais abertos todos repicaram o assunto. Carlos Nascimento do SBT entrevistando Dilma chegava a babar em suas perguntas sobre a suposta fraude. O casal 45 irradiava ódio nas suas entranhas. Que Deus tenha piedade do povo brasileiro.

Paulo Cesar disse: EIS AS GRANDES DIFERENÇAS
1. Dilma não é a Roseana.
2. E o Lula não é o Sarney.
3. Hoje tem Blogosfera
4. Não são 30% da Rosena, são 51% da Dilma
5. O povo da Dilma está com as garras afiadas

Osmar De Camargo disse: Estou recomendando vigilia constante;pois o pior está por vir!

SERGIO SANTANA disse: PHA! Que eles não tentem vencer esta eleição no tapetão, pois nós invadiremos as ruas desse país. Não TOLARAREMOS GOLPE!!!!!!!!!!!!!!!!!!. Que eles não subestimem o povo!. Nós iremos as ruas exigir o respeito da vontade da maioria!!!!.

Eason Nascimento disse: Vão ter que ser “muito macho”, como se diz no nordeste pra encarar uma dessas. Eles que se atrevam. O povo não aceitará tapetão no lugar do voto.
http://easonfn.wordpress.com

Fabio de Oliveira Ribeiro disse:
Eu estou absolutamente tranquilo. Os postes estão nas ruas, imóveis e impassíveis, sempre à disposição do povo caso o povo queira pendurar os pescoços dos golpistas, velhos e novos.

Em tempo: em 1954, quando Getulio se matou, botaram fogo no Globo e o Lacerda fugiu de navio.

Em tempo 2: Atella, o de 5 CPFS, nem sabia que o jenio tem filha:

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/09/02/serra-e-o-pig-brincam-com-fogo-o-tapetao-pode-se-manchar-de-sangue/

Probus disse...

“Eles querem ganhar no tapetão,
companheiros !”

Publicado em 22/09/2010

O Conversa Afiada reproduz post do Blog dos Amigos do Presidente Lula

A imparcial Dra Cureau tentou calar este blog e, quando tentou fazer o mesmo com o Mino, foi tratada a luvas de pelica.

Neste post, se verá que a indignação de Lula com o PiG (*) subiu outro degrau.

Como subiu a Dilma, que foi para a jugular do Otavinho.

(E logo depois calou a urubóloga)

Lula e Dilma perceberam que a batalha não é entre a Dilma e o jenio.

O jenio submergiu, tragado pela própria irrelevância.

Como na Argentina e na Venezuela, a batalha é entre Dilma/Lula e o PiG (*).

Clique aqui para ler “a eleição agora é entre a Dilma e o PiG (*)”.

O PiG (*) é o que restou da oposição.

(Agora que o Gilmar Dantas (**) foi reduzido à sua ministerial insignificância.)

Clique aqui para ver o que a presidente da ANJ, auto-proclamada líder da oposição, tem em comum com a Marina

O Lula tem razão.

O PiG (*) e o jenio pensam que ainda é 2002, quando bastava dar três telefonemas para fazer a cabeça do Brasil: para o Dr Roberto, para o Ruy (Mesquita) e para o “Seu” Frias, nome de uma ponte em São Paulo.

O Robert(o) Civita vinha no vácuo.

Mudou.

Agora tem a internet e o Barão de Itararé, que vai organizar um Ato contra o Golpe do PiG (*).

Clique aqui para ler o que o Miro diz sobre a tentativa do Globo de desvirtuar o sentido do Ato.

E aqui para ler como a OAB sentou na garupa do Golpe (que saudades do Faoro !).

O que o PiG (*) começou a entender é que, dessa vez, o povo vai para a rua, na pista de alta velocidade da banda larga.

Já pensou o Lula em frente à sede da Folha (*), na Barão de Limeira, com o pessoal dos Sem Mídia ?

Em frente à sede da Globo, na Berrini, ao lado daquele terreno invadido que o Serra agasalhou ?

E o Lula dizer assim: “eles querem tomar a nossa vitória no tapetão, companheiros ! Eleição se ganha no voto !”.

Já pensou ?, amigo navegante ?

O Ali Kamel pensa que é sabido.

O Otavinho está brincando com fogo.

Vai fazer xixi na cama, já, já.

Paulo Henrique Amorim

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/09/22/%E2%80%9Celes-querem-ganhar-no-tapetao-companheiros-%E2%80%9D/

Probus disse...

"Honduras não é aqui!!"

(José Lopez Feijóo, líder metalurgico do ABC)

O Estadão foi (e é) o house-organ do Gilmar Dantas (*).

Durante dois anos, o Supremo Presidente do Supremo governou o Brasil nas páginas do Estadão – e nos minutos que o Ali Kamel lhe concedia no jornal nacional, cinco vezes por semana, convém sublinhar.

E no Estadão (e no jornal nacional) Ele quase dá o Golpe de Estado da Direita.

O Presidente Supremo do Supremo era uma espécie de “especialista de gaveta”.

Quando o Estadão queria derrubar o Lula a propósito de qualquer “reportagem” ou “análise”, Ele entrava no texto para referendar o Golpe do Estadão.

Para dar um verniz jurídico ao Golpe.

Ser o Carlos Medeiros Silva e redigir o Ato Institucional # 1, que cassaria o mandato do Lula.

(E fecharia todos os blogs.)

Gilmar ia hondurizar o Golpe.

A Fortuna permitiu que Cezar Peluso substituísse o Supremo Presidente e devolvesse ao Supremo a discrição que confere autoridade.

Presidente do Supremo não é pop star, nem faz campanha eleitoral para dar 986 entrevistas por semana.

(Procurador da Justiça Eleitoral também não.)

O Supremo não suprime o Legislativo ou o Executivo, como fez o Presidente Supremo do Supremo.

Nem o Conselho Nacional de Justiça é uma corte privada, pessoal do presidente do Supremo.

Hoje, o ex-Presidente Supremo do Supremo está contido em sua ministerial insignificância.

Vez por outra ele reaparece, como agora, para sujar, pioneiramente, o Ficha Limpa.

Clique aqui para ler “Lewandowsky não é Gilmar – cuidado, senador Heráclito, sua re-eleição está no limbo”.

Quem o substitui na hondurização do Golpe é a subprocuradora eleitoral, dra Sandra Cureau, que o presidente Lula, em boa hora, designou como uma “procuradora qualquer”.

A dra Cureau é a “especialista de gaveta” do PiG (**).

Ela gosta de uma entrevista.

De um holofote.

Ela entra nas “reportagens” do Estadão para dar o verniz à hondurização.

Neste sábado, na pág. A4, o Estadão decidiu que o “Governo federal gasta além do limite da Lei Eleitoral com publicidade”.

Quem está lá, honduramente ?

Ela, a dra. Cureau: “Governo não pode gastar acima do limite previsto em lei de jeito nenhum”.

Lapidar !

Antológico !

Profundo !

Golpial !

Com a dra. Cureau estamos salvos.

Como salvos estávamos com as 678 entrevistas semanais do Supremo Presidente.

Sabe-se que a dra. Cureau vem do Rio Grande do Sul, embora tenha trabalhado no Rio, quando conheceu o corajoso ministro Joaquim Barbosa.

Em lugar de se inspirar em Barbosa, a dra. Cureau aparentemente se inspira em Gilmar Dantas (*) e em Nelson Jobim, o ministro serrista (***).

Cabe lembrar que o ministro serrista Nelson Jobim foi quem, no Palácio do Planalto, na reunião do “chamar às falas”, produziu uma babá eletrônica que fulminou a carreira do ínclito delegado Paulo Lacerda.

O ministro serrista aparentemente fez isso em nome do “Estado de Direito”.

Derruba-se o Paulo Lacerda (quem é Lacerda, afinal ?, deve ter pensado o ministro serrista), acalma-se o meu bom amigo Gilmar, companheiro dos tempos do Governo do Farol, e o Gilmar não derruba o Lula.

Fica tudo na santa paz.

Bem que o Ministro serrista Nelson Jobim podia ter uma conversinha com a amiga, a dra. Cureau.

E dizer prá ela asim: calma, jovem.

Não se deixe iludir com a gloria efêmera do Estadão.

Isso passa.

Não brinque com fogo.

O Brasil não é Honduras.

E no ouvido, bem baixinho, o ministro serrista poderia perguntar à dra. Cureau: “Você já ouviu falar no Feijóo (****)?”

Paulo Henrique Amorim

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/07/17/a-dra-cureau-e-o-novo-gilmar-jobim-e-o-estado-de-direito/

Probus disse...

18/10/2011: Verdades e mentiras sobre a Síria

Jeremy Salt (Professor associado de história e política do Oriente Médio, na Universidade Bilkent, em Ankara, Turquia)

17/10/2011, Jeremy Salt, Counterpunch

Truth and Falsehood in Syria
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

23 razões pelas quais devemos ver com desconfiança o ponto de vista ocidental sobre a insurreição na Síria.

A insurreição afunda-se em guerra civil na Síria, e é preciso pôr um freio na propaganda que escorre da imprensa-empresa ocidental, aceita sem qualquer crítica por muita gente que tem o dever de saber mais sobre o que diz. Aqui, um quadro geral de informações, a partir das quais se pode começar a discutir o que realmente está acontecendo nesse país criticamente importante do Oriente Médio.

1. A Síria é estado-mukhabarat [serviço secreto] desde que o lastimável Abdel-Hamid comandava os serviços de inteligência, como segundo governo, nos anos 1950s. O estado autoritário que brotou ao tempo do ex-presidente Hafez Al-Assad chegou ao poder em 1970 e esmagou cruelmente todos os opositores. Várias vezes, foi ou ele ou eles. A presença ubíqua do mukhabarat é fato desagradável da vida dos sírios, mas, dado que a Síria é alvo perpétuo de assassinatos e subversão que vêm de Israel e das agências ocidentais de inteligência, e várias vezes foi atacada militarmente, tem hoje grandes porções de seu território ocupadas por Israel e os inimigos da Síria não perdem ocasião para tentar agredi-la, ninguém pode dizer, sem qualquer reflexão, que o mukhabarat não seja necessário.

2. Não há dúvidas de que o núcleo inicial de manifestantes que se reuniram na Síria quer uma transição pacífica para forma democrática de governo. Tampouco pode haver qualquer dúvida de que grupos armados operando no subsolo das manifestações públicas não têm nenhum interesse em qualquer tipo de reforma. Querem, só, destruir o governo.

3. Houve manifestações muito grandes de apoio ao governo. Detesta-se tanto a violência das gangues armadas quanto qualquer interferência externa e a exploração da situação, por governos de fora e pela imprensa. Aos olhos de muitos sírios, a Síria é hoje, outra vez, alvo de uma conspiração internacional.

4. Por mais que sejam verdadeiras as acusações feitas contra as forças de segurança, as gangues armadas mataram centenas de policiais, soldados e civis, num total que se aproxima, agora, de 1.000 mortes. Os civis mortos incluem professores universitários, médicos e até, recentemente, o filho do Grande Mufti da república. As gangues armadas massacraram, emboscaram, assassinaram, atacaram prédios do governo e sabotaram linhas de trens.

5. O presidente sírio Bashar Al-Assad tem base forte e alta popularidade pessoal. Embora seja parte do sistema, erra quem o definir como ditador. Na Síria, o verdadeiro ditador é o próprio sistema. O poder mais profundamente enraizado na Síria – lá entrincheirado há 50 anos – é o establishment militar e de inteligência e, em menor grau, a estrutura de governo do Partido Baath. Essas são as forças que realmente resistem à mudança. As manifestações foram a oportunidade, para Al-Assad, de dar seu recado, de que o sistema tem de mudar – o que ele fez.

6. Confrontado às manifestações gigantes, esse ano, o governo afinal apresentou um programa de reformas. Essa evidência é descartada, sem qualquer consideração, pela oposição. Não houve sequer alguma tentativa de testar a boa fé do governo.

7. A“notícia” de que a oposição armada contra Al-Assad só começou recentemente é total mentira. Praticamente desde o início, sempre houve soldados, policiais e civis assassinados, quase sempre sob as mais brutais circunstâncias.

Probus disse...

8. Os grupos armados são bem armados e bem organizados. Grandes quantidades de armas têm sido contrabandeadas e chegam à Síria, por mar, vindas do Líbano e da Turquia: armas automáticas, metralhadoras, Kalashnikovs, lança-granadas, granadas de fabricação israelense e inúmeros outros tipos de explosivos. Não se sabe exatamente quem vende essas armas, mas alguém as vende e alguém paga por elas. Informações obtidas de membros das gangues armadas capturados apontam na direção do Movimento Futuro, do primeiro-ministro libanês Saad Al-Hariri. Hariri é conhecido homem dos EUA e da Arábia Saudita, com influência que avança bem além das fronteiras do Líbano.

9. Aoposição armada ao regime parece ser em larga medida patrocinada pela Fraternidade Muçulmana, ilegal na Síria. Em 1982, o governo sírio esmagou brutalmente um levante iniciado pela Fraternidade, na cidade de Hama. Houve milhares de mortos e parte da cidade foi destruída. A Fraternidade Muçulmana tem dois principais objetivos: destruir o governo Baathista e destruir o estado secular, para implantar sistema islâmico de governo. Está quase palpavelmente sedenta de vingança.

10. As gangues armadas recebem forte apoio externo, além dos já conhecidos ou indicados. Um ex-presidente e ministro das Relações Exteriores da Síria, hoje exilado, Abdel-Halim Khaddam, que vive em Paris, há anos faz campanha para derrubar o governo de Al-Assad. Recebe recursos simultaneamente da União Europeia e dos EUA. Outros ativistas exilados, dentre os quais Burhan Ghalioun, apoiado pelo Qatar como líder do “Conselho Nacional”, tem base em Istanbul. Ambos, Ghalioun e Khaddam, vivem em Paris; e ambos fazem ativo lobby contra o governo de Al-Assad na Europa e em Washington.
Como Mohamed Riyad Al-Shaqfa, líder da Fraternidade Muçulmana na Síria, Ghalioun é altamente receptivo a “intervenção humanitária” do exterior à Síria, no modelo líbio (outros são contrários a qualquer intervenção). Promover os exilados como governo alternativo é tática que faz lembrar o modo como os EUA usaram os exilados iraquianos (o chamado “Congresso Nacional Iraquiano”) antes da invasão do Iraque.

11. Acobertura que se vê na imprensa-empresa ocidental sobre os acontecimentos na Líbia e na Síria tem sido aterradora. A intervenção da OTAN na Líbia é causa de destruição massiva e de milhares de mortes. A guerra, depois da invasão do Iraque, ainda é dos maiores crimes internacionais da história, cometido pelos governos de EUA, Grã-Bretanha e França. A cidade líbia de Sirte tem sido bombardeada dia e noite há duas semanas, sem que a imprensa-empresa ocidental dê qualquer atenção à destruição descomunal e ao número de mortos que, sem dúvida, é altíssimo. A imprensa-empresa ocidental não fez qualquer esforço para confirmar relatos que chegam de Sirte, de prédios civis bombardeados e da matança de centenas de pessoas. A única explicação para isso é que a verdade, horrenda, condenaria toda a operação da OTAN.

Probus disse...

12. Na Síria, a mesma imprensa-empresa seguiu o mesmo padrão de mal noticiar e desinformar. Ignorou ou reduziu todas as evidências dos crimes praticados pelas gangues armadas. Induziu o público a não acreditar no que o governo sírio diz e a acreditar cegamente no que dizem os “rebeldes”, que falam, muitas vezes, por intermédio de organizações de direitos humanos com sede na Europa ou nos EUA. Noticiaram-se como fatos inumeráveis mentiras, como se noticiaram sobre a Líbia e como, antes da invasão, se noticiaram sobre o Iraque. Algumas dessas mentiras, pelo menos, já foram desmascaradas.
Pessoas cuja morte foi noticiada, como assassinadas por forças de segurança, reapareceram vivas. Os irmãos de Zainab Al-Hosni disseram que ela havia sido seqüestrada por forças de segurança, assassinada e esquartejada. Esse trágico relato, repetido pelos canais de TV Al-Jazeera e Al-Arabiya dentre vários outros, sempre foi absolutamente falso. A mulher continua viva até hoje, enquanto a propaganda diz que não é ela, a viva, mas uma “dublê”. Al-Jazeera, o Guardian britânico e a BBC têm-se destacado pelo apoio cego a qualquer um que apareça para desacreditar o governo sírio. E as principais empresas de imprensa e comunicação nos EUA seguem o mesmo padrão. Al-Jazeera, em particular, que se destacou ao cobrir a revolução egípcia, perdeu toda a credibilidade como canal de notícias independente no mundo árabe.

13. No empenho para destruir o governo sírio, a Fraternidade Muçulmana tem objetivos em comum com EUA, Israel e a Arábia Saudita, cuja paranóia contra o islã xiita chegou ao auge no levante do Bahrain. WikiLeaks revelou o quanto os EUA estavam impacientes para atacar o Irã. Alvo substituto é destruir o relacionamento estratégico que une Irã, Síria e o grupo libanês xiita Hizbullah. EUA e os sauditas querem destruir o regime Baathista dos alawitas em Damasco por razões apenas ligeiramente diferentes, mas o que conta é que querem destruí-lo.

14. Os EUA estão fazendo o máximo que podem para prender a Síria nas cordas. Estão oferecendo apoio financeiro a políticos exilados da oposição. Já tentaram (e falharam, pelo menos até aqui, graça à oposição de russos e chineses) introduzir um vasto programa de sanções, usando para isso o Conselho de Segurança da ONU. Não há dúvidas de que voltarão a tentar novamente e, dependendo do rumo que a situação tome, podem tentar, com o apoio de britânicos e franceses, impor Resolução para que se crie uma zona aérea de exclusão que abriria caminho para ataque militar.
A situação é fluida e não há dúvida de que se preparam os mais diferentes planos de contingência. A Casa Branca e o Departamento de Estado fazem, dia sim, dia não, declarações sempre mais agressivas. Em ato de provocação aberta contra o governo sírio, o embaixador dos EUA, acompanhado do embaixador francês, viajou a Hama, antes das orações da 6ª-feira. Contra tudo que já se viu do que já fizeram no passado em termos de interferência em países do Oriente Médio, é absolutamente inconcebível que EUA e Israel, com França e Grã-Bretanha, não estejam envolvidos no levante sírio, muito mais profundamente do que já é sabido.

Probus disse...

15. Ao mesmo tempo em que dão atenção máxima à violência do regime sírio, os governos de EUA e de países europeus (especialmente a Grã-Bretanha) têm ignorado completamente a violência dirigida contra aquele regime. E a violência desses governos, é claro, contra Líbia, Iraque, Afeganistão e outros países, de tão vasta, nem cabe nesse quadro. A Turquia uniu-se a essa campanha contra o governo da Síria com grande empenho, e já foi muito mais longe do que nunca antes, contra o regime sírio.
No espaço de poucos meses, a política regional turca de “nenhum problema” com os vizinhos regionais, mudou, da forma mais incoerente. A Turquia já apoiou até o ataque da OTAN à Líbia, depois de, inicialmente, ter-se mantido à parte. Antagonizou o Irã, por sua política de apoio à Síria e ao aceitar, contra forte oposição doméstica, a instalação, em território turco, de uma base norte americana de radares e mísseis, claramente direcionada contra o Irã. Os EUA dizem que os dados recolhidos nessa base serão partilhados com Israel, que se recusa a desculpar-se pelo ataque contra o barco turco Mavi Marmara, questão que levou à beira de grave crise as relações entre Israel e Turquia. Assim, depois da política de “nenhum problema”, a Turquia abraça hoje uma política cheia de problemas com Israel, Síria e Irã simultaneamente.

16. Enquanto alguns membros da oposição síria falaram contra qualquer intervenção estrangeira, o “Exército Sírio Livre” disse que seu objetivo declarado é implantar uma zona aérea de exclusão sobre o norte da Síria. Zona aérea de exclusão não se implanta sem força, e já se viu a que resultado levou na Líbia – destruição massiva de infraestrutura, matança de milhares de civis e portas abertas a um novo período de dominação ocidental.

17.Se o governo sírio cair, todos os baathistas e todos os alawitas serão caçados até o último sobrevivente. Em governo dominado pela Fraternidade Muçulmana, regredirá o status de todas as minorias e das mulheres.

18. Mediante à “Lei [norte-americana] da Transparência na Síria” e mediante as sanções já impostas pela União Europeia, os EUA tentam destruir a Síria há 20 anos. Destroçar qualquer unidade entre estados árabes unificados e criar linhas de separação etno-religiosas são objetivos de Israel há décadas. Onde vai Israel, os EUA naturalmente seguem. Os frutos dessa política podem ser vistos no Iraque, onde se criou estado que só é independente no nome para os curdos, e onde a constituição, escrita pelos EUA, separa o povo iraquiano em curdos, sunitas, xiitas e cristãos, destruindo o laço lógico do nacionalismo árabe. O Iraque nunca mais conheceu um momento de paz, desde que os britânicos entraram em Bagdá em 1917.
Na Síria, divisões etno-religiosas (árabes muçulmanos sunitas, curdos muçulmanos sunitas, druzos, alawitas e várias seitas cristãs) tornam o país vulnerável. É o mesmo plano para enfraquecer o país e promover a discórdia sectária com eventual desintegração como estado árabe unificado, que os franceses tentaram originalmente impedir que se formasse nos anos 1920s.

19. Destruir o governo baathista na Síria seria vitória estratégica de valor inestimável para EUA e Israel. O arco central do relacionamento estratégico entre Irã, Síria e o Hezbullah estaria destruído; o Hezbullah ficaria geograficamente isolado, com um governo muçulmano sunita hostil, ao pé da porta; e o Hezbullah e o Irã estariam mais expostos a ataque militar pelos EUA e Israel. Por acaso ou não, a “Primavera Árabe”, do modo como evoluiu na Síria, pôs nas mãos de EUA e Israel uma alavanca que pode levá-los a conseguir o que querem.

Probus disse...

20. Um governo da Fraternidade Muçulmana no Egito ou na Síria não será necessariamente hostil aos interesses dos EUA. Desejoso de mostrar-se membro respeitável da comunidade internacional e outro bom exemplo de “islamismo moderado’, o mais provável é que um eventual governo egípcio dominado pela Fraternidade concorde com manter o acordo de paz com Israel, enquanto possa (quer dizer, até que outro ataque massivo de Israel contra Gaza ou contra o Líbano torne o tal acordo absolutamente insustentável).

21. Um governo da Fraternidade Muçulmana na Síria seria aliado da Arábia Saudita e hostil ao Irã, ao Hezbullah e aos xiitas do Iraque, sobretudo aos aliados do líder xiita Muqtada Al-Sadr. Falaria muito a favor da causa palestina e da libertação das Colinas de Golan, mas, na prática, suas políticas dificilmente seriam diferentes das do governo que a Fraternidade luta hoje para destruir.

22. O povo sírio tem todo o direito de exigir e ter democracia, mas desse modo e a esse preço? Mesmo hoje, o caminho a seguir é o fim da matança e o início de negociações para reformas, não violência e ameaças de dividir o país. Infelizmente, a violência, não qualquer acordo negociado, é o que muita gente deseja dentro da Síria, e muitos governos que assistem e esperam pela melhor oportunidade também querem mais violência. Nenhum sírio tem qualquer coisa a ganhar nesse quadro, pensem hoje o que pensarem.
A Síria está sendo arrastada para uma guerra civil sectária, talvez com intervenção estrangeira, e com certeza para o caos, em escala ainda maior do que hoje se vê. Não haverá rápida recuperação, se o estado entrar em colapso ou for destroçado. Como o Iraque, e provavelmente também como a Líbia, olhando a situação presente, a Síria mergulharia em um torvelinho de sangue que se poderia arrastar por muitos anos. Também como o Iraque, seria atirada para fora do ring, como estado incapaz de defender interesses árabes, o que significa, claro, que só seria capaz de defender interesses dos EUA e de Israel.

23. Assim, tudo considerado, que interesses esse tipo de resultado atenderia?

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/10/verdades-e-mentiras-sobre-siria.html

Unknown disse...

Empalador,
Também acho. Essa zona é um fio muito tênue. É difícil ela ficar lá sem cair nas mãos dos inimigos. Os lobos serão sempre lobos, mesmo que fantasiados de cordeiros.
Maria Tereza

Unknown disse...

Probus,
Você lembrou bem esse cenário de tempos recentes. Mesmo que ainda não haja clima, a direita, a oposição e o PIG sempre tentaram e tentarão criar rachaduras com escândalos pré-fabricados e combinados entre eles, para enfraquecer o governo, eventualmente desmonorá-lo e, assim, voltarem ao poder com o apoio das FFAA (que também têm sua cúpula direitista). Pelo voto, somente, será difícil eles voltarem.
Obrigada pelo ótimo e informativo artigo sobre a Síria.
Maria Tereza

O Patriota disse...

Nunca mais compro uma veja.

Revistinha de terceira judeus realmente domina a midia e faz o marketing de israel, e uma vergonha para este pais este cara com lavagem celebral de paisinhos nazista como israel infiltrado no Brasil.