quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

AGENDA DOS BRICS EM 2015




Segurança econômica e cibernética serão temas-chave da agenda dos BRICS em 2015 


"Em 2014, o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, que compõem o grupo conhecido pela sigla BRICS, terminaram a criação do novo Banco de Desenvolvimento do grupo e o "Arranjo Contingente de Reservas".

Especialistas não são unânimes avaliando a eficiência do futuro funcionamento desses instrumentos financeiros, mas concordam que, em 2015, a economia será um dos assuntos principais da agenda do grupo.

A cúpula dos chefes de Estado dos países-membros dos BRICS terá lugar em 2015 na cidade russa de Ufa. Desse modo, a presidência rotativa passa do Brasil para a Rússia.



Foto: RIA Novosti/Alexander Vilf

De acordo com o diretor do "Instituto da América Latina" (IAL) da "Academia das Ciências da Rússia", Vladimir Davydov, contatado pelo correspondente da agência Sputnik, o segundo assunto, cuja importância já se mostrou com clareza no ano em curso, será a segurança cibernética:

A Rússia já está coordenando a parte do conteúdo da cúpula dos BRICS em 2015. Há muito trabalho a realizar. Os elementos principais da agenda serão a segurança econômica e a segurança cibernética. Nós todos somos vítimas de manipulações, vítimas de uma guerra de informação e cibernética que ameaça paralisar o sistema de administração dos países dos BRICS”.

O diretor do IAL acredita que o Banco do Desenvolvimento e o Arranjo Contingente das Reservas têm grande importância para o grupo, vários membros do qual tiveram índices preocupantes. Segundo ele, até a denominação “novo Banco do Desenvolvimento dos BRICS” aponta para um novo rumo de atividade econômica do grupo, que está pronto para “revelar solidariedade com outros países para lidar com este tempo turbulento”.

Nem todos estão tão otimistas. A matéria de 26 de dezembro no "Jornal do Comércio", do Rio Grande do Sul, prognostica possível recessão em 2015 nos principais países dos BRICS, o Brasil, a Rússia e a África do Sul. A Rússia ocupa a parte central da matéria, devido à recente queda do rublo, que fez também o país integrar a lista dos “seis países que se deram mal na economia em 2014” da revista "Exame".

Já houve receios por parte de especialistas. O economista Raul Velloso afirmava em entrevista à emissora "Voz da Rússia", em setembro, que o novo banco tem sentido para a China, mas para os outros países, inclusive o Brasil, a eficácia não é tão certa, porque a China tem maiores taxas de poupança. De acordo com o professor Velloso, “talvez melhor seria utilizar esses 10 milhões [de investimento que cada país dos BRICS contribui para o capital do novo banco] para financiar investimentos e infraestruturas”. E, antes de nada, definir todos os detalhes, afirma o economista.

O professor Davydov, do IAL, ainda disse em entrevista que [2014 foi] “um ano da América Latina”. Não só pela cúpula em Fortaleza, que fortaleceu o Brasil como acolhedor de eventos internacionais logo depois da Copa 2014, mas por ser a América Latina “uma zona de potencialidade de independência econômica e política”.

A região foi, na verdade, um foco importante da agenda internacional em 2014. Falando dos BRICS, é difícil se manter sempre no quadro dos cinco países que o compõem. Por exemplo, em julho, na cúpula, falou-se bastante sobre a possível futura adesão da Argentina (que finalmente foi eleita presidente do Mercosul, uma resposta bonita ao default técnico do país anunciado pelo tribunal de Nova York). A Argentina, aliás, acordou com o Brasil, em 2008, realizar transações financeiras entre os dois países em moeda local. Semelhante sistema de pagamento em moeda local (SML) foi adotado para transações entre o Brasil e o Uruguai.

A jornalista e professora na "Universidade Estatal de Moscou" Gelia Filatkina concorda com o doutor Davydov:

"Em 2015, os BRICS irão desempenhar papel estratégico nas condições da tensão internacional que observamos atualmente. Os países que formam parte da aliança possuem potencial suficiente e motivação de união mútua que favorece uma mudança da ordem mundial existente em todos os níveis, das relações internacionais ao sistema financeiro e econômico. Essa vantagem dos BRICS será revelada especialmente em 2015, contrastando com a turbulência crescente do G8".

Além disso, segundo a professora Filatkina, "a presidência da Rússia [no quadro dos BRICS em 2015] permitirá a inclusão na agenda de novos temas importantes que podem dinamizar o funcionamento da união".

No que toca à segurança cibernética, o assunto foi tomando importância desde o escândalo de espionagem [do governo dos EUA], começando por revelações de Snowden e se agudizando após a descoberta de escutas que serviços secretos estadunidenses faziam no Planalto brasileiro e no Bundestag alemão. Tanto que, em novembro, a ONU aprovou o projeto conjunto brasileiro e alemão de privacidade de acesso à Internet."


(Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2015_01_05/Seguranca-economica-e-cibernetica-serao-temas-chave-da-agenda-dos-BRICS-em-2015-8346/)

FONTE: da "Voz da Rússia". Transcrito no site "Patria Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=ec9b606d4c0673aa256696c06cc9e785&cod=14915).

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