domingo, 22 de março de 2015

A "DEMOCRACIA" INDUSTRIAL-MILITAR DE OBAMA



A democracia industrial-militar de Obama

No começo de março de 2015, o presidente estadunidense, Barack Obama, emitiu uma Ordem Executiva declarando a emergência nacional de seu país devido "...a incomum e extraordinária ameaça que a situação da Venezuela constitui para a segurança nacional e a política exterior dos Estados Unidos."

Tão exagerada e fora de lugar esteve essa proposta que foi repudiada universalmente e considerada por muitos como uma piada com a inteligência dos cidadãos do mundo.

Para tentar tirar alguma racionalidade dessa "Ordem Executiva da Casa Branca", haveria que remeter a situações parecidas protagonizadas por outros presidentes anteriores dos Estados Unidos.

No dia 1 de maio de 1985, quase trinta anos atrás, o presidente Ronald Reagan declarou o bloqueio contra a Nicarágua sandinista enquanto, às escondidas, em desesperada forma de evadir o controle do Congresso estadunidense, que era contra, comerciava armas e drogas para financiar a contrarrevolução. Aquele dia, disse:

"Eu, Ronald Reagan, Presidente dos Estados Unidos da América, encontro que as políticas e ações do governo da Nicarágua constituem uma incomum e extraordinária ameaça à segurança nacional e à política exterior dos Estados Unidos, e aqui declaro uma emergência nacional para enfrentar essa ameaça."

Ontem com a Nicarágua, como hoje em relação à Venezuela, só uma pessoa com problemas mentais poderia imaginar que qualquer um dos países do continente americano teria capacidade de colocar em perigo a segurança nacional e a política exterior dos Estados Unidos.

Fica com isso evidente a falta de criatividade e inteligência de Obama, ao não se preocupar em não repetir o texto daquela declaração de Reagan.

Já não deveria ser surpresa que, um depois do outro, os presidentes dos Estados Unidos tiveram um comportamento parecido desde que Harry Truman emitiu a "National Security Act" em julho de 1947.

Essa ordem executiva no final da Segunda Guerra Mundial abriu as portas para que o destacamento militar e de espionagem participasse de maneira preponderante no desenho e aplicação da política exterior dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que diminuía a autoridade constitucional do Presidente e do Secretário de Estado.

As palavras de Obama também parecem corresponder à denúncia feita pelo general Dwight Eisenhower em seu discurso de despedida da presidência dos Estados Unidos em janeiro de 1960. Com todo o cinismo de que aquele presidente militar era capaz, em um aparente ato de arrependimento, alertou sobre o que sua administração presidencial tinha multiplicado:

"Esta união do imenso establishment militar e uma enorme indústria armamentista é nova na experiência estadunidense. A total influência econômica, política e até espiritual é sentida em cada cidade, em cada Estado, em cada lar, em cada escritório do governo federal... não podemos deixar de compreender este grave envolvimento.

Nos conselhos de governo devemos nos cuidar sobre aceitar as influências não garantidas, desejadas ou não, do complexo industrial-militar. Nunca devemos permitir que o peso desta combinação (industrial-militar) ponha em perigo nossas liberdades nem o processo democrático. Só uma cidadania alerta e ciente pode constituir a medida adequada da imensa maquinaria industrial e militar de defesa para nossos métodos e objetivos pacíficos, de maneira que a segurança e a liberdade possam juntas prosperar.
"

O erro de muitos que nos consideramos insultados pelo cinismo de Obama é que em nossas análises consideramos os Estados Unidos como um "Estado democrático". Devemos admitir que esse não é um Estado democrático desde que em 1898, 117 anos atrás, decidiu se expandir pelo mundo e assumir o papel imperial.

Os políticos estadunidenses deveriam revisar o conteúdo de um momento de reflexão que teve um de seus grandes culpados, Henry Kissinger, quando declarou a James Reston do "New York Times":

"Como historiador, há que estar consciente do fato de que cada civilização que existiu, no final, sempre colapsa. A História é uma narração de esforços que fracassam, sonhos que não se alcançam, desejos que se cumprem e depois são diferentes do que se tinha suposto. De modo que, como historiadores, temos que viver com o sentido da inevitabilidade da tragédia."

Kissinger tinha razão, só que a arrogância dos que lideram os impérios impede que percebam quando estão desmoronando, e então se comportam mais agressivos e brutais.

Como agora, por exemplo, quando a fera ataca todos que exigem ser livres e soberanos."

FONTE:
do "Prensa Latina"   (http://www.vermelho.org.br/noticia/260943-9).

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