A farsa partidária
Por Bob Fernandes, no Terra Magazine
"A espera do dia 5 de outubro vai se tornando enfadonha. Ninguém aguenta mais. O cansaço é generalizado. As pessoas estão atônitas. Examinam as candidaturas. Ficam perplexas.
São muitas palavras e pouco de concreto. Os programas dos candidatos, que já os apresentaram, são corrigidos diariamente. Parece bolsa de apostas.
Conforme o humor do eleitorado, de acordo com as pesquisas internas de cada candidatura, se alteram. Às vezes buscam a flexibilização das leis trabalhistas.
Outras vezes, manterão tudo como está. O fator previdenciário, instrumento para retardar a aposentadoria dos trabalhadores, é combatido exatamente pelo candidato do partido que o criou [PSDB].
O mesmo ocorre com a reeleição. Fernando Henrique Cardoso/PSDB, em má hora, incluiu no constitucionalismo brasileiro a péssima prática. Ela era vedada, na vida republicana, desde a Constituição de 1891.
O seu candidato à presidência da República, agora, é defensor do fim da malfadada prática. Não dá para compreender. Eles não se entendem nem mesmo no interior da própria agremiação partidária. Não há a mínima coerência nas proposições.
Idêntica situação se verifica no caso das drogas. O tema é relevante. Como se sabe, o ex-presidente tucano é a favor da liberalização. Tem, inclusive, assinado documentos de natureza internacional a respeito.
O seu candidato a senador, em São Paulo, José Serra/PSDB, ao contrário, defende firme combate a todas as drogas. Não existe a menor consistência na atuação dos lideres partidários. Verdadeira casa de ninguém.
Esses dois exemplos demonstram como o quadro partidário, ora existente, não possui coerência alguma. Cada um diz o que quer e de acordo com a ocasião.
Fala-se muito em reforma políticas. Claro que algumas são oportunas. O fim da farra partidária – trinta e duas legendas – é tema relevante. É preciso criar uma cláusula de barreira.
"A espera do dia 5 de outubro vai se tornando enfadonha. Ninguém aguenta mais. O cansaço é generalizado. As pessoas estão atônitas. Examinam as candidaturas. Ficam perplexas.
São muitas palavras e pouco de concreto. Os programas dos candidatos, que já os apresentaram, são corrigidos diariamente. Parece bolsa de apostas.
Conforme o humor do eleitorado, de acordo com as pesquisas internas de cada candidatura, se alteram. Às vezes buscam a flexibilização das leis trabalhistas.
Outras vezes, manterão tudo como está. O fator previdenciário, instrumento para retardar a aposentadoria dos trabalhadores, é combatido exatamente pelo candidato do partido que o criou [PSDB].
O mesmo ocorre com a reeleição. Fernando Henrique Cardoso/PSDB, em má hora, incluiu no constitucionalismo brasileiro a péssima prática. Ela era vedada, na vida republicana, desde a Constituição de 1891.
O seu candidato à presidência da República, agora, é defensor do fim da malfadada prática. Não dá para compreender. Eles não se entendem nem mesmo no interior da própria agremiação partidária. Não há a mínima coerência nas proposições.
Idêntica situação se verifica no caso das drogas. O tema é relevante. Como se sabe, o ex-presidente tucano é a favor da liberalização. Tem, inclusive, assinado documentos de natureza internacional a respeito.
O seu candidato a senador, em São Paulo, José Serra/PSDB, ao contrário, defende firme combate a todas as drogas. Não existe a menor consistência na atuação dos lideres partidários. Verdadeira casa de ninguém.
Esses dois exemplos demonstram como o quadro partidário, ora existente, não possui coerência alguma. Cada um diz o que quer e de acordo com a ocasião.
Fala-se muito em reforma políticas. Claro que algumas são oportunas. O fim da farra partidária – trinta e duas legendas – é tema relevante. É preciso criar uma cláusula de barreira.
As sobras eleitorais, como existentes no voto proporcional, devem ser reexaminadas. Mera operação aritmética. Terminar com as coligações nos pleitos para a Câmara Federal e Assembleias Legislativas é outro assunto relevante.
Mas, o principal tema, em uma eventual reforma eleitoral, se encontra no âmago dos partidos políticos. Não há democracia interna. As convenções são uma farsa comandada pelos titulares dos cargos diretivos.
Não se elaboram manifestos ou programas para a atuação eleitoral. Cada candidato diz o que quer sem qualquer responsabilidade perante a direção partidária.
Não existem falhas nos mecanismos eleitorais. A Justiça Eleitoral funciona com objetividade e isenção. Os gargalos se encontram nos partidos políticos.
Esses deixaram de ser organismos cívicos para, com algumas exceções, se transformarem em sinecuras mantidas com verbas públicas. Recebem mensalmente importâncias vultosas.
Portanto, quando se fala em reforma política, a primeira premissa seria alterar os costumes partidários. Esses são a raiz das mazelas da vida pública nacional.
Ai, porém, entram os interesses dos integrantes de cada agremiação, especialmente de seus dirigentes. Ninguém quer perder as benesses estatais.
Todos, todavia, se declaram éticos e desinteressados. Uma farsa."
FONTE: escrito por Bob Fernandes, no "Terra Magazine". (http://terramagazine.terra.com.br/blogdoclaudiolembo/blog/2014/09/22/a-farsa-partidaria/).
Mas, o principal tema, em uma eventual reforma eleitoral, se encontra no âmago dos partidos políticos. Não há democracia interna. As convenções são uma farsa comandada pelos titulares dos cargos diretivos.
Não se elaboram manifestos ou programas para a atuação eleitoral. Cada candidato diz o que quer sem qualquer responsabilidade perante a direção partidária.
Não existem falhas nos mecanismos eleitorais. A Justiça Eleitoral funciona com objetividade e isenção. Os gargalos se encontram nos partidos políticos.
Esses deixaram de ser organismos cívicos para, com algumas exceções, se transformarem em sinecuras mantidas com verbas públicas. Recebem mensalmente importâncias vultosas.
Portanto, quando se fala em reforma política, a primeira premissa seria alterar os costumes partidários. Esses são a raiz das mazelas da vida pública nacional.
Ai, porém, entram os interesses dos integrantes de cada agremiação, especialmente de seus dirigentes. Ninguém quer perder as benesses estatais.
Todos, todavia, se declaram éticos e desinteressados. Uma farsa."
FONTE: escrito por Bob Fernandes, no "Terra Magazine". (http://terramagazine.terra.com.br/blogdoclaudiolembo/blog/2014/09/22/a-farsa-partidaria/).
Nenhum comentário:
Postar um comentário