A NOVA CRISE DA VEZ NA IMPRENSA
Esse assunto foi intensamente publicado em todo o Brasil. É o novo escândalo da vez contra o governo na imprensa, após o enfraquecimento da "crise da febre amarela" e a do "caos aéreo".
Parlamentares da oposição, do PSDB, DEM e PPS já falam em CPI. Alguns, até, já batizaram de "CPI da Tapioca", por conta de o Ministro dos Esportes ter pago uma tapioca de R$ 8,30 com o cartão.
A Folha de São Paulo, por exemplo, destaca que "de 2006 para 2007, as despesas feitas por meio de cartões de crédito corporativos cresceu 129%, alçando à casa de impressionantes R$ 75,6 milhões." (Josias de Souza, FSP, 31/01/2008) .
O jornal "O Estado de São Paulo" de hoje, sob o título "Pacote limita a farra com cartões do governo", publica:
"O governo baixou ontem pacote para moralizar o uso de cartões corporativos por ministros e outras autoridades. Os saques em espécie ficarão restritos a 30% do limite de crédito de cada cartão e só poderão ser efetuados com autorização prévia. No ano passado, do total de R$ 78 milhões gastos com esses cartões, R$ 58 milhões foram sacados na boca do caixa. Ficará vetado, ainda, o uso de cartão para o pagamento de passagens aéreas e diárias de viagem. O aluguel de carros também não deverá mais ser quitado com cartão, a não ser em casos excepcionais. Entre agosto de 2006 e dezembro de 2007, só a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, usou o cartão para pagar R$ 175 mil em aluguel de veículos. No Planalto, a situação de Matilde é considerada insustentável e aguarda-se que ela peça demissão. Como medida complementar, servidores ficarão proibidos de pagar despesas com dinheiro ou cheque e depois apresentar nota fiscal para ressarcimento. O pacote foi anunciado 18 dias após o Estado revelar que o gasto com cartões bateu recorde no governo Lula." (págs. 1 e A4 a A9)
Comentaristas na TV em telejornais estão revoltados com o absurdo gasto público com cartão neste governo.
Na minha opinião, os jornais, as revistas e Redes TV deveriam ouvir especialistas e estudar mais os assuntos antes de insuflarem a população com dados distorcidos, errados ou, na melhor das hipóteses, tendenciosamente parciais. Senão, eles mesmos, em público, ficarão com expressão estarrecida e contrariada quando especialistas os desmentirem no auge da crise criada. Lembro da surpresa demonstrada pelo entrevistador do "Canal Livre" (TV Band), Fernando Mitre, quando dois renomados infectologistas informaram que, durante o governo do PSDB/DEM/FHC, em 2000 e 2001, os casos de mortes por febre amarela eram em quantidades até seis vezes maiores do que nessa atual "crise"...
Os cartões corporativos foram criados pelo governo tucano de FHC, em 2001. A Controladoria Geral da União continua desde então aperfeiçoando o controle e a transparência dos gastos com esses cartões.
Os parlamentares da oposição e a imprensa, que agora estão revoltados com o problema, poderiam refletir sobre dados mais completos.
Há exceções. A própria Folha de São Paulo, no citado blog de Josias de Souza, mesmo no bojo de texto típico de oposição, contudo ontem publicou:
"CGU diz que gestão FHC gastava mais com cartões
"....... os cartões não são portados apenas por ministros de Estado. Há na administração pública 7.145 funcionários autorizados a utilizar cartões. Alguns deles manuseiam mais de um cartão. O número total de cartões é de 13.567......."Enquanto em 2001 e 2002 os gastos do governo federal com suprimento de fundos foram de R$ 213,6 milhões e R$ 233,2 milhões respectivamente, a partir de 2003 esse tipo de gasto foi significativamente reduzido, mantendo-se, nos últimos cinco anos, a média anual de R$ 143,5 milhões”.
Vê-se que os "impressionantes R$ 75,6 milhões do governo Lula em 2007" estão muito menores que os R$ 233,2 milhões de FHC em 2002....
O documento da CGU traz o total das despesas realizadas na gestão Lula ano a ano:
Em 2003, a conta de suprimento de fundos foi de R$ 145,1 milhões; em 2004, R$ 145,9 milhões; em 2005, R$ 125,4 milhões; em 2006, R$ 127,1 milhões; e em 2007, R$ 176,9 milhões.
A despeito do aumento verificado no ano passado, a CGU enfatizou que "as despesas estão “muito longe dos gastos registrados em 2001 e 2002, últimos anos da gestão FHC".
Na época do governo tucano, aquilo não era notícia, mesmo sendo os gastos mais do que o triplo dos "impressionantes R$ 75,6 milhões do governo Lula em 2007"...
A propósito, sobre o tema transparência de gastos com o dinheiro público, seria oportuno e conveniente a imprensa e os parlamentares identificarem como colocarão, como já deveriam ter feito, à disposição do público os seus gastos com despesas indenizatórias.
Por parlamentar, essas despesas alcançam a impressionante ordem de grandeza de R$ 240 mil por ano! Somados, os mais de 500 parlamentares gastam sem visibilidade do cidadão e da imprensa quantia superior a R$ 120 milhões por ano somente nessa relativamente "pequena" parcela dos seus enormes ganhos mensais!
Seria demais (mas vale a imprensa tentar) esperar-se que o Congresso institua um autocontrole com transparência tal que permita à população saber se o deputado X ou senador Y gastou R$ 8,30 com tapioca...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Melhor seria reconhecer o problema, ao invés de comparar com o governo anterior para, assim, justificar a situação presente.
Postar um comentário