Rei Don Juan Carlos, da Espanha, autor da arrogante ofensa. Agora, leva o troco com luvada de pelica
Do Blog do Mauro Santayana
“Não faz mais de um mês, em Assunção, no Paraguai, foi sepultado, sem choro e sem velas, o projeto neocolonial que embalou os sonhos da Espanha, nos anos 90, de voltar a exercer, com a ajuda de conhecidos neoliberais de plantão, algum poder real na América Latina.
Naqueles anos nefastos, de submissão e desnacionalização da economia, os espanhóis, do alto da ilusão conquistada pelo dinheiro recebido a fundo perdido dos países mais ricos da Comunidade Européia – e graças aos baixos juros cobrados pelos bancos europeus, quando comparados com o preço do dinheiro na América Latina – compraram dezenas de nossas empresas, e tentaram institucionalizar o termo “iberoamérica” para referir-se a este pedaço do planeta. Acreditavam que eram a oitava economia do mundo e que iriam sentar-se à mesa do G-7.
Hoje, o G-7, substituído de fato pelo G-20 – clube do qual a Espanha não faz parte – é ficção estratégica. O grupo do qual mais se fala, na mídia internacional, atende pelo nome de BRICS. Consolidaram-se, na América do Sul, o MERCOSUL, a UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-americano. A Espanha está a dois passos de falir, com uma dívida externa de 165% do PIB e mais de 22% de desemprego.
Foi nessa situação, de duro aprendizado histórico, que os espanhóis insistiram em organizar, nos últimos dias de outubro, na capital paraguaia, mais uma cúpula “iberoamericana”.
Para a reunião, trouxeram o então primeiro-ministro José Luis Zapatero, e o Rei Don Juan Carlos, que ficaram – como bons navegantes – a ver navios, já que os presidentes da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Honduras, Nicarágua, República Dominicana, Uruguai e Venezuela não compareceram.
Trinta dias depois, o Presidente Hugo Chávez (a quem o Rei da Espanha ousou lançar, com arrogância, a ofensa de um ‘por que no te callas ?’) exercita, com prazer, a oportunidade de colocar – com um belíssimo tapa de luvas – sua majestade em seu devido lugar, recebendo, com pompa e circunstância, [na semana passada], 32 Presidentes e Chefes de Estado de países ao sul do Rio Grande, para a reunião de fundação, em Caracas, na Venezuela, da CELAC – ‘Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe’.
A organização da CELAC mostra que, no início deste século XXI, nós já estamos maduros para discutir nossos próprios assuntos e forjar, com base na cooperação e no respeito mútuo, nosso destino, sem a presença incômoda, quando não constrangedora, dos Estados Unidos, de Portugal e da Espanha.
O slogan da Cúpula de Caracas já diz tudo: ‘CELAC – El camino de nuestros Libertadores’. O sonho de Simon Bolivar e do brasileiro Abreu e Lima, que foi seu general na gesta libertadora por uma América Latina livre e mais unida, estará [...] mais perto de se realizar.”
FONTE: escrito pelo jornalista Mauro Santayana em seu blog e transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/mauro-santayana-rei-morto-rei-posto.html) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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