domingo, 21 de setembro de 2014

O LATIDO E A MORDIDA




O latido e a mordida

Por MAURO SANTAYANNA 

"Em reunião na cidade de Newport, há poucos dias, a OTAN usou "a ameaça russa na Ucrânia", como pretexto para montar uma força de intervenção rápida

Nascida em 1949, para evitar que os países da Europa Ocidental caíssem sob a influência soviética, e não para responder a uma suposta agressão "comunista" de forças do Pacto de Varsóvia, que só viria a surgir 6 anos depois, a "Organização do Tratado do Atlântico Norte" (OTAN) volta e meia tenta fazer algo para dar ao mundo a impressão de que teria algum outro papel que não o de apenas ajudar a submeter a Europa aos interesses norte-americanos.

Mais que uma organização militar de defesa contra supostos inimigos externos, a OTAN (NATO por sua sigla inglesa) sempre foi um instrumento de controle dos EUA sobre o velho continente. Esse é um processo que se estabeleceu com a chegada de milhares de soldados norte-americanos, durante a Segunda Guerra Mundial, e que se fortaleceu e estendeu, depois, com sua permanência, no pós-guerra, em bases instaladas em diferentes países, que iam da Alemanha à Espanha.

Como os tentáculos de uma aranha, diversas subestruturas foram estabelecidas com o tempo, e diferentes organizações civis foram criadas, em várias nações, relacionadas à "Aliança Atlântica", com interesses na indústria armamentista, e em gigantesca rede de centenas de empresas e milhares de soldados, fornecedores e funcionários cobrindo toda a Europa.

Com isso, os EUA tornaram improvável que, entre esses países, se levantasse, novamente, alguém que pudesse ameaçá-los, e, para evitar que governos hostis, ou "independentes" viessem a assumir o poder nesses estados, foi criado o "Gládio" - uma organização clandestina estabelecida, primeiro, na Itália, na Guerra Fria, e que depois se estendeu para diversos países.

Desse grupo terrorista secreto de inspiração anticomunista, que pode ser melhor conhecido com a leitura de livros como, "Gladio. Die geheime terrororganisation der NATO", do autor alemão Jens Mecklenburg, publicado em 1997, pela editora "Elefanten Press Verlag", de Berlim, faziam parte diversos agentes recrutados entre ex-nazistas e ex-fascistas de diversas nacionalidades, que depois se envolveram com vários atentados terroristas e ações antidemocráticas, como os massacres de Peteano e daPiazza Fontana, na Itália; o golpe militar de 1967, na Grécia; o massacre da Praça Taksim, em 1977, em Istambul, na Turquia, e o golpe militar de 1980, no mesmo país.

A sua existência foi reconhecida, denunciada e exposta em 24 de outubro de 1990, pelo Primeiro-Ministro italiano, Giulio Andreotti, e pelo Parlamento Europeu, em novembro do mesmo ano.

Em reunião na cidade de Newport, há poucos dias, a OTAN usou "a ameaça russa na Ucrânia", como pretexto para montar uma força de intervenção rápida.

Vai usar essas tropas - se a ONU autorizar - em países pobres e desarmados como a Líbia e o Iraque, cujos antigos regimes apoiou indiretamente no passado.

No caso da Rússia e da China - com seus milhares de mísseis e ogivas atômicas - o cão sabe que ladra, mas não morde."


FONTE: escrito por MAURO SANTAYANNA e publicado no "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/154126/O-latido-e-a-mordida.htm).[Imagens do google adicionadas por este blog 'democracia&política'].

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