Lembo critica ação de Alckmin na crise hídrica
Do "Jornal GGN"
Quanto mais o paulista consome, mais ela gera receita.
Exatamente, e isso é um erro da maldita privatização [tucana] de tudo. Quando se colocou as ações da SABESP na Bolsa de Nova York, se praticou um grande erro. É uma empresa pública, deveria ser uma empresa pública pura, sem intuito de lucro. Deveria reinvestir tudo na água e na preservação da água. Agora, deu nisso.
O que o Sr. acha que Alckmin deveria ter feito?
Primeiro, deveria ter trazido água do São Lourenço, que é uma reserva muito rica. E hoje fazer uma adutora é muito fácil. Esse eu acho o ponto mais grave do problema da SABESP. E, depois, deveria ter consumido mais dos reservatórios aqui na região do planalto. Nós estamos com o Cantareira, que é [obra] do Regime Militar. Não tem cabimento. No Regime Militar, São Paulo tinha 4 milhões de habitantes.
O Cantareira foi subestimado na época na construção, nos anos 60.
Exatamente. A situação da água é muito grave. Eu confesso que, se fosse governador, não dormiria um único dia sequer, angustiado com o problema. Vai levar a uma catástrofe de saúde publica patética. Portanto, eu espero e quero que chova. Torço para o melhor.
O governo paulista escondeu a situação durante durante a eleição?
Claro que escondeu. Hoje a gente percebe que não houve o racionamento desde a hora que deveria. Claro que escondeu. É só ouvir a Dilma (Pena, presidente da SABESP). Ela mostrou isso. E eu acho que os meios de comunicação preservaram muito esse quase sigilo sobre a água.
Os jornais trouxeram o tempo todo manchetes e notícias sobre a falta de água.
Ah, mas muito leve. Ninguém fez uma análise profunda [culpavam somente São Pedro]. A "The Economist" fez uma análise melhor que a dos paulistas.
O governo diz que o bônus e a multa…
(Interrompendo) A multa deveria ser ao governo e não ao particular. O particular deveria ser educado para não gastar. O governo deveria ser multado pela escassez. Por não ter feito em tempo oportuno novas obras e porque na época da tragédia não pensou em fazer uma publicidade do que estava acontecendo para que todos economizassem. A publicidade foi muito leve, culpou só a falta d`água. E não é verdade. Houve a falta de obra também. As duas coisas. Pobrezinho de São Pedro, ele não anda bem… Ele perdeu a chave da água.
Eu acho muito grave porque as obras futuras vão custar muito. E os investimentos do Estado em outras áreas não vão ser fáceis com essas obras. Na saúde, na educação, nas rodovias… A infraestrutura em geral. Vai ser complexo. Vai ser muito difícil.
Qual o prognóstico para 2015?
Se iniciarem as obras, lá por 2018 vão estar prontas. Então, vamos passar por um período realmente muito difícil. A única saída é chamar Moisés, já que São Pedro não ajudou.
No governo [tucano paulista], fala-se também que a seca afetará o setor elétrico e o abastecimento de energia [em todo o Brasil].
Esse hábito de falar mal da Dilma é coisa de paulista. O Brasil tem um sistema elétrico interligado e notável. É um dos poucos do mundo interligados. Só dois Estados não são: Amazonas e Acre. Segundo, é caro, mas há as termoelétricas. Doutora Dilma criou as termoelétricas por todo o País.
Como vê a disputa interna no PSDB, ainda discreta, para a vaga de candidato a presidente em 2018? Será de Alckmin ou de Aécio?
Será Gerado Alckmin. Porque ele é o governador de São Paulo, e eu já disse há pouco que ele é equilibrado, sensato. E o Aécio ainda é o menino de Minas, que não foi bem em Minas. Quem não é eleito na sua terra não vai ter grande sucesso. Eu acho que o Geraldo tem mais possibilidade no PSDB que o Aécio. Ainda porque o Aécio na posição de líder da oposição sempre foi mal. A gente percebe que ele não esta à vontade. Ele é um homem de conciliação. Não fica bem como líder da oposição. Não é para ele. Ele é mais leve do que isso.
Por que em São Paulo o sentimento antipetista foi grande, refletindo a votação expressiva de Aécio Neves (PSDB) no Estado?
Realmente, é um fenômeno muito interessante. Eu confesso que, por mais que eu examine, não consigo perceber com clareza. Mas imagino que seja a origem do PT. O PT nasceu em São Paulo, cresceu em São Paulo, teve muitas vitórias em São Paulo e frustrou São Paulo. Então, tem um ódio contra o PT. Um sentimento de frustração.
Como vê as manifestações de impeachment de Dilma e os pedidos para a volta do Regime Militar?
Eu lamento que os alguns poucos paulistas tenham baixado tanto na vida. Primeiro, eu acho que não há por que querer a volta do Regime Militar. Eu acho muito ruim essa idéia de "impeachment"; ela (Dilma) particularmente não está envolvida (nos escândalos de corrupção na Petrobras). Vamos permitir que ela governe e que o País saia dessa situação complexa que está neste momento. Eu acho duas situações absolutamente absurdas.
Acho que, em virtude de todos os acontecimentos da campanha e, particularmente, dos ocorridos a partir do Paraná (Operação Lava Jato), ou seja, da Justiça Federal, o Brasil vai ser passado a limpo, e o governo Dilma vai ser muito bom e tranquilo, porque vai haver um equilíbrio de pensamento em razão da própria execução penal.
Mas o governo enfrentará problemas de governabilidade em razão dos desdobramentos da Lava Jato.
De maneira alguma. Acho que o País está bastante institucionalizado para se ter consciência de que uma coisa é o Poder Executivo outra é o Judiciário. O Judiciário é feito exatamente para penalizar ou para aplicar a lei. Portanto, é ótimo porque está se recuperando as instituições no Brasil. Acho excelente, os maus políticos serão afastados. Há um outro aspecto que é passar a limpo as empreiteiras no Brasil. As empreiteiras no Brasil, desde o Império, são um problema muito sério.
Advogados de defesa de empreiteiros disseram que o Brasil para se o cerco continuar.
Não para nada. Isso é uma visão tucana. Se fosse parar, já tinha parado há muito tempo. Mais do que isso. Se existem essas empreiteiras, existem outras que são as subempreiteiras. Essas podem continuar as obras. Não há problema nenhum. Ainda porque a Petrobras, no caso específico, tem quadros muito qualificados. Vai ocorrer uma limpeza nas empreiteiras. Elas vão passar a agir de maneira mais idônea.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, articulando outro partido. Não é oportunismo político?
Não. Na política, há muitas mudanças de posição. E há emigração. É da natureza humana emigrar. É possível que surja um novo partido, sim. Não há nada definido ainda. Mas isso é mais por vontade dos parlamentares, do que do Gilberto Kassab. Há uma vontade do Parlamento por emigrações, o que é normal. Acho que isso vai se consolidando até à reforma política. Antes da reforma política, você tem que fazer acertos dentro dos partidos. Depois, temos que fazer a reforma política e certamente diminuir o número de partidos existentes no Brasil.
O Sr. também vai mudar de partido?
Eu não. Nunca emigrei. Os partidos acabam, e eu fico onde estou.
O PSD vai acabar?
Não acredito. Acho que ele tem condições de crescer e se tornar um partido de centro muito poderoso no Brasil. Está faltando no Brasil o bom-senso do centro democrático. Nós temos meninos brincando de centro-esquerda, que é a social democracia, e nós temos outros brincando de esquerda pura. Está precisando do centro, que é a grande democracia brasileira."
FONTE: entrevista feita por Julia Duailibi no [jornal declaradamente tucano] "Estadão". Transcrito no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/lembo-critica-acao-de-alckmin-na-crise-hidrica). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog democracia&política'].
Do "Jornal GGN"
"Cláudio Lembo, ex-governador [DEM] e [hoje] integrante da Executiva do PSD, não poupou o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB). Lembo afirmou que "não dormiria um único dia sequer" em razão da crise hídrica e que, com todo esse problema pairando, o governador ainda será o candidato do PSDB à presidência em 2018.
Disse que a multa por consumo excessivo deveria ser do governo do estado de São Paulo e que consumidor deveria ser educado para gastar menos, não punido. Diz que Alckmin escondeu a grave crise dos eleitores e que isso é extremamente grave. Lembo defende o governo Dilma e rechaça afirmação de que a seca afetará o setor elétrico e o abastecimento de energia. Para ele, "esse hábito de falar mal de Dilma é coisa de paulista", lembrando que o país tem um sistema elétrico interligado, coisa de poucos países no mundo.
Leia a entrevista feita por Julia Duailibi no [jornal declaradamente tucano] "Estadão":
Ex-governador critica Alckmin pela falta de água em SP
"Apesar das declarações, Cláudio Lembo diz que o tucano será o próximo candidato a presidente pelo PSDB.
O ex-governador [pelo PFL, hoje DEM] e integrante da Executiva do PSD, Cláudio Lembo, diz que, se fosse o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), “não dormiria um único dia sequer” em razão da crise de abastecimento de água, que continua a ser uma questão no Estado, principalmente para a seca de 2015, apesar da chuva dos últimos dias.
Lembo avalia que a administração estadual escondeu a gravidade do problema durante a eleição e diz agora que o governo [tucano] “deveria ser multado pela escassez”. Ironiza o argumento de que São Paulo passa pela maior seca dos últimos 84 anos e afirma que houve falta de obras. “A única saída é chamar Moisés, já que São Pedro não ajudou.”
Apesar de dizer que o governador paulista é “pequeno burguês”, Lembo diz que Gerado Alckmin será o próximo candidato a presidente pelo PSDB. “Ele é o governador de São Paulo, e eu já disse há pouco que ele é equilibrado, sensato. E o Aécio ainda é o menino de Minas, que não foi bem em Minas. Quem não é eleito na sua terra não vai ter grande sucesso.”
Aliado de Kassab, que será o novo ministro das Cidades, Lembo defende o governo Dilma.
Leia abaixo a entrevista:
O Sr. foi governador e vice de Alckmin. Qual a razão da eleição dele em primeiro turno, apesar das dificuldades pelas quais passa o Estado e os 20 anos de poder do PSDB em São Paulo?
A figura equilibrada, que é típica de São Paulo. Uma figura equilibrada, sem arestas, que não agride ninguém. E conservador.
Mas o eleitor paulista já elegeu políticos com perfis bem diferentes do de Alckmin, como Maluf e Covas.
Sim, mas todos têm um traço de direita. Por mais absurda que pareça a afirmação quanto ao Covas, ele também era de direita e conservador. Tinha arroubos, mas no fundo tinha uma linha conservadora. O Maluf é um caso a parte.
Então o Sr. acha que contou mais a personalidade do governador do que sua gestão?
Acima de tudo é a personalidade dele que se encaixa muito no perfil paulista pequeno burguês, da elite branca. Mais do que isso. Ele é um pequeno burguês. Pode até não ser da elite branca.
O que quer dizer com pequeno burguês?
Uma pessoa sensata, equilibrada, que está sempre bem posto. Fala com cuidado. Procura as palavras. Uma pessoa mediana.
E a gestão dele?
Mediana.
Como vê a crise de abastecimento de água?
Isso é grave, acho muito preocupante. Porque vai afligir todos. Espero que chova. Se as orações valerem, espero que chova muito em São Paulo. Isso seria uma tragédia. Não só quanto à falta de água em si, mas uma tragédia da saúde publica. A higiene das próprias casas. Seria uma tragédia. Melhor não pensar nisso. Melhor agir e não pensar. Eu, se fosse governador, não dormiria nenhum dia.
Mas a culpa é dele?
Claro. Deveriam ter feito mais obras. A SABESP é uma empresa que alterou os seus objetivos. Ela não poderia ser uma empresa que obtivesse lucro com a água. A água é um bem essencial que deve ser muito preservado. E a SABESP gerava a ideia de consumo para poder ter lucro. O que foi um grande erro. São Paulo teria que estar economizando água desde os anos 2000. Deveria ter criado a consciência do consumo de acordo com as necessidades e não supérfluo. É uma cidade que gasta muita água. Aprenderam a gastar água porque a SABESP sempre projetou a ideia de que havia água à vontade e de forma muito volumosa. E não é verdade.
Ex-governador critica Alckmin pela falta de água em SP
"Apesar das declarações, Cláudio Lembo diz que o tucano será o próximo candidato a presidente pelo PSDB.
O ex-governador [pelo PFL, hoje DEM] e integrante da Executiva do PSD, Cláudio Lembo, diz que, se fosse o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), “não dormiria um único dia sequer” em razão da crise de abastecimento de água, que continua a ser uma questão no Estado, principalmente para a seca de 2015, apesar da chuva dos últimos dias.
Lembo avalia que a administração estadual escondeu a gravidade do problema durante a eleição e diz agora que o governo [tucano] “deveria ser multado pela escassez”. Ironiza o argumento de que São Paulo passa pela maior seca dos últimos 84 anos e afirma que houve falta de obras. “A única saída é chamar Moisés, já que São Pedro não ajudou.”
Apesar de dizer que o governador paulista é “pequeno burguês”, Lembo diz que Gerado Alckmin será o próximo candidato a presidente pelo PSDB. “Ele é o governador de São Paulo, e eu já disse há pouco que ele é equilibrado, sensato. E o Aécio ainda é o menino de Minas, que não foi bem em Minas. Quem não é eleito na sua terra não vai ter grande sucesso.”
Aliado de Kassab, que será o novo ministro das Cidades, Lembo defende o governo Dilma.
Leia abaixo a entrevista:
O Sr. foi governador e vice de Alckmin. Qual a razão da eleição dele em primeiro turno, apesar das dificuldades pelas quais passa o Estado e os 20 anos de poder do PSDB em São Paulo?
A figura equilibrada, que é típica de São Paulo. Uma figura equilibrada, sem arestas, que não agride ninguém. E conservador.
Mas o eleitor paulista já elegeu políticos com perfis bem diferentes do de Alckmin, como Maluf e Covas.
Sim, mas todos têm um traço de direita. Por mais absurda que pareça a afirmação quanto ao Covas, ele também era de direita e conservador. Tinha arroubos, mas no fundo tinha uma linha conservadora. O Maluf é um caso a parte.
Então o Sr. acha que contou mais a personalidade do governador do que sua gestão?
Acima de tudo é a personalidade dele que se encaixa muito no perfil paulista pequeno burguês, da elite branca. Mais do que isso. Ele é um pequeno burguês. Pode até não ser da elite branca.
O que quer dizer com pequeno burguês?
Uma pessoa sensata, equilibrada, que está sempre bem posto. Fala com cuidado. Procura as palavras. Uma pessoa mediana.
E a gestão dele?
Mediana.
Como vê a crise de abastecimento de água?
Isso é grave, acho muito preocupante. Porque vai afligir todos. Espero que chova. Se as orações valerem, espero que chova muito em São Paulo. Isso seria uma tragédia. Não só quanto à falta de água em si, mas uma tragédia da saúde publica. A higiene das próprias casas. Seria uma tragédia. Melhor não pensar nisso. Melhor agir e não pensar. Eu, se fosse governador, não dormiria nenhum dia.
Mas a culpa é dele?
Claro. Deveriam ter feito mais obras. A SABESP é uma empresa que alterou os seus objetivos. Ela não poderia ser uma empresa que obtivesse lucro com a água. A água é um bem essencial que deve ser muito preservado. E a SABESP gerava a ideia de consumo para poder ter lucro. O que foi um grande erro. São Paulo teria que estar economizando água desde os anos 2000. Deveria ter criado a consciência do consumo de acordo com as necessidades e não supérfluo. É uma cidade que gasta muita água. Aprenderam a gastar água porque a SABESP sempre projetou a ideia de que havia água à vontade e de forma muito volumosa. E não é verdade.
Quanto mais o paulista consome, mais ela gera receita.
Exatamente, e isso é um erro da maldita privatização [tucana] de tudo. Quando se colocou as ações da SABESP na Bolsa de Nova York, se praticou um grande erro. É uma empresa pública, deveria ser uma empresa pública pura, sem intuito de lucro. Deveria reinvestir tudo na água e na preservação da água. Agora, deu nisso.
O que o Sr. acha que Alckmin deveria ter feito?
Primeiro, deveria ter trazido água do São Lourenço, que é uma reserva muito rica. E hoje fazer uma adutora é muito fácil. Esse eu acho o ponto mais grave do problema da SABESP. E, depois, deveria ter consumido mais dos reservatórios aqui na região do planalto. Nós estamos com o Cantareira, que é [obra] do Regime Militar. Não tem cabimento. No Regime Militar, São Paulo tinha 4 milhões de habitantes.
O Cantareira foi subestimado na época na construção, nos anos 60.
Exatamente. A situação da água é muito grave. Eu confesso que, se fosse governador, não dormiria um único dia sequer, angustiado com o problema. Vai levar a uma catástrofe de saúde publica patética. Portanto, eu espero e quero que chova. Torço para o melhor.
O governo paulista escondeu a situação durante durante a eleição?
Claro que escondeu. Hoje a gente percebe que não houve o racionamento desde a hora que deveria. Claro que escondeu. É só ouvir a Dilma (Pena, presidente da SABESP). Ela mostrou isso. E eu acho que os meios de comunicação preservaram muito esse quase sigilo sobre a água.
Os jornais trouxeram o tempo todo manchetes e notícias sobre a falta de água.
Ah, mas muito leve. Ninguém fez uma análise profunda [culpavam somente São Pedro]. A "The Economist" fez uma análise melhor que a dos paulistas.
O governo diz que o bônus e a multa…
(Interrompendo) A multa deveria ser ao governo e não ao particular. O particular deveria ser educado para não gastar. O governo deveria ser multado pela escassez. Por não ter feito em tempo oportuno novas obras e porque na época da tragédia não pensou em fazer uma publicidade do que estava acontecendo para que todos economizassem. A publicidade foi muito leve, culpou só a falta d`água. E não é verdade. Houve a falta de obra também. As duas coisas. Pobrezinho de São Pedro, ele não anda bem… Ele perdeu a chave da água.
Eu acho muito grave porque as obras futuras vão custar muito. E os investimentos do Estado em outras áreas não vão ser fáceis com essas obras. Na saúde, na educação, nas rodovias… A infraestrutura em geral. Vai ser complexo. Vai ser muito difícil.
Qual o prognóstico para 2015?
Se iniciarem as obras, lá por 2018 vão estar prontas. Então, vamos passar por um período realmente muito difícil. A única saída é chamar Moisés, já que São Pedro não ajudou.
No governo [tucano paulista], fala-se também que a seca afetará o setor elétrico e o abastecimento de energia [em todo o Brasil].
Esse hábito de falar mal da Dilma é coisa de paulista. O Brasil tem um sistema elétrico interligado e notável. É um dos poucos do mundo interligados. Só dois Estados não são: Amazonas e Acre. Segundo, é caro, mas há as termoelétricas. Doutora Dilma criou as termoelétricas por todo o País.
Como vê a disputa interna no PSDB, ainda discreta, para a vaga de candidato a presidente em 2018? Será de Alckmin ou de Aécio?
Será Gerado Alckmin. Porque ele é o governador de São Paulo, e eu já disse há pouco que ele é equilibrado, sensato. E o Aécio ainda é o menino de Minas, que não foi bem em Minas. Quem não é eleito na sua terra não vai ter grande sucesso. Eu acho que o Geraldo tem mais possibilidade no PSDB que o Aécio. Ainda porque o Aécio na posição de líder da oposição sempre foi mal. A gente percebe que ele não esta à vontade. Ele é um homem de conciliação. Não fica bem como líder da oposição. Não é para ele. Ele é mais leve do que isso.
Por que em São Paulo o sentimento antipetista foi grande, refletindo a votação expressiva de Aécio Neves (PSDB) no Estado?
Realmente, é um fenômeno muito interessante. Eu confesso que, por mais que eu examine, não consigo perceber com clareza. Mas imagino que seja a origem do PT. O PT nasceu em São Paulo, cresceu em São Paulo, teve muitas vitórias em São Paulo e frustrou São Paulo. Então, tem um ódio contra o PT. Um sentimento de frustração.
Como vê as manifestações de impeachment de Dilma e os pedidos para a volta do Regime Militar?
Eu lamento que os alguns poucos paulistas tenham baixado tanto na vida. Primeiro, eu acho que não há por que querer a volta do Regime Militar. Eu acho muito ruim essa idéia de "impeachment"; ela (Dilma) particularmente não está envolvida (nos escândalos de corrupção na Petrobras). Vamos permitir que ela governe e que o País saia dessa situação complexa que está neste momento. Eu acho duas situações absolutamente absurdas.
Acho que, em virtude de todos os acontecimentos da campanha e, particularmente, dos ocorridos a partir do Paraná (Operação Lava Jato), ou seja, da Justiça Federal, o Brasil vai ser passado a limpo, e o governo Dilma vai ser muito bom e tranquilo, porque vai haver um equilíbrio de pensamento em razão da própria execução penal.
Mas o governo enfrentará problemas de governabilidade em razão dos desdobramentos da Lava Jato.
De maneira alguma. Acho que o País está bastante institucionalizado para se ter consciência de que uma coisa é o Poder Executivo outra é o Judiciário. O Judiciário é feito exatamente para penalizar ou para aplicar a lei. Portanto, é ótimo porque está se recuperando as instituições no Brasil. Acho excelente, os maus políticos serão afastados. Há um outro aspecto que é passar a limpo as empreiteiras no Brasil. As empreiteiras no Brasil, desde o Império, são um problema muito sério.
Advogados de defesa de empreiteiros disseram que o Brasil para se o cerco continuar.
Não para nada. Isso é uma visão tucana. Se fosse parar, já tinha parado há muito tempo. Mais do que isso. Se existem essas empreiteiras, existem outras que são as subempreiteiras. Essas podem continuar as obras. Não há problema nenhum. Ainda porque a Petrobras, no caso específico, tem quadros muito qualificados. Vai ocorrer uma limpeza nas empreiteiras. Elas vão passar a agir de maneira mais idônea.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, articulando outro partido. Não é oportunismo político?
Não. Na política, há muitas mudanças de posição. E há emigração. É da natureza humana emigrar. É possível que surja um novo partido, sim. Não há nada definido ainda. Mas isso é mais por vontade dos parlamentares, do que do Gilberto Kassab. Há uma vontade do Parlamento por emigrações, o que é normal. Acho que isso vai se consolidando até à reforma política. Antes da reforma política, você tem que fazer acertos dentro dos partidos. Depois, temos que fazer a reforma política e certamente diminuir o número de partidos existentes no Brasil.
O Sr. também vai mudar de partido?
Eu não. Nunca emigrei. Os partidos acabam, e eu fico onde estou.
O PSD vai acabar?
Não acredito. Acho que ele tem condições de crescer e se tornar um partido de centro muito poderoso no Brasil. Está faltando no Brasil o bom-senso do centro democrático. Nós temos meninos brincando de centro-esquerda, que é a social democracia, e nós temos outros brincando de esquerda pura. Está precisando do centro, que é a grande democracia brasileira."
FONTE: entrevista feita por Julia Duailibi no [jornal declaradamente tucano] "Estadão". Transcrito no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/lembo-critica-acao-de-alckmin-na-crise-hidrica). [Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog democracia&política'].
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