Nas páginas amarelas da última revista Veja, de 11/01/2008, há a intrigante entrevista com o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no senado desde 2003.
Segundo a revista, o senador atingiu o "seu momento de maior popularidade. Protagonista da rebelião dos senadores que impediu a prorrogação da CPMF, ele capitalizou politicamente a pior derrota do governo Lula nos últimos cinco anos. Na quarta-feira passada, Arthur esteve em Brasília pela primeira vez desde a queda do imposto do cheque. Passou duas horas em uma churrascaria e foi cumprimentado por pelo menos vinte pessoas. O tucano está satisfeito..." Diz ele que "A batalha da CPMF injetou disposição oposicionista no partido, que promete barrar qualquer aumento de imposto, seja ele qual for."
Na entrevista, o senador, considerando o sucesso e a fama alcançados com o fim da CPMF, expressou que pretende lançar sua candidatura à Presidência da República.
Em outro trecho, o senador Arthur Virgílio diz que "o PSDB e o DEM foram injustiçados porque o padrão de oposição que se conhecia no Brasil democrático era o do PT, mais histérico do que programático, que não era bom para o país. Nós tentamos criar um padrão diferente"...
Quanto a esse novo e diferente padrão ético e não histérico que o líder do PSDB se inclui, essas palavras do senador trazem-me à memória o comportamento dele e do seu aliado deputado ACM Neto (DEM). Lembro-me de fato inusitado na história de qualquer partido no Congresso Nacional. Os dois, em plenário, esbravejaram como adolescentes briguentos que dariam uma surra no Presidente da República, na etérea hipótese de a Polícia Federal vir algum dia a investigá-los em segredo. Os senadores e deputados do PT nunca chegaram a esses formais arroubos histéricos durante o governo FHC.
Impressionante também foi o grande espaço e apoio que a grande mídia brasileira concedeu nos dias seguintes àqueles represententantes do PSDB e DEM por aquelas bravatas.
Quando assisti o triste e envergonhante espetáculo na televisão, pareceu-me que não era um comportamento ético e programático do PSDB conforme afirma o senador Arthur Virgílio. Para mim, aquilo era demonstração de profunda raiva pessoal e preconceito contra o Presidente Lula.
É muito interessante essa espécie de remorso que agora acomete o PSDB/DEM (e o aliado PPS).
Já vimos, em matéria postada neste blog há poucos dias, que esses partidos e o próprio senador Arthur Virgílio criaram, implementaram e defenderam ferozmente a CPMF e aumentos da IOF quando isso era conveniente ao governo FHC. Muitos outros impostos foram criados ou fortemente elevados durante o governo FHC/PSDB/DEM, aumentando como nenhum outro governo, anterior ou posterior, a carga tributária no Brasil.
Agora, talvez como salvação dos pecados, eles prometem que, durante o governo Lula, vão "barrar qualquer aumento de imposto, seja ele qual for"!
Será que vão barrar vigentes e novos aumentos diversos (IPTU etc) que há muitos anos vêm incidindo sobre a populaçâo de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e de outros estados governados por aqueles partidos?
A "CARGA TRIBUTÁRIA" (ou melhor: "A Arrecadação Tributária")
Sobre o atual ataque feroz dos referidos partidos da oposição, bem como da grande mídia, contra a "carga tributária" no presente governo, é oportuno vermos os índices dos últimos anos, para a correta compreensão do assunto. É útil conhecê-los, pois no governo anterior o tema não vinha a público com tal intensidade.
ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA GERAL (% do PIB) (dados da RF):
1986 - 22,39%
1987 - 20,28%
1988 - 20,01%
1989 - 22,16%
1990 - 29,91%
1991 - 24,61%
1992 - 25,38%
1993 - 25,09%
1994 - 28,61%
1995 - 28,92%
1996 - 27,29%
1997 - 27,47%
1998 - 29,33%
1999 - 31,64%
2000 - 32,84%
2001 - 33,68%
2002 - 35,84%
2003 - 35,54%
2004 - 36,80%
2005 - 37,82%
2006 - 37 ,00%
2007 - 38,20%
Esses índices significam que o governo FHC recebeu o governo com o índice 25,09% e entregou-o com 35,84%; um aumento de 42,85%. O presente governo recebeu com 35,84% e alcançou 38,20%; um aumento de apenas 6,58%. Quem é o vilão da carga tributária? A informação transmitida para o público pela grande imprensa acusa somente o governo atual.
Despreparo dos jornalistas e articulistas por não despenderem poucos minutos na internet na obtenção dos índices ou falseamento da verdade com escusos fins políticos, partidários e econômicos? Não sei.
A imprensa e o PSDB/DEM justificam aquela forte elevação no governo FHC, citando as crises do México, da Rússia e do próprio Brasil que abalaram a economia mundial. No governo de Lula as justificativas seriam a crise imobiliária norte-americana, a forte elevação dos preços do petróleo para acima de US$ 100/barril e a recessão da economia dos EUA, a locomotiva do mundo.
Portanto, é perfeitamente compreensível o remorso do PSDB/DEM e que agora eles prometam, durante o governo Lula, "barrar qualquer aumento de imposto, seja ele qual for"!
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