Presidente Dilma Rousseff recebe Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), no Palácio do Planalto
DIRETORA DO FMI DIZ QUE BRASIL É O PAÍS MAIS PROTEGIDO CONTRA CRISE
Por Gustavo Miranda, da Agência “O Globo”
“Em sua primeira visita oficial ao Brasil desde que assumiu o cargo, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou, na quinta-feira, que, do ponto de vista da instituição, o Brasil é o país que está mais protegido contra possível contaminação da crise europeia em outras economias. A diretora-gerente do FMI elogiou a política fiscal brasileira e disse que o governo, ao reduzir os tributos para estimular o consumo, está no caminho certo:
“Acreditamos que o Brasil está mais bem protegido do que quaisquer outros países dos efeitos de contaminação e das consequências da crise do euro”.
Em comunicado divulgado mais tarde, Lagarde afirmou, no entanto, que a economia brasileira "não está imune". "O desafio agora é encontrar equilíbrio que permita ao país apoiar o crescimento e conduzir a inflação para a convergência da meta fixada pelo Banco Central. E tudo isso sem deixar de proteger —ou mesmo expandir— seus gastos sociais e modernizar a infraestrutura", diz a nota.
Lagarde, que se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, ainda, que o Brasil tem histórico "extremamente sólido" e se encontra em situação econômica "muito favorável". Sobre as medidas anunciadas na manhã de quinta-feira por Mantega e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse considerá-las positivas:
“As medidas anunciadas mais cedo certamente estão indo pelo caminho certo para estimular investimento nesse país. O FMI tem atitude positiva em relação a esse processo”.
O principal ponto da conversa de Lagarde com Dilma e Mantega foi a crise que assola a zona do euro, que ameaça o ritmo de expansão global, com consequências para as nações emergentes.
MANTEGA DIZ QUE PREFERE “SER CREDOR DO QUE DEVEDOR”
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não resistiu e brincou com a diretora-gerente do Fundo, ao fechar a conferência de imprensa dada pelos dois:
“Desta vez o FMI não veio dar dinheiro, mas pedir dinheiro. Prefiro ser credor do que devedor”.
O Fundo está em campanha pela união das maiores economias do planeta na ação de resgate dos países europeus. Lagarde, no entanto, deixará Brasília de mãos vazias. Mantega, disse que o país está disposto a colaborar com aporte adicional de recursos através de acordos bilaterais de crédito. Mas esse apoio está condicionado ao aumento das cotas do Fundo, acertadas em 2009 e 2010 [não cumpridas pelo FMI], e à atuação dos países europeus para debelar a crise.
O ministro da Fazenda também deixou claro que qualquer decisão do governo brasileiro será tomada em conjunto com os demais membros dos BRICS (sigla para o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Disse que espera que isso ocorra antes de fevereiro, quando o G-20 financeiro (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) se reunirá. E frisou que outros países, como os Estados Unidos e os próprios europeus, devem participar desse aporte:
“Não há quantia definida. É discussão que estamos fazendo com os BRICS, que concordaram em fazer aporte ao FMI, mas sob determinadas condições".
Mantega enfatizou que o governo brasileiro continua bastante preocupado com a economia europeia. Em sua opinião, a situação está piorando, devido à falta de liquidez:
“Conversamos sobre o papel do FMI e a situação da economia europeia. Do meu ponto de vista, a crise europeia está se agravando. Estamos vendo mercado com cada vez menos recursos financeiros... Esperamos solução, a mais rápida possível, antes que a situação financeira se deteriore. Nossa preocupação é que a crise chegue aos países emergentes".
Já Christine Lagarde disse que o FMI está presente "para apoiar a todos os seus membros", ou seja, não apenas os europeus.
“O FMI não está focado apenas na zona do euro” — destacou.
A atuação conjunta dos seis maiores bancos centrais do mundo, no sentido de reduzir os juros e aliviar as pressões sobre o euro são positivas, mas insuficientes, sinalizou Lagarde.
“Vemos com bons olhos a atuação conjunta dos bancos centrais. Notamos que esse tipo de ação conjunta produz efeitos imediatos, conforme verificamos sempre que os bancos centrais agem em conjunto. Trata-se de iniciativa positiva, mas não é a única necessária” — disse a diretora-gerente do FMI, que se reuniu, também, com o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini.
FONTE: jornal “O Globo”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://oglobo.globo.com/economia/diretora-do-fmi-diz-que-brasil-pais-mais-protegido-contra-crise-3360555#ixzz1fJc1CWRB) (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/diretora-do-fmi-diz-que-brasil-e-pais-protegido-contra-crise#more) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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