domingo, 22 de março de 2015

EUA: "PRECISAMOS TORCER O BRAÇO DOS PAÍSES QUE NÃO FAZEM AQUILO QUE QUEREMOS QUE FAÇAM"




"Torcer o braço"… à Venezuela

Às vezes temos de torcer o braço de alguns países que não fazem aquilo que nós precisamos que eles façam” [Obama]. 

Essa tirada recente e pouco difundida pelas agências de notícias internacionais do inquilino da Casa Branca, mesmo não sendo uma revelação extraordinária, é certamente digna de registro porque põe a nu, e fora de qualquer dúvida, as intenções imperiais da política dos EUA.

Por Pedro Campos, no Jornal "Avante", de Portugal

A de ontem, de hoje e também de amanhã, sempre e quando qualquer país deste planeta, felizmente cada vez menos unipolar, tiver uma política que não coincida com os interesses espoliadores das multinacionais de capital norte-americano. A Venezuela é um deles.

Escassos dias após essa declaração-ameaça, Ban Kin-Moon, secretário-geral das Nações Unidas, vem fazer um “reforço” escandaloso do dito por Obama ao afirmar que “...a soberania dos estados não pode travar a comunidade internacional. Já é hora de atuar para prevenir conflitos ou proteger a população”. Estava pensando na Venezuela?

Alguma coisa cheira a podre, especialmente se ligarmos ambas as declarações às guerras midiática e econômica que fazem parte da estratégia da direita internacional – sem o apoio do imperialismo, o fascismo venezuelano teria muito pouca força – para acabar com o governo bolivariano. 

Uma e outra guerra são sem quartel. Basta agarrar um jornal dos EUA, da Colômbia, do Chile ou da Espanha – só para dar alguns exemplos, para ver como está afinadíssima a campanha criteriosamente orquestrada para manipular a verdade do que sucede na Venezuela.

Isso sem contar com as declarações de ingerência de altos funcionários de Washington contra Caracas. Só entre janeiro e fevereiro de 2015, houve mais de 67, ou seja, uma média generosa de duas cada dia! É obra, porque como diz Diosdado Cabello, presidente do parlamento venezuelano, “os Estados Unidos já demonstraram na sua política que não brincam; ameaçam e fazem” e por isso pede ao seu povo que se “mantenha muito em alerta e atento”.

Em banho-maria

A América Latina, e não só, sabe perfeitamente o que é “torcer o braço”, e que isso se pode fazer de diferentes maneiras. Pode ser da forma mais brutal e sanguinária (Chile), ou ao estilo Zelaya (Honduras) ou mesmo ao jeito Lugo (Paraguai), que foi de garra tão aveludada que até foi definido, por quem o apoiava, como “golpe institucional”. Na Venezuela, ao melhor estilo de Sharp Gene, autor da famosa “teoria da resistência não violenta”, que é outra vertente dos métodos da CIA e que quando chega a hora da verdade não vacila em utilizar a brutalidade, está em desenvolvimento – mais correto seria dizer “continua” – um golpe suave, em banho-maria, em câmara lenta ou como se lhe queira chamar.

O militar golpista Noguera Figueroa capitão da força aérea, aparentemente na clandestinidade, confirmou em declaração à CNN – esse canal de TV sempre aparece nesses momentos de assaltos do imperialismo – a existência do vídeo apresentado pelo presidente Maduro, onde se denuncia a vertente militar da conspiração. Contudo, para ele aquilo é absolutamente pacifista. O “homenzinho” afirma que se trata de um vídeo institucional e que só queria pedir a renúncia de Maduro, esquecendo que a Venezuela é um dos poucos países do mundo democrático onde a oposição pode convocar um referendo revogatório a meio do mandado presidencial.

Neste momento, já se sabe quem é o investidor que está por detrás do golpe. Trata-se de Osuna Saraco – nome de código “Guilherme” e também “Miguel” – que pelo 'Skype' ditou o discurso que deveriam ler os conspiradores. Quem entregou o documento aos golpistas foi uma funcionária da embaixada de Washington em Caracas e o mesmo foi recebido por um oficial de apelido Antich. Finalmente, chegou ao conhecimento das autoridades graças à intervenção de um militar bolivariano, que soube oportunamente da conspiração. A transmissão do vídeo estaria ao cuidado de um canal venezuelano (Televen) e estava articulado com o conteúdo do “Acordo de Transição”, documento golpista assinado por Corina Machado, Leopoldo López e Antonio Ledezma. Os dois últimos estão presos."


FONTE: escrito por Pedro Campos, no Jornal "Avante", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho"  (http://www.vermelho.org.br/noticia/260928-7).

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