O Presidente Lula hoje está em visita a Cuba.
Um detalhe que me chamou a atenção foi a imprensa brasileira fazer uma análise muito limitada da viagem e ater-se somente a uma profusão de críticas à nossa política externa por ter promovido a viagem presidencial àquela ilha. A mídia critica intensamente a tortura e outras violações dos direitos humanos que lá acontecem.
Concordo. Basta lembrar que a base de Guantánamo dos EUA lá está situada. Naquela repartição militar estão confinados há muitos anos centenas de prisioneiros que foram seqüestrados em várias partes do mundo sem qualquer participação ou possibilidade de defesa da justiça, nem da americana. Simplesmente para lá foram seqüestrados por suspeita de militares norte-americanos e agentes da CIA.
Dois interessantes artigos publicados nos últimos dias na internet demonstram a capciosa parcialidade pró-EUA na imprensa brasileira quando trata desses assuntos.
O 1º, logo a seguir, lí anteontem no blog "Cidadania" de Eduardo Guimarães.
A 2ª notícia foi publicada ontem no jornal Folha de São Paulo. Nela, o diretor nacional de inteligência dos EUA informa que eles utilizam (não somente em Guantánamo) normalmente a tortura de simulação de afogamento, uma das formas de suplício autorizadas pelo próprio Presidente Bush.
Vejamos essas notícias:
1ª) "Quem é "terrorista"?
(Eduardo Guimarães)
Como eu havia previsto que ela faria, a mídia corporativa conservadora de direita, alinhada automaticamente a Washington, está tentando transformar num limão a limonada da intermediação de Hugo Chávez que permitiu a libertação de reféns da guerrilha colombiana (as Farc).
Chávez, que não retrocede um milímetro em suas idéias nem que seja para faturar politicamente, abandonou o confortável silêncio em que poderia ter-se encerrado depois da vitória política que conseguiu com a libertação das reféns e pediu ao mundo que deixe de qualificar as Farc como grupos terroristas.
Prato cheio para a mídia. Logo começaram a pulular considerações de penas-pagas (em dólares?) da imprensa lembrando dos maus tratos e dos seqüestros praticados pela guerrilha colombiana dizendo que Chávez estaria defendendo "delinqüentes".
Nada a favor das Farc. Estive na Colômbia em outubro do ano passado e passei um aperto durante uma inadvertida viagem de ônibus que fiz entre Bogotá e Bucaramanga. O veículo foi parado pela guerrilha no meio do caminho para ser "inspecionado". Não sei o que os guerrilheiros buscavam, mas disseram-me - e eu acreditei - que eram estrangeiros, que "apeteceriam" à guerrilha porque podem ser usados para negociar com o governo colombiano.
Contudo, se querem considerar as Farc um grupo terrorista porque seqüestra e mantém os seqüestrados em condições "desumanas" - ainda que as cativas libertadas na semana passada não parecessem maltratadas -, por que não qualificar o governo americano de "grupo terrorista"?
Não faltam relatos de atrocidades cometidas pelos americanos ao redor do mundo. Mas são nas ações de seqüestro e tratamento desumano, de que acusam as Farc, que os americanos têm se mostrado hors-concours, sem prejuízo das ações de terrorismo, como matar centenas e centenas de milhares de mulheres e crianças no Iraque, no Afeganistão etc.
Nas fotos acima (*), pode-se ver alguns dos atos do terrorismo americano. São fotos das torturas nas masmorras de Abu Ghraib (à esquerda), no Iraque, e em Guantánamo (à direita), em Cuba. Sobre Guantánamo, vale lembrar que os penas-pagas acusaram as Farc de manterem os cativos militares em condições desumanas porque os fazem dormir acorrentados. Acredito que os prisioneiros dos americanos em Guantánamo trocariam com prazer suas jaulinhas por correntes..."
(*) fotos omitidas neste blog. Em algumas delas vêem-se prisioneiros em Guantánamo encerrados em minúsculas gaiolas de cerca 1 (um) m³
2ª) "PARA ESPIÃO-CHEFE, MÉTODO DA CIA É TORTURA
(Folha de São Paulo de 14/01/2008)
O diretor nacional de inteligência dos Estados Unidos, Mike McConnell, disse em entrevista publicada ontem pela revista "New Yorker" que consideraria tortura a prática de "waterboarding" -simulação de afogamento usada em interrogatórios pela CIA-, caso fosse usado contra ele. "Se eu tivesse água sendo derramada em meu nariz, ah, Deus, eu nem consigo imaginar como seria doloroso!", disse McConnell, que se recusou a condenar a prática pois "se for determinado que isso é tortura, haverá uma enorme punição aos envolvidos." O método é parte das "técnicas duras" autorizadas pelo presidente George W. Bush"...
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